Tratamento Fora de Domicílio garante atendimento em outros estados

Aos 29 nove anos, o estudante Maxwell Mota da Cruz tem muito o que comemorar. Há seis anos, ele foi diagnosticado como portador de um tipo raro de anemia falciforme. Por ser tratar de um tipo específico, ele só encontrou atendimento especializado em Recife, no estado de Pernambuco. Por isso, em 2008, a mãe de Maxwell, Maria José Mota Santos, buscou o serviço de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), ofertado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) através do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Ele estava andando de muleta, tínhamos que segurá-lo muitas vezes para ele não cair. Após a cirurgia que ele realizou houve uma melhora muito grande. O TFD, além das passagens, garante a hospedagem, alimentação e a ajuda de custo”, afirmou a mãe do rapaz.

Maxwell se diz feliz e conta que está vivendo normalmente. “Eu estava perdendo a autoestima e, depois desse tratamento, melhorei muito e voltei até a estudar. No início, em 2008, eu viajava duas vezes por ano para fazer o tratamento e agora estou indo apenas uma vez. Estou contente, pois estou levando uma vida normal agora”, disse.

TFD em números

De janeiro a junho deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde beneficiou 11.190 pacientes através do Tratamento Fora de Domicílio (TFD). O valor total gasto com o custeio para os pacientes soma R$ 3.391.486,21 neste ano. O número de pacientes que realizou algum tipo de transplante através do TFD vem aumentando neste ano. Em janeiro foram 17 pacientes, já em agosto o número foi de 47. No total, 224 já realizaram transplantes pelo Tratamento Fora do Domicílio em 2012.

A Secretaria de Estado da Saúde informa ainda que em janeiro deste ano, foram realizados dois transplantes de rim e mais seis órgãos foram enviados para serem transplantados em outros estados. Em relação aos transplantes de córnea foram realizados 134 procedimentos. A fila hoje é de 64 pacientes em espera, com previsão de ser zerada até o final deste ano. 

Executado através da parceria entre União, Estado e municípios, o TFD foi instituído em 1999, pela Portaria nº. 55, do Ministério da Saúde. O programa assegura ao usuário do SUS atendimento médico-hospitalar em unidades de saúde de outras localidades que não o município ou estado de origem do paciente, desde que haja possibilidade de cura total ou parcial.

De acordo com o diretor de Gestão de Sistemas da SES, Hélio Farias, atualmente o TFD contempla pacientes que são atendidos em 18 tipos de especialidades.

“No primeiro semestre deste ano, já foram realizados 900 tipos de tratamentos em nove estados da federação. A partir do momento em que o paciente procura o TFD, o setor faz a análise do caso e rapidamente encaminha para o local onde ele pode realizar esse tratamento”, informou.

Regulação

A médica do setor de regulação do TFD, Lilian Brito conta no momento em que o paciente procura o serviço, é consultada a Central Nacional de Regulação, onde são verificadas as unidades que disponibilizam o tipo de tratamento necessário ao usuário do SUS.

“Nós somos uma porta de entrada aberta e os pacientes que necessitam de uma cirurgia e tratamento que não são oferecidos pelo SUS aqui em Sergipe, mas em outros estados, podem procurar o TFD. Marcamos tudo via sistema e, por isso, é possível fazer essa regulação”, disse.

A mãe da pequena Brenda Cardoso Ben se emociona ao falar da filha. Karina Cardoso revela que com um mês de nascida, a filha foi diagnosticada com duas doenças raras: a gastroenterite eosinofílica e alergia alimentar múltipla e foi através da regulação do serviço da SES que encontrou tratamento.

“Nós não encontrávamos um local específico para tratar das duas doenças. Por elas serem de um tipo raro, procuramos o TFD e eu encontrei tratamento no Hospital das Clínicas em São Paulo. Minha filha, hoje com seis anos, ainda está em tratamento e se não fosse o programa, ela não estaria viva”, revela Karina, que contou ainda que a filha recebe um tipo de leite especial ofertado pelo Centro de Assistência à Saúde (Case)