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Por Danilo Munduruca, economista – DET/Sedetec

A análise dos dados referente ao comércio exterior sergipano indica um cenário mais favorável no ano corrente do que o ocorrido nos dois últimos anos. Isto porque, os dados mostram que neste primeiro semestre Sergipe apresenta um crescimento nas exportações de 54,9% e nas importações de 77,2%, implicando numa maior inserção no comércio internacional, dado que sua corrente de comércio passou de US$ 116,689 milhões para US$ 200,605 milhões, quando comparamos os primeiros semestres de 2010 e 2011. O saldo da balança comercial, contudo, continua negativo, mantendo o quadro histórico de déficits comerciais – exceção feita ao ano de 2007 – sendo que o deste primeiro semestre está em US$ 115,009 milhões.

GRÁFICO 1

Analisando-se apenas o resultado para o mês de junho, verifica-se que as exportações somaram US$ 4,235 milhões, representando um aumento de 0,4% em relação a junho do ano anterior, cujo montante exportado havia sido de US$ 4,218 milhões, e um aumento de 34,8% em relação a maio de 2011. As importações, por sua vez, somaram em junho um montante de US$ 30,874 milhões, o que significou uma expansão de 89,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior e de 45,2% em relação a maio de 2011. Contudo, como as importações continuam maiores que as exportações, o resultado é um déficit, em junho deste ano, de US$ 35,109 milhões.

GRÁFICO 2

Analisando-se a pauta, verifica-se que os produtos de destaque nas exportações de Sergipe são o suco de laranja, o açúcar e os calçados. O Suco de laranja, tradicional item da pauta, registrou exportações de US$ 12,3 milhões, respondendo por 28,8% da pauta deste ano, sendo o montante exportado 27% superior ao do primeiro semestre de 2010. Os principais compradores do suco de laranja sergipano são Holanda (US$ 4,587 milhões), Bélgica (US$ 3,052 milhões) e Turquia (US$ 1,543 milhões).

O açúcar, por sua vez, se destaca em duas classificações da NCM: o açúcar de cana, em bruto e os outs. açúcares de cana. Na soma, estes dois produtos somam US$ 13,0 milhões, respondendo por 30,3% das exportações estaduais no ano corrente. Estes produtos são adquiridos por Rússia (US$ 7,267 milhões), Canadá (US$ 1,606 milhões), Colômbia (US$ 1,827 milhões), Benin (US$ 1,022 milhões) e Cabo Verde (US$ 0,730 milhões).

Os calçados, por sua vez, destacam-se nas seguintes classificações NCM: outs. calç. cobr. tornoz. part. sup. borr., plást. e outs.calcados de matéria têxtil, sola de borra. Na soma, estes dois produtos respondem por US$ 10,0 milhões, os seja, 25,9% do que o Estado exportou neste ano, sendo o mercado consumidor constituído, sobretudo, por países da América do Sul, a exemplo de Bolívia (US$ 1,502 milhões), Colômbia (US$ 1,659 milhões), Venezuela (US$ 1,305 milhões) e Peru (US$ 1,282 milhões).

GRÁFICO 3

Além do crescimento expressivo das exportações no primeiro semestre de 2011, destaca-se ainda a grande expansão nas vendas para os países da América Latina, Europa Oriental e África. Para a América Latina, as vendas externas passaram de US$ 8,158 milhões, em 2010, para US$ 13,026 milhões, em 2011, num crescimento de 59,7%. No caso da Europa Oriental, Sergipe praticamente não tinha transações em 2010, quando o montante exportado havia sido de US$ 0,568 milhões, passando para US$ 7,817 milhões, em 2011. Por fim, as exportações para a África tiveram uma expansão de 33,1% neste semestre em relação aos primeiros seis meses de 2010. Para este continente, as exportações de Sergipe passaram de US$ 2,011 milhões para US$ 2,678 milhões.

Quanto às principais empresas exportadoras, os destaques são, respectivamente: Vulcabras Azaleia (US$ 9,365 milhões); Usina Caeté (US$ 8,873 milhões); Tropfruit (US$ 7,141 milhões); Maratá Sucos (US$ 5,360 milhões); e, Usina São José Pinheiro (US$ 4,089 milhões). Destaca-se que, destas cinco empresas, a exceção da Usina Caeté, todas as demais empresas recebem algum tipo de beneficio do governo estadual, seja locacional ou fiscal, demonstrando que a política industrial do governo, focando na atração de novas empresas ao Estado, tem impactado também no aumento das exportações de Sergipe.

