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Eleições 2000 Política é o fim!  

Fonte: Conversa afiada

A grande maioria dos jovens recusa-se a exercer um de seus mais básicos direitos de cidadão: votar. Dados do TSE vêm registrando queda acentuada no voto facultativo.

Os números não negam: é tremenda a descrença dos jovens brasileiros nos políticos, no processo eleitoral e no quadro político-partidário. O índice de des- confiança nas legendas chega a 81%, aponta a pesquisa Juventude, Cultura e Cidadania, da Fundação Perseu Abramo. E, segundo o Dossiê MTV, 85% dos jo-vens não têm nenhuma intenção de participar/ingressar em partidos políticos.

Associada ao sentimento de impotência diante de um cenário onde multiplicam-se denúncias de corrupção e exemplos de impunidade, essa descrença vem se refletindo em um crescente desinteresse, por parte dos adolescentes de 16 e 17 anos, de fazerem uso do direito ao volto facultativo, adquirido através da Constituinte de 1988.

No pleito de 89, 50% desses adolescentes decidiram requerer o título eleitoral. Já nas eleições presidenciais de 98, o documento estava nas mãos de apenas 27,5% deles.

Ladeira abaixo

O número de jovens com 16 e 17 anos que buscam seus títulos vem oscilando a cada eleição. Mas a tendência geral é de queda.Veja os dados do TSE, em milhões de jovens:

1989

3,3 milhões
1990 – 2,82 milhões
1992 – 3,22 milhões
1994 – 2,13 milhões
1996 – 2,37 milhões
1998 – 1,8 milhões

Os jovens apontam saídas

O que ajudaria a votar melhor…

Ter mais informação sobre os políticos, sua história, o que fizeram de bom e de ruim – 33%
Discutir, conversar sobre suas dúvidas com alguém que entenda, trocar informação, pensar a respeito – 23%
Ter mais informação sobre os partidos políticos, o que defendem, o que pretendem fazer, o que significam as siglas – 20%

Onde seria mais legal aprender sobre política…

Escola (através de debates entre políticos e alunos e de aulas ou palestras sobre política) – 49%
Televisão (através de debates entre políticos e adolescentes e de debates entre políticos) – 24%
Jornais (através de debates e reportagens completas) – 16%

Fonte: Pesquisa Educação, Cidadania e Ética (CPM Market Research)

Os grandes desafios da mídia no ano eleitoral

Oferecer aos jovens uma percepção ampliada das complexidades do jogo democrático, procurando assim estimulá-lo a participar conscientemente do pleito de 1º de outubro

Deixar claro que o voto não é a única forma de influenciar os rumos de nossa sociedade. Projetos e ações de impacto, envolvendo diretamente a participação dos jovens, estão nascendo e se firmando em todo o país. Participar dessas iniciativas é um caminho bem mais criativo do que simplesmente negar-se ao exercício do voto como forma de protesto.

Se você tem entre 15 e 17 anos e quer seu título de eleitor…

Esteja atento à data limite para requerer o título: 3 de maio
Só tem direito ao título quem completa 16 anos até 1º de outubro
Procure o cartório eleitoral mais próximo
Leve a carteira de identidade ou a certidão de nascimento
Não é necessária a autorização dos pais
Não é necessário levar fotografia
Adolescentes analfabetos devem seguir os mesmos procedimentos

É importante saber

Entre 16 e 17 anos, o voto é facultativo. Mesmo quem tem o título não é obrigado a comparecer às urnas no dia da eleição.

Quem tem 18 anos e estiver viajando na data da eleição deve justificar a ausência através de formulário encontrado nas agências dos Correios.

Quem tem 18 anos ou mais e não votar ou justificar a ausência fica sujeito às seguintes sanções: não pode matricular-se em universidades federais, tirar passaporte, contrair empréstimos em bancos federais ou assumir o cargo caso seja aprovado em concurso público.

Para acertar sua situação, o jovem deve procurar o TRE e pagar multa de R$ 3,00 por cada turno de eleição.

Antes de completar 18 anos, o jovem deve obrigatoriamente requerer seu título, independente de ser ou não um ano eleitoral. Caso não o faça, estará sujeito às mesmas sanções descritas acima.

Além de permitir o exercício do voto, o título de eleitor é documento obrigatório para quem requer o CPF. E sem CPF você não consegue emprego ou estágio, por exemplo.

