[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]Um mito popular diz que o nome `Olinda´ teve origem numa suposta exclamação do donatário português Duarte Coelho ao avistar de seu navio a terra onde chegava: “Oh linda situação para se construir uma vila!”. Foi essa cidade, de encantadoras belezas naturais e que é conhecida mundialmente como ‘terra do frevo’, que se transformou no último fim de semana em terra da cantoria de viola, da embolada, dos repentes, dos recitais de poesia matuta, das exposições de artesanato e da literatura de cordel, com a realização da I Feira Nacional de Poesia Popular (Fenapop).

E foi para lá que seguiu o ônibus que transporta os 29 músicos `arretados´ e animados que formam a Orquestra Sanfônica de Aracaju, rumo ao segundo show fora de Sergipe para tão bem representar o Estado e a capital.

A Orquestra foi uma das mais esperadas atrações da feira, que teve início na última sexta-feira e acabou ontem, domingo. A entrada foi franca e o evento proporcionou a mistura de várias raças, cores, crenças, alegrias e dores que vieram de todos os cantos da região nordeste, de outras regiões do país e de outros lugares do mundo.

Vitrine para a arte popular na capital cultural

“Ao som dos clarins de Momo / Olinda eu quero exaltar / O teu Carnaval / De beleza pura / Primeira Capital / Brasileira da Cultura / Olinda estrela / De toda a magia / Do Homem da Meia-Noite / Da Mulher do Dia / Olinda / Olinda mandou me chamar / Pra folia que sobe / E desce ladeira / No céu da Ribeira / Por cima do mar / Pra folia que sobe / E desce ladeira / Vou na carreira / O bloco vai passar”.

Vozes declamando versos como esses da música do frevo “Olinda Capital da Cultura”, de J. Michiles, podiam ser vistos e ouvidos por todos os cantos da Fenapop, que aconteceu no belo espaço chamado Parque do Carmo, no Sítio Histórico, e teve a realização da Pentagrama Produções, com apoio da Petrobras, do Governo do Estado, da Prefeitura de Olinda e da Rede Globo Nordeste.

Na Fenapop, apresentações de emboladas, repentes e poesias feitas por homens, mulheres e até crianças nordestinas de vários estados da região aconteceram. Marcaram presença nomes consagrados como Rivani, a cangaceira do cordel, e duplas de repentistas como Zé Cardoso & Raulino Silva, Ivanildo Vila Nova & Sebastião da Silva, além de Geraldo Amâncio & Moacir Laurentino. Em meio a tantos veteranos, uma garotinha de 8 anos de idade, Vassula, surpreendeu e tirou risos do grande público presente com seu talento precoce para a declamação de versos.

Além disso, acontecia no local uma feira de artesanatos, que oferecia aos visitantes bolsas, bijuterias e também alguns CDs, DVDs, livros, cordéis, dentre outros, dos artistas que se apresentaram lá e de outros artistas nordestinos. Um espaço onde as pessoas puderam interagir com os artistas, conversando e conhecendo melhor quem faz e preserva a tão rica cultura do nordeste.

Olinda (PE) foi escolhida para receber a Fenapop por ter abrigado nos anos 70 um dos maiores festivais do Nordeste, o Torneio de Olinda, que foi palco de manifestações contrárias ao regime militar. A cidade é um dos mais importantes centros culturais do Brasil.

Declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade por reviver o esplendor do passado todos os anos durante o carnaval, ao som do frevo, do maracatu e outros ritmos irresistíveis originais de Pernambuco, a cidade reafirmou recentemente sua importância ao ser eleita a 1ª Capital Brasileira da Cultura para o ano de 2006.

Sanfonas que tocam corações

A noite de sábado na Fenapop reuniu uma atração diferente das demais que se apresentaram, mas também tipicamente nordestina e que tocou os corações de todos os presentes: a Orquestra Sanfônica de Aracaju. O show do grupo foi destaque e aconteceu ao som de animados gritos entre uma música e outra, como ‘Viva aos sanfoneiros de Aracaju” e “Toquem mais uma”.

