[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]Uma comissão de seis norte-americanos está no Brasil para discutir questões sindicais que envolvem os dois países. O líder da equipe é Stanley Gacek, diretor de relações internacionais da American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations (AFL-CIO), entidade que representa 13 milhões de trabalhadores reunidos em 64 entidades nacionais ou internacionais.

Depois de participar de uma reunião com o prefeito Marcelo Déda e sua equipe ontem, dia 28, e de conhecer a estrutura administrativa brasileira, os processos que levaram a esquerda a assumir o poder em vários níveis no Brasil, inclusive o federal e visitar obras da prefeitura por toda a cidade, a delegação participou hoje, dia 29, de um debate com sindicalistas de diversas categorias em Aracaju.

Na oportunidade eles discutiram a situação de imigrantes brasileiros nos EUA e reafirmaram posições contrárias ao governo do presidente americano George W. Bush. Na entrevista que segue, Stanley Gacek fala sobre as intenções da visita e sobre o que precisa ser feito para garantir a consolidação de pactos de solidariedade entre trabalhadores brasileiros e americanos.

Agência Aracaju de Notícias (AAN) – Quais os objetivos centrais da visita da delegação ao Brasil?

Stanley Gacek – Queremos fortalecer a solidariedade intermunicipal entre Brasil e Estados Unidos, mas também debater questões relativas ao comércio internacional, especialmente a Alca, para reafirmar a nossa oposição contra o modelo predominante neste momento e contra a política americana de imigração. Viemos expressar nossas divergências com o governo Bush quanto a essas questões. As estatísticas oficiais de apenas 6% de desempregados não são reais porque ignoram outros nove milhões de excluídos.

AAN – Qual a posição da AFL-CIO no que diz respeito aos modos como estão sendo conduzidas as negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas)?

Stanley – Somos inteiramente contra a proposta do governo americano, esse modelo neoliberal que seria apenas uma expansão, uma aplicação de um modelo que já se revelou desastroso com o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), que não cumpriu sua promessas em relação aos trabalhadores do Canadá, México e Estados Unidos. Isso não significa dizer que não há uma forma de integração possível, mas sem dúvida o que está pautado até agora é absolutamente inaceitável para nós. O anúncio da liberação dos vistos temporários para imigrantes é apenas uma tentativa de Bush para ganhar votos. Mas se houver outro mandato de Bush, e eu espero que não haja, precisamos estar prontos com bases fortes para lutarmos pelos direitos dos trabalhadores.

AAN – E quais as propostas da AFL-CIO neste sentido?

Stanley Temos que encontrar formas de criar emendas. Os receios que o Brasil tem, mesmo co-presidiando essas negociações, são compartilhados por nós. Eu acho que a Alca nos termos atuais não tem chance de ser negociada e aprovada antes de 2005 e mesmo a Alca Light de que já se fala depende de uma série de detalhes que precisam ser esclarecidos para não prejudicar os trabalhadores. Precisamos discutir a privatização de serviços, a intenção de derrubar organizações sociais, o modo como serão conduzidas as compras governamentais. Estes são pontos essenciais para uma Alca bem diferente da que o Bush está propondo agora.

AAN – Que idéias a organização que o senhor representa tem para ampliar essa colaboração entre americanos e brasileiros?

Stanley – Nós gostaríamos de colaborar com nossos parceiros do Brasil como os movimentos sindicais, da sociedade civil organizada e indivíduos que têm laços fortes com suas comunidades nos EUA para que haja mais amparo e respeito aos direitos trabalhistas dos nossos brasileiros que estão trabalhando e morando nos Estados Unidos. Precisamos estimular a construção de projetos sociais mais fortes no Brasil e organizar os brasileiros nos EUA para que eles possam ter mecanismos eficientes de reivindicação de seus direitos e não fiquem à mercê dos patrões. Além disso, o fortalecimento de ações sociais no país pode diminuir a necessidade de imigração porque sabemos que as pessoas não saem de seus países apenas por vontade, mas por motivos econômicos e em busca de dias melhores, o que nem sempre tem acontecido.

AAN – E que avaliação a AFL-CIO faz da invasão dos EUA ao Iraque?

Stanley – Antes dessa invasão já tínhamos nos posicionado contra qualquer iniciativa que fosse de encontro às decisões da comunidade internacional. Precisávamos ter provas de que a ameaça aos EUA era real e agora estamos vendo que não havia. O próprio inspetor geral dos EUA já admitiu publicamente que não havia comprovação de ameaça verdadeira. E essa guerra contra os imigrantes sob o pretexto de manter a segurança nacional não procede. Por acaso exigir vistos de brasileiros e não de europeus garante a segurança? Fechar as portas para brasileiros que querem vistos de visitantes tem a ver com segurança? Temos todas as dúvidas em relação a isso.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]

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