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Como fazer os adolescentes vestirem a camisa?
A camisinha vai aonde o jovem está?

Fonte: Conversa afiada

A inibição continua sendo um fator importante quando pesquisadas as resistências dos jovens ao consumo de preservativos. Também não é para menos: no Brasil, as farmácias e supermercados são praticamente os únicos "postos" de acesso à camisinha. E estes não são propriamente "points" para a adolescência. São locais onde o adolescente vai em companhia dos pais ou que exigem contato direto com o vendedor.

Onde procurar camisinha

Em países europeus, é hábito a venda de preservativos nos banheiros – tanto masculinos quanto femininos – de restaurantes, bares, boates, discotecas. Para isto, são utilizadas máquinas que recebem moedas e devolvem camisinhas.

E por que não no Brasil, onde é cada vez mais necessário transformar a camisinha num objeto do dia-a-dia? São poucas as experiências realizadas com máquinas em nosso país: a maior parcela delas ainda encontra resistência por parte da população, mas é uma experiência que vale à pena reforçar e multiplicar pelas cidades (leia na pág 2).

Consequências: gravidez, Aids, DST

O baixo índice de uso de preservativos para evitar a gravidez na adolescência e o contágio pela Aids e outras DST não um é problema apenas brasileiro, embora adquira características gravíssimas em nosso país. Somente em nações como o Japão – e assim mesmo porque formas modernas de contracepção são proibidas – o consumo de camisinhas se estabeleceu em níveis mais próximos aos desejáveis.

No Brasil não existem estimativas oficiais sobre o consumo da preservativos. Mas segundo o Instituto Nielsen, teriam sido comercializados aqui, em 96, 166 milhões de camisinhas. Pouco mais da metade do que, para alguns especialistas, seria o real mercado nacional: 300 milhões de preservativos/ano. De qualquer forma, um número muito pequeno, diante de uma população sexualmente ativa avaliada em 102 milhões de pessoas (a média de 1996 estaria em apenas 1,63 relações seguras por ano).


Sugestão de Pauta


Para que a cultura da máquina de venda de preservativos se estabeleça no país, a mobilização deve necessariamente envolver, além do próprio público alvo, os responsáveis pelos locais de lazer, shoppings, grandes empresas, escolas, etc. Isto porque o comércio de camisinhas não é uma atividade que se destaque por sua lucratividade. Assim, mais do que o retorno comercial, o principal argumento à favor da presença da máquina num estabelecimento deve ser o papel social que desempenha.

Ouvir os adolescentes sobre onde gostariam de comprar preservativos sem os habituais constrangimentos, pode ser uma história. Da mesma forma, ouvir os estabelecimentos comerciais ou até mesmo promover um debate entre jovens de associações comerciais podem gerar boas matérias.

Outro aspecto importante: as empresas que fabricam e/ou vendem camisinhas no Brasil não parecem muito interessadas em brigar por este mercado diretamente junto aos consumidores potenciais – onde se destacam os adolescentes. Ao contrário do que acontece em outros países, é raro ver-se publicidade comercial de camisinha na grande mídia.


Na boca do povo…

As principais razões que os jovens apresentam para não usar preservativos, segundo reportagens publicadas pelos veículos teens nos últimos meses.

  • Inibição – seja na hora da compra, seja na de utilizar.
  • Medo de quebrar o clima e o parceiro desisitir da "transa".
  • Redução do erotismo e do prazer.
  • Romantismo e confiança ("com uma pessoa tão especial não preciso usar", "confio no meu namorado").
  • O tesão acontece e não há preservativos à mão.
  • Associação do preservativo apenas à contracepção ("agora tomp pílula, então não preciso mais da camisinha").
  • Medo de perder a ereção. Medo de parecer uma garota vulgar ou promíscua.
  • Desinformação quanto aos comportamentos de risco e às formas de prevenção.
  • Pensamento mágico ("a doença não vai me pegar", "isso nunca vai acontecer comigo").

Os especialistas completam a lista:

  • Sentimento de culpa (a presença do preservativo representa ter que assumir por completo a sexualidade)
  • O estímulo erótico de nossa cultura, reforçado pela mídia, faz a primeira relação sexual acontecer cada vez mais cedo.

Táticas de guerra para se viver num mundo com Aids

>> Camisinha acima de tudo, seja a relação oral, vaginal ou anal. Aprender a lidar racionalmente com o tesão pode não ser um exercício agradável, mas hoje é fundamental. Mesmo correndo-se o risco de perder a transa.

>> Aids não tem cara. É ilusão querer avaliar se a pessoa está ou não infectada apenas por seu "bom astral" ou "boa aparência". Mesmo um teste de Aids negativo não é sinal de que a barra está limpa. O vírus pode estar presente por três meses no organismo sem que haja como detectá-lo.