O repertório popular e tipicamente nordestino agradou com canções conhecidas como ´Asa Branca´ e ´Feira de Mangaio´, e surpreendeu o público ao agregar ritmos como o tango argentino, bossa nova e como não poderia deixar de ser na terra do mais autêntico frevo, alguns clássicos de marchinhas de carnaval.

A harmonia e a sonoridade promovidas pela interação de 25 sanfoneiros, três percussionistas e um baixista deixou as pessoas que estavam no parque emocionadas. Parque, aliás, que é um local que inspira a qualquer artista que vá se apresentar nele: todo arborizado, gramado e com uma bela igreja antiga no alto de um morro que se localizava exatamente atrás do palco principal.

O som sempre de perfeita interação entre os acordes das sanfonas mágicas da Orquestra tocaram fundo no coração de figuras como a jovem artista popular Vassula, que horas antes tinha feito o público gargalhar com suas declamações e fez questão de ficar no local e assistir o show da Orquestra. “Estou achando a apresentação linda. O som de todas essas sanfonas juntas e em sintonia me enchem de orgulho de ser nordestina. Aracaju está de parabéns”, disse a menina enquanto dançava com os pais e irmãos.

Como é de praxe durante as apresentações, a presença de Robertinho na Orquestra foi uma atração à parte e o sanfoneiro, que é sinônimo de alegria, desceu e junto ao público presente sentiu de perto o calor das pessoas ao tocar e dançar ao lado delas. A festa se transformou numa mistura de arraial com carnaval que, no fim, era nada mais nada menos que a alegria desse povo cheio de garra que é o nordestino.

Conquistando todos os cantos do país

A Orquestra Sanfônica de Aracaju vem ganhando destaque no cenário musical local e nacional por valorizar o forró como elemento expressivo da cultura nordestina. No final de outubro, o grupo estreou sua primeira turnê no Rio de Janeiro, com apresentações durante a 35ª Exposição de Turismo e Congresso Brasileiro de Agências de Viagens – Feira das Américas (ABAV) – 2007, no Riocentro.

Além disso, numa única apresentação na Feira de São Cristóvão, espaço que há 62 anos reúne diversas manifestações da cultura nordestina no Rio de Janeiro, os músicos se sentiram tocando em casa e fizeram com que muitos nordestinos que ali vivem pudessem aliviar a saudade de seus corações.

A apresentação em Olinda e a aceitação do público presente na Fenapop reforçam uma realidade: os sanfoneiros que formam a Orquestra, lançada na abertura dos festejos juninos da cidade de Aracaju – Forró Caju 2007 – e mantida pela Prefeitura, por intermédio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes (Funcaju), vieram para ficar e construir uma carreira sólida. Os organizadores da feira de Olinda já fizeram questão de afirmar durante o evento que a Orquestra está convidada para participar novamente do evento no ano que vem.

Uma iniciativa que ao mesmo tempo valoriza o forró como elemento expressivo da identidade cultural aracajuana e, também, amplia a visibilidade dos sanfoneiros no mercado musical, à medida que valoriza o trabalho dos músicos, não só durante os festejos juninos, mas ao longo do ano, uma amostra permanente da cultura popular sergipana e nordestina através da música. “Para nós é um prazer ser um sonho realizado do prefeito Edvaldo Nogueira e representar nosso estado em todos os lugares. Nos sentimos honrados e emocionados”, diz o regente da Orquestra, Emanuel Jorge, ao apresentar seus sanfoneiros nos shows.

Emocionados e felizes, os músicos comemoraram na viagem de volta a Aracaju mais um lindo show e que faz com que eles acreditem ainda mais nos sonhos de sucesso e vitória que tinham desde que começaram a tirar som de suas sanfonas. “Para onde será nossa última viagem com a Orquestra até que cheguemos a Portugal? Porque nós ainda vamos tocar em Portugal. Ou você acha que eu perdi a esperança de tocar na terra dos meus avós?”, repetia emocionado o grande sanfoneiro Zé Américo do Campo do Brito, confiante no lindo trabalho que vem realizando junto com os outros músicos.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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