Rosária Rabelo: “Mulher brasileira teme mais a violência doméstica do que o câncer de mama”
A secretária Rosária Rabêlo, da Semasc, destaca importantes dados referentes à violência e os avanços conquistados pelo público feminino ao longo dos anos. “As mulheres ganharam respeito, cidadania e voz. Representam 42% da força de trabalho, é responsável por 2/3 das atividades universitárias, 24% do mercado executivo e 13% do Congresso Nacional. Um avanço incontestável. Entretanto, temos desafios a serem superados, sendo um dos mais cruéis, entre outros, a violência contra a mulher”, comenta a secretária.
Confira abaixo, na íntegra, o discurso pronunciado pela secretária Rosária Rabelo durante a solenidade de inauguração do Centro de Referência Especializado para atendimento a mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência.
“Senhoras e Senhores:
No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, não é por acaso que a Prefeitura de Aracaju entrega à cidade um espaço de proteção social onde as mulheres possam encontrar acolhimento quando vitimas de violência.
As vitórias obtidas pelas mulheres nos últimos 40 anos são fabulosas. O mercado de trabalho já é partilhado quase de igual para igual com os homens. Também ganharam respeito, cidadania e voz. Representam 42% da força de trabalho, é responsável por 2/3 das atividades universitárias, 24% do mercado executivo e 13% do Congresso Nacional. Um avanço incontestável. Entretanto, temos desafios a ser superados, sendo um dos mais cruéis, entre outros, a violência contra a mulher.
Os dados de violência contra a mulher são indicadores da opressão que a mulher enfrenta na sociedade atual, apesar do seu avanço no espaço público. Pesquisas demonstram que cerca de, no mínimo, 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano no Brasil; 175 mil ao mês; 5,8 mil ao dia; 243 por hora ou 4 por minuto – uma a cada 15 segundos. E esses dados podem ser bem maiores, uma vez que muitos dos casos não são levados às autoridades públicas e não constam das estatísticas. Não é à toa que, segundo pesquisa do IBOPE, a mulher brasileira teme mais a violência doméstica do que o câncer de mama.
Esta violência manifesta-se de diversas formas, desde a discriminação no trabalho, na esfera pública, passando pelos preconceitos que tratam as mulheres como seres inferiores, até a dominação simbólica e psicológica, que age sobre o psiquismo das mulheres, minando sua auto-estima e autonomia, enquanto sujeito. A violência física é a expressão extrema das contradições de gênero, que revela a profundidade do problema. E é no âmbito doméstico que esta violência se expressa com maior dureza, praticada por pessoas com quem as mulheres mantêm uma relação afetiva, principalmente maridos e ex-companheiros. Nas responsabilidades específicas que a sociedade impõe à mulher, em relação à maternidade e sua função social, há uma nova realidade. No Brasil de hoje 1/3 das famílias são chefiadas por mulheres, mudando o contexto onde só os homens eram vistos como provedores dos lares. Existe, no entanto, um número significativo de jovens chefes de família, mães solteiras, concentradas principalmente nos bairros periféricos das grandes cidades.
Atualmente, mais de 80% da população vive nas áreas urbanas do país e as mulheres também são maioria nestes espaços, porém constatar a presença das mulheres na cidade não significa assumir a preocupação de pensar este espaço também na construção de direitos e relações mais igualitárias entre mulheres e homens. Tem sido a clareza destas questões que fez com que, em 2003, a Prefeitura de Aracaju implantasse a Casa Abrigo Núbia Marques em parceria com a União Brasileira de Mulheres, espaço necessário ao abrigamento de mulheres e seus filhos que precisam de proteção do Poder Público para superar a condição de violência submetida. Somente no ano de 2006, 130 mulheres receberam atendimentos, sendo 48 crianças, 37 adolescentes e 45 adultas, todas vitimas de maus tratos, espancamento, abuso sexual… entre outros tipos de violência.
Portanto, o Centro Especializado da Assistência Social, que neste momento implantamos, funcionará como a porta de entrada para atender as quentões de vida das mulheres, pois a violência contra a mulher não pode ser vista apenas como uma questão de segurança pública e de saúde pública, mas, acima de tudo, como uma questão de direitos humanos das mulheres. Esta pequena obra física, mas valiosa obra humanitária, reafirma o compromisso da administração municipal, do Prefeito Edvaldo Nogueira, em cuidar da cidade com um olhar para o cidadão e a cidadã que aqui vive, trabalha, participa, ama e colabora para continuarmos construindo o sonho por uma sociedade de igualdade”.
Estatística:
2006 – Número de atendimento:
45 mulheres
47 crianças
30 famílias
2007 – Número de atendimentos em janeiro:
11 mulheres
9 famílias
15 crianças
2007 – Número de atendimentos em fevereiro: 8 mulheres
4 famílias
9 crianças[/vc_column_text][/vc_column]
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