[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]As mãos calejadas que manusearam instrumentos cortantes, à base de ferro, (utilizados para cavar lixo) e sacos de plástico carregados de elementos como alumínios e papelões, hoje adornam as praças e canteiros da capital. Essa é a nova realidade vivenciada por 130 ex-catadores da lixeira do bairro Santa Maria, a partir da desocupação efetuada pela Prefeitura de Aracaju, dia 1o de julho.
Após um treinamento intensivo, por meio do qual foram capacitadas para executar serviços de jardinagem, pessoas como Sérgio Santos, 23 anos, catador de lixo desde os 8, comemoram a conquista do primeiro emprego. “Minha vida já começou a mudar, graças a Deus. Estou muito feliz porque, com esse emprego, passei de uma fase ruim para uma bem melhor”, disse, emocionado, enquanto trabalhava na jardinagem numa das praças do bairro Jardim Esperança, zona Sul da cidade.
Tendo camadas de lixo como cenário para o trabalho precoce e as brincadeiras infanto-juvenis, ele conta que passou os últimos 15 anos de sua vida correndo riscos para executar serviços que ajudavam a garantir o sustento familiar. “Comecei a trabalhar para ajudar minha mãe e meus irmãos. O trabalho era muito arriscado, não tinha segurança nenhuma”, afirmou. Sérgio lembra do tempo em que dormia no chão forrado com papelão, próximo à lixeira e ao material de trabalho. “Deixava o material perto e, no dia seguinte, muitas vezes ele tinha sido roubado. Sempre havia confusão, mas nunca gostei de briga”, garante o jovem que, quando criança, sofreu acidentes em decorrência do trabalho arriscado.
Do passado difícil e sofrido, Sérgio guarda as lembranças que contou, mas logo abre no rosto o sorriso de quem vivencia um presente melhor e reserva novas perspectivas para o futuro. “Agradeço muito a Deus por essa fase. Agora posso dar uma vida melhor a minha mulher, grávida de três meses, e ao meu filho que vai chegar”, disse. “Como iria sobreviver se não fosse esse emprego?”, questiona.

Inclusão Social e Resgate da auto-estima

Com 52 anos, 15 desses submetidos ao trabalho na lixeira, dona Judite Matias Santos, mãe de cinco filhos, é uma prova evidente de que a nova ocupação profissional dos ex-catadores resgata a motivação e a auto-estima. “Agora tenho outro meio de vida, antes as pessoas nem olhavam para mim. Porque eu vivia no meio do lixo ninguém me dava valor. Agora sinto que as pessoas me olham com outro olhar”, afirma, com a cabeça erguida de quem se sente valorizada e aceita. “Hoje meu serviço não é mais dia e noite no meio do lixo, porque trabalho na sociedade”, completou sorridente.
Assim como dona Judite, os ex-catadores, hoje profissionais que integram o quadro da Emsurb – Empresa Municipal de Serviços Urbanos -, têm direito a salário, cesta básica de alimentos e vales-transporte, além de fardamento e equipamentos de proteção individual. Esses direitos adquiridos garantem a satisfação do presente e a esperança em um amanhã seguro. “Estou muito feliz com esse emprego. Pretendo continuar trabalhando e daqui a 10, 15 anos me aposentar”, conclui.
Enquanto ajuda a limpar a avenida Universo, no Jardim Esperança, dona Josefa Alves de Matos, 46, lembra da fase em que os alimentos descarregados na lixeira garantiam o suprimento de suas necessidades. “Costumava pegar comida que vinha dos mercados. Levava biscoito, jabá e salame, porque às vezes eu não tinha nada em casa para comer”, lembra. Com o marido desempregado e a responsabilidade de criar o neto, de 3 anos, a ex-catadora encontrou na nova ocupação a possibilidade de manter a subsistência do lar. “Estou contente por estar trabalhando aqui. Espero em Deus continuar fazendo meu serviço correto, com honestidade e passar aqui o tempo que for possível e assim sustentar minha família”, finaliza.
A iniciativa da Prefeitura de Aracaju, por meio da Emsurb, possibilita nova condição de emprego e renda, além de motivar a auto-estima e gerar a inclusão social de pessoas que viviam e trabalhavam no lixo.
A ação da administração municipal contribui também para o resgate da cidadania em sua forma mais ampla e plena, motivando a inserção de indivíduos carentes e discriminados em um contexto social mais igualitário. “A iniciativa da prefeitura beneficia essas pessoas carentes e ajuda a suavizar a vida sofrida de quem viveu muito tempo discriminado”, opina a dona de casa Nadja Cardoso, enquanto admira o trabalho executado pelos ex-catadores na praça do Jardim Esperança.
O resultado dos serviços de jardinagem efetuados pelos ex-catadores pode ser comprovado ainda nas praças de conjuntos como Augusto Franco, Orlando Dantas, Santa Tereza, Médice e Bugio.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Comments are closed.