Na ponta da língua
Eles estão prontos a falar sobre o assunto

O jovem é revolucionário

Hermes Zannetti foi o responsável pelo projeto do voto facultativo aos 16 e é hoje diretor do Instituto Teotônio Vilela. Em maio, ele lança o livro Revolução ou Violência, onde são analisados os dados de extensa pesquisa realizada com 2.086 jovens das cinco regiões do País. Veja o que ele tem a dizer sobre a questão:

"Os jovens têm uma atitude revolucionária mais acentuada do que os adultos. Hoje a maioria entende o conceito de revolução não como uma tomada brusca do poder, mas como um processo permanente de mudança. Não é verdade que sejam apáticos. Muitos deles apontam que a violência não é resultado da miséria, mas sim das diferenças sociais, manifestando o desejo de construir uma sociedade mais igualitária. Fica evidente, também, que guardam uma visão negativa da sociedade como um todo – e mais acentuada ainda do governo.

Então, se por um lado percebem a democracia como um grande instrumento de participação social, por outro rejeitam profundamente as atuais instituições políticas. Por isso, acredito que iniciativas de protagonismo, onde os adultos procuram apoiar a mobilização dos jovens, são o caminho para que este anseio revolucionário se expresse."

Hermes Zanetti – Mestre em Ciências Políticas
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Neoliberalismo fere o Estado

"O descrédito dos jovens quanto ao voto é resultado do neoliberalismo, que causou uma diminuição da intervenção do Estado em questões que regulam a cidadania, como educação, saúde e proteção aos mais fracos. A tendência é de que o mercado influencie cada vez mais – e o Estado, menos. Isso causa a sensação de que a mudança de políticos não muda a sociedade.

Outro fator é o bombardeamento, por parte da mídia, de exemplos negativos da política. Os bons exemplos praticamente não aparecem, o que desanima principalmente o jovem, que possui menor acesso à informação. Fica a visão estereotipada do político como um oportunista, um mesquinho. É importante que o adolescente perceba que os bons políticos também existem e o Estado representa o resultado do esforço do cidadão."

Mário Volpi – Oficial de Projetos do Unicef
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Política não é politicagem

"Os jovens vêm se distanciando da política porque a confundem com os políticos ou com aquilo que alguns chamam de "politicagem". Se os eleitores escolhem mal ou preferem se omitir, então os políticos certamente não terão as qualidades e o comportamento que idealmente se esperaria deles. Já a ‘politicagem’ é uma forma de expressão da pequenez do jogo de interesses humanos e pode ocorrer em qualquer situação, inclusive fora das instituições políticas.

Na realidade, a política é o conjunto de procedimentos e de instituições por meio dos quais é possível solucionar pacificamente conflitos que envolvem interesses coletivos. Todos que defendem o benefício coletivo frente aos interesses particulares devem refletir cuidadosamente sobre o significado da política. E participar, pois só assim poderão utilizá-la como instrumento na construção de um mundo melhor."

Maria das Graças Rua – professora da UnB
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Esses depoimentos podem ser reproduzidos integralmente.

Sugestões de pauta

1 O Tribunal Superior Eleitoral – TSE possui dados relativos à quantidade de jovens de 16 e 17 anos que buscaram títulos de eleitor em cada um dos pleitos, de 1989 em diante. Os números estão disponíveis por região e por estado na home page www.tse.gov.br. Os fones da Assessoria de Comunicação são: (61) 316-3350 ou 3351.

Os números de seu estado também seguem a tendência nacional de queda? O que têm a dizer os políticos sobre este quadro?

2 Nas próximas eleições, serão escolhidos vereadores e prefeitos em todos os municípios brasileiros. Apesar do número de jovens haver alcançado recorde histórico no País, raramente os partidos definem projetos específicos para a área da juventude. As próprias campanhas eleitorais dificilmente procuram ter o jovem como alvo.

Existem propostas claras de políticas públicas para a juventude por parte dos possíveis candidatos à câmara e/ou à prefeitura de sua cidade? Como eles se posicionam diante do eleitor jovem e das questões de interesse deste segmento da população?

3 Pesquisas mostram que os jovens gostariam de obter maiores informações sobre o processo eleitoral e sobre o contexto político como um todo.

Que tal explicar para os leitores os papéis dos poderes legislativo e executivo, detalhando também as diferentes atribuições dos vários cargos eletivos (municipais, estaduais e federais)?

4 Ações de Protagonismo Juvenil e de Voluntariado vêm se multiplicando em todo o País. Através delas, os jovens estão encontrando possibilidades concretas de expressar sua força criativa, contribuindo para a melhoria das condições de sua comunidade e/ou cidade. Mesmo desencantado com o processo eleitoral, o jovem pode exercer sua cidadania.

O professor Antônio Carlos Gomes da Costa, maior autoridade brasileira na área do protagonismo, está lançando em maio o livro Protagonismo Juvenil – Adolescência, Educação e Participação Democrática (edição Fundação Odebrecht). O que ele tem a dizer sobre estas questões?
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