[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]Para você que está começando a ler esta matéria, fazer no mínimo três refeições diárias pode ser uma rotina. Mas para as 37 milhões de crianças brasileiras que estudam em escolas públicas, dentre as quais cerca de 40 mil no ensino municipal de Aracaju, a merenda escolar pode acabar sendo a principal refeição do dia.

Felizmente este não é o caso de Stefani Almeida, 10 anos, aluna da 4º série da Escola Municipal Manoel Bomfim, no conjunto Bugio. “Eu tomei café antes de vir pra escola, mas mesmo assim o lanche da gente é muito importante porque às vezes, durante a aula, a gente fica com fome e dá uma tremedeira”, disse ela em tom de brincadeira.

O exagero de Stefani é a dura realidade de outras crianças que não têm refeições completas em casa, e ela tem clara consciência disso. “Eu como antes de vir para a escola e adoro o lanche daqui. Imagine quem não come nada antes e vem com fome!”, disse ela, enquanto saboreava biscoitos, um broa de milho e um copo de achocolatado no intervalo da aula.

De acordo com dados do Departamento de Nutrição e Alimentação Escolar (Denae) da Secretaria Municipal de Educação (Semed), a Prefeitura de Aracaju adquiriu no dia 12 de abril de 2005 R$ 3 milhões em alimentos para a merenda escolar até o final do ano. A compra foi feita através de um pregão eletrônico, cujo modelo eficiente está sendo levado a instâncias federais. Na ocasião, sete empresas ganharam o direito de vender seus produtos.

A evolução da merenda

Desde 1994, com o processo de descentralização da merenda escolar, municípios, estados e o Distrito Federal têm autonomia para gerir os recursos enviados pelo governo federal para a compra da merenda escolar. O dinheiro só vem se a localidade mantiver seu Conselho de Alimentação Escolar em pleno funcionamento e, no caso de Aracaju, a prefeitura da capital dobra todos os investimentos feitos na merenda para garantir ainda mais qualidade a seus alunos.

“A seriedade com que a prefeitura de Aracaju trata a questão da merenda escolar é que nos permite preparar cardápios do nível que temos aqui, ricos em sais minerais, com quantidades adequadas de ferro, já que a anemia é um problema muito comum entre os alunos”, explicou o diretor do Denae de Aracaju, o nutricionista Ronaldo Cruz Silva. Ele também é presidente do Conselho de Alimentação Escolar e membro da Comissão de Controle de Qualidade da Semed.

A evolução dos valores investidos na alimentação escolar das crianças e jovens brasileiros aponta bons índices para demonstrar o compromisso da administração municipal de Aracaju e até mesmo do governo federal com a questão. Na gestão do ex-presidente FHC, os valores destinados por criança à merenda eram R$ 0,06 para o ensino infantil, R$ 0,13 para o fundamental e R$ 0,15 para as creches. As comunidades indígenas não faziam parte do programa.

Em seu primeiro ano o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva equiparou em R$ 0,13 o valor investido na merenda dos ensinos infantil e fundamental. Já em 2004 ele incluiu as comunidades indígenas no programa com R$ 0,34 investidos por criança e aumentou o valor da merenda das escolas infantil e fundamental para R$ 0,15 e das creches para R$ 0,18.

Acompanhamento da qualidade

Mas a seriedade no controle da merenda municipal não se dá apenas na hora da compra. A equipe da Comissão de Controle de Qualidade da Alimentação Escolar da prefeitura inspeciona rigorosamente a qualidade do que é servido e todo o cardápio, com mais de 10 opções, é cuidadosamente preparado por nutricionistas.

Diariamente, nove dos 17 profissionais do Denae da Prefeitura de Aracaju visitam as escolas municipais para observar e fiscalizar as condições de higiene, preparo, armazenamento e conservação de tudo o que é servido aos estudantes.

De acordo com Ronaldo Silva, o Programa Nacional de Alimentação Escolar existe desde a década de 50. “Este é um dos melhores programas do governo federal e um dos que conseguiu sobreviver por mais tempo. No Brasil, servir 37 milhões de refeições por dia equivale a alimentar praticamente uma Argentina”, comparou.

As merendeiras da Escola Manoel Bomfim sabem o valor de seu trabalho. “Muitos meninos e meninas vêm para a escola sem se alimentar e já chegam curiosos para saber qual será o lanche do dia”, conta Iramir Santos, que trabalha no local há 10 anos.

Sua colega, Cleonice Sousa, tem quatro sobrinhos estudando na escola e sabe da importância da merenda para o aprendizado. “Quando as crianças vêm para cá com fome, elas ficam muito dispersas e não prestam atenção na aula, ficam querendo sair da sala. Eu acho que as aulas depois da merenda têm um rendimento bem maior”, opinou.

Atenção e Solidariedade

Para Maria José Galdino, coordenadora geral da Escola de Ensino Infantil Mosenhor João Moreira Lima, no bairro Lamarão, a Prefeitura de Aracaju vem dando o exemplo no cumprimento da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na área da merenda escolar. Prova disso são as visitas constantes de equipes da Saúde para medir, pesar, aplicar flúor e cuidar da garotada.

Segundo ela, as 52 crianças atendidas pela creche que funciona na Escola fazem cinco refeições por dia: café da manhã, lanche, almoço, outro lanche e jantar. “Se uma criança adoece e fica em casa dois ou três dias, ela já volta pra cá mais magra. Por isso, quando a doença não é infecto-contagiosa eu faço questão de pedir a mãe para trazê-la para as refeições pelo menos”, acrescentou a coordenadora.

Projetos para 2005

O diretor do Departamento de Nutrição e Alimentação Escolar da Prefeitura de Aracaju, Ronaldo Silva, adiantou que ainda no primeiro semestre deste ano será realizado em parceria com o departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) um curso de treinamento e reciclagem para as merendeiras e supervisores da merenda do município.

“Queremos nos qualificar ainda mais com as boas práticas na manipulação de alimentos recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, explicou. Além da reciclagem de profissionais, deverá ser implantado ainda um projeto para implementação de hortas escolares e o programa “Educação Alimentar Começa na Escola”, através do qual serão realizadas diversas palestras educativas sobre o assunto.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Comments are closed.