DESTAQUES NAS IMPORTAÇÕES

Os cinco produtos de maior destaque na pauta de importação do Estado no acumulado do ano de 2011 são, respectivamente: trigo, diidrogeno-ortofosfato de amônio, coque de petróleo, sulfato de amônio e aparelhos para filtrar ou depurar líquidos.

Fato relevante nas importações estaduais é que esta é composta, sobretudo, por bens intermediários e bens de capital. O trigo abastece as indústrias fabricantes de pães e massas. O diidrogeno e o sulfato de amônio são insumos para as misturadoras de fertilizantes do estado. O coque de petróleo é o insumo energético das fábricas de cimento. Já os aparelhos para filtrar ou depurar líquidos constituem bens de capital para indústria local.

GRÁFICO 4

PERSPECTIVAS

Mesmo com os indicadores deste início de ano apontando para uma maior inserção do comércio exterior sergipano, é sabido que o Estado é tradicionalmente importador, sobretudo de bens de capital e insumos para sua indústria, e que o resultado comercial deve permanecer negativo.

Contudo, o fato de ser tradicionalmente importador não tem prejudicado os indicadores de crescimento do Estado, pois a economia deste tem caminhado bem, mesmo diante da queda nas suas exportações nos dois últimos anos.

Ressalta-se, porém, que comércio exterior deve continuar a ser fomentado, pois é importante ao induzir o aumento da competitividade e se caracterizar como mercado alternativo para a produção estadual.

O fomento as exportações, portanto, é importante, sendo que a perspectiva é a de que Sergipe consiga nos próximos anos amplia-lá, sobretudo porque a Política de Desenvolvimento Industrial de Sergipe (PDI-SE), lançada em maio deste ano, construída a partir de uma parceria entre o Governo Federal, através da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Governo Estadual, através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) e o setor privado, através da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (Fies), contempla uma série de estratégias e ações que visam a elevação das exportações da estrutura produtiva de Sergipe, através, por exemplo, do mapeamento de mercados internacionais de produtos potencias de Sergipe; a atração de empresas para a ZPE-SE; a capacitação de empresas para o comércio exterior; e, a promoção e participação de missões empresarias, feiras setoriais e rodadas de negócio voltadas para o mercado externo.

Complementar a PDI-SE, o Estado já desenvolve duas ações duas ações que devem contribuir, no médio prazo, para ampliar as exportações: o Projeto de Extensão Industrial Exportadora (PEIEx) e a Zona de Processamento de Exportações (ZPE-SE).

O PEIEx é um projeto que vem sendo desenvolvido no estado desde julho de 2009 e que visa promover a cultura da exportação e o aumento da competitividade em setores industriais pré-selecionados, através da modernização e capacitação empresarial, inovações técnicas, gerenciais e tecnológicas, através da contratação de cinco extensionistas. O projeto beneficiou até o momento cerca de 140 micro, pequenas e médias empresas formais, sendo realizado através de uma iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Governo de Sergipe, por meio da Sedetec.

A ZPE, por sua vez, corresponde a distritos industriais onde se instalam empreendimentos com produção voltada para a exportação e que recebem como principal vantagem o direito a diversos incentivos tributários e cambiais, além de procedimentos aduaneiros simplificados.

Sergipe teve sua ZPE aprovada neste mês de março pela Assembléia Legislativa, sendo o desafio atual a identificação de empresas demandantes da ZPE, de diversos setores da economia, que destinem 80% de sua produção ao mercado externo.

Destaca-se ainda que, mesmo indiretamente, o Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) já vem contribuindo para elevar as exportações do Estado, ao conceder incentivos a empresas que, uma vez instaladas no Estado, tem realizado transações com o exterior, aumentando assim as vendas externas, como é o caso da Vulcabras Azaleia, Tropfruit, Maratá Sucos, Usina São José Pinheiro, Dakota Calçados, Santista Têxtil, Duas Rodas, etc.


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