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Mais de 30 anos após aderir à causa dos índios xocós, o governador Marcelo Déda teve a oportunidade de lhes devolver o maior símbolo de sua religiosidade. Na manhã deste sábado, 26, assim que chegou ao povoado Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha, o chefe do executivo estadual foi recebido com festa pela comunidade local. Com seus cocares bem postados e rostos devidamente pintados, aos cânticos e gritos que lhes são peculiares, os índios receberam o governador à beira da ‘perna’ do rio São Francisco que dá acesso à localidade, e o conduziram até a nova Igreja de São Pedro.

Após uma reforma completa viabilizada por meio de um investimento de R$ 281.510,23 em recursos do Estado, o templo já não exibe mais as paredes comprometidas e o teto sem cobertura. Foi no interior dessa estrutura revigorada que Déda descerrou a placa inaugural e discursou diante dos xocós. “Esta talvez seja a placa mais simbólica da história que me trouxe ao Governo do Estado. Foi a primeira luta que me integrei, ainda como aprendiz; olhando para ver, escutando para guardar, vendo os grandes de meu tempo falar. E Deus me deu vida para lutar, me deu coragem para vencer e me deu saúde para estar aqui hoje ao lado do povo Xocó”, ressaltou o governador.

Os contratempos vivenciados pelos índios, sobretudo os que pôde acompanhar enquanto estudante universitário ou parlamentar, também foram lembrados por Déda. “No final dos anos 70, se dizia que o único índio que tinha ficado de pé em Sergipe era aquele do brasão do Governo do Estado, porque todos tinham sido exterminados”, afirmou o governador, remetendo às dificuldades encontradas pelos xocós ao buscarem o reconhecimento de seus direitos sobre as terras onde hoje residem.

“A luta do povo Xocó não era apenas a luta por uma terra; foi uma luta para reconquistar a sua própria alma, que estava perdida. A luta do povo Xocó foi para reconquistar a sua identidade. Foi uma luta para honrar o sangue de seus parentes, para nos lembrar que nós todos somos também índios, que nós todos somos também parte da formação da nação brasileira. A luta do povo Xocó foi para lembrar aos sergipanos que esta terra foi regada pelo sangue dos primeiros habitantes, dos índios da grande família Tupinambá”, complementou.

Ao se referir à igreja reformada, o governador disse que a estrutura representa o símbolo da luta e da união do povo Xocó. “Quando eles foram expulsos de suas casas, foi aqui que encontraram abrigo. É um símbolo religioso que mostra a relação dessa comunidade com a Diocese de Propriá, mostra a relação dessa comunidade com as missões franciscanas que vinham catequizar os índios e é um símbolo também da reconquista da ilha, do reencontro desse povo com sua identidade”, observou Déda.

Gratidão

Considerado pelos índios um dos homens mais sabios de seu povo, o pajé Raimundo Bezerra revelou até já ter visto a igreja como um patrimônio a ser esquecido pelo povo Xocó. “Quando ela desabou, não tínhamos o dinheiro para reformar. Foi aí que o governador se comprometeu com a gente e fez, assim como vem fazendo nos quatro cantos do Estado”, colocou o pajé.

O reconhecimento dos índios foi extensivo ao vice-governador Jackson Barreto, que também esteve presente e viu sua atuação em prol dos xocós ser lembrada em vários momentos. “Para mim é motivo de muita emoção lembrar do que foi a atuação do deputado Jackson Barreto na defesa dessa população humilde, das lutas em Propriá, trabalhando para o reconhecimento dessa comunidade de descendência indígena”, disse Jackson.

A gratidão dos xocós foi expressa ainda nas palavras do representante maior da comunidade. Para o cacique Lucimário Apolônio, mais conhecido como cacique ‘Bá’, a restauração da igreja de São Pedro significa bem mais que apenas a recuperação de uma estrutura física. “Essa foi a restauração de nosso povo, já que somos todos envolvidos por nossa igreja. Era uma tristeza ver ela destruída. Esse marco nunca será esquecido por nós”, declarou o cacique.

Foi dele a iniciativa de levar seu próprio cocá à cabeça do governador ao convidá-lo para dançar o toré, dança ritual que consagra o grupo étnico e um dos principais ícones da indianidade nordestina. Levando às mãos a lança que também acabara de ganhar do cacique Bá, Déda esteve à frente da tribo nos instantes em que duraram a apresentação.

Presenças

Além de grande parte da comunidade composta por mais de 300 índios, também acompanharam a passagem de Déda e Jackson pela Ilha de São Pedro o deputado federal Márcio Macedo, o deputado estadual João Daniel, o prefeito de Porto da Folha, Manoel de Rosinha e o bispo de Propriá, Dom Mário Rino Sivieri, que não poupou elogios à intervenção do Governo na comunidade. “É um dia de festa para a comunidade indígena, mas também para a Diocese, que recebe com muita alegria a restauração dessa Igreja”, comentou.

A Igreja

A Igreja de São Pedro é uma construção simples, de alvenaria de pedra e cal, com cobertura de telha de barro sobre estrutura de madeira. O piso original era de lajota cerâmica artesanal, os seus elementos integrados originais foram substituídos por retábulos de alvenaria, restando somente o púlpito, gradil do coro e gradil do altar mor.

Sua estrutura foi edificada pelos missionários capuchinhos franceses e tombado pelo Governo do Estado em 06/01/1984, estando sob a responsabilidade da Diocese de Propriá.

O monumento encontrava-se em ruínas, com o desmoronamento da cobertura e algumas paredes comprometidas. O Governo do Estado investiu na recuperação total do templo, reconstituindo a cobertura, fachadas, piso, as instalações elétricas, elementos artísticos em alvenaria e madeira, atendendo assim a uma antiga reivindicação da comunidade que tem no templo uma referência histórica e cultural.

Outras obras

Ainda na aldeia indígena no povoado São Pedro, foram inaugurados com a participação do governador Marcelo Déda o Centro de Referência em Assistência Social (Cras) e o Centro Comunitário Indígena, obras conjuntas do Governo Federal com a Prefeitura Municipal de Porto da Folha.

O Cras Indígena prestará serviços de assistência social exclusivamente às famílias indígenas. O prédio está adaptado às normas do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e adequado ao Sistema Único de Assistência Social (Suas). Já o Centro Comunitário servirá de sede para a associação da comunidade indígena e se destinará à realização de reuniões e oficinas.

Os investimentos foram de R$ 151.500,00 (recursos do MDS) e R$ 30.000,00 (recursos do MDA/PRONAT), respectivamente.

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