>> Por mais interessante que seja a pessoa, se ela sugere sexo sem camisinha está agindo irresponsavelmente consigo própria e envolvendo você neste jogo destrutivo. Publicações internacionais recentes sugerem que você deve reconhecê-la como um "inimigo".

>> Uma péssima notícia: a bebida ajuda a descontrair e facilita o jogo de sedução, mas álcool e sexo seguro não combinam. O que todo mundo já sabe em relação ao carro, vale também para o instinto: você não o dirige bem quando os neurônios se encontram sob efeito etílico.


Quem fala sobre as máquinas de camisinha

>> A ONG Ama Zona – Associação de Prevenção à Aids, de João Pessoa, iniciou em janeiro deste ano projeto piloto que está instalando quatro máquinas de vendas de preservativos em pontos diversos da cidade. Ao inserir uma moeda de R$ 1,00 na máquina – importada da França – a pessoa recebe cartela com três preservativos. A Ama Zona vem cuidando também de divulgar a existência das máquinas e seu manuseio, para isto utilizando recursos como panfletos e apresentações de mímicos e palhaços.
Contato: Xavier Alterescu – Arnaud Béchad – (083)221-8728

>> A Secretaria de Saúde de São Vicente-SP inaugurou em dezembro do ano passado sua primeira máquina de venda de camisinha – ao longo dos próximos meses este número deve chegar a 20 unidades (importadas da Alemanha). A cartela com três preservativos custa R$ 1,00 e o eventual lucro será revertido para o atendimento a pacientes com Aids e ONGs do setor. São Vicente vem se destacando pela qualidade de seu trabalho no campo da prevenção à Aids e é também a primeira cidade brasileira a iniciar a distribuição de preservativos femininos em seus postos de saúde.
Contato:Fábio Mesquita e Ilham Haddad – (013) 467-7020

>> A Blausiegel Indústria e Comércio é atualmente a única empresa a comercializar máquinas de venda de camisinha no Brasil. Através de um contrato de locação de R$ 50,00 por mês é instalada a máquina, que vende três tipos diferentes de preservativos (a cartela com três unidades custa de R$ 1,50 a 2,50, em moedas). Metade deste valor corresponde ao custo dos preservativos. O restanto é o lucro do revendedor. As máquinas podem ser encontradas em casas noturnas e bares da cidade de São Paulo, em empresas como a Volkswagen e até mesmo na rodoviária da capital paulista. Nos próximos meses, a Blausiegel pretende ampliar sua atuação para outros estados.
Contato: Marcelo Rocha – (011) 7922-2922


Jovens, Aids e DST: uma questão de vulnerabilidade

>> Na maioria dos países, o grupo etário mais vulnerável às DST costuma ser o dos jovens. Além dos fatores fisiológicos, contribuem para isto a iniciação sexual mais precoce e o maior número de parceiros sexuais. Prejudicam também a falta de informações e de cuidados com a saúde sexual.

>> Atualmente, um em cada 100 adultos sexualmente ativos no planeta é portador do vírus de HIV. Destes portadores, 90% não sabem de sua infecção.

>> O pico da incidência de Aids no Brasil situa-se na faixa etária dos 20 aos 34 anos. Como o período de incubação do vírus é longo, isto significa que a contaminação aconteceu, na maioria dos casos, na adolescência ou no início da vida adulta.

>> Da mesma maneira, relatórios internacionais que registram significativo crescimento da doença na faixa etária de 20 a 25 anos, exigem urgência na implementação de programas efetivos destinados aos jovens.

DST abre caminho

>> A presença de uma DST aumenta em até 18 vezes o risco de contágio e de transmissão do HIV.

>> No Brasil, as únicas DST que têm notificação compulsória em nível federal são a sifílis congênita e o próprio HIV. Isso resulta na quase inexistência de dados relativos às DST no país, o que impede o reconhecimento da real gravidade do problema e a elaboração de políticas consistentes para seu combate.

>> Nos EUA, onde a sifílis e a gonorréia são doenças de notificação compulsória, estatísticas mostram que 1 em cada 6 adolescentes contrai uma DST por ano. Em especial aqueles de baixa renda, residentes nos centros urbanos.

Mulheres: duplo risco

>> Fatores anatômicos e fisiológicos – além da desigualdade entre os gêneros – tornam as mulheres mais vulneráveis às DST do que os homens. Em relação ao HIV, sua chance de contaminação é 20 vezes maior, no caso da gonorréia esta proporção sobe para 70.

>> As adolescentes são ainda mais vulneráveis do que as mulheres adultas, pois os órgãos genitais não estão totalmente desenvolvidos e seus mecanismos de defesa não se encontram em pleno funcionamento.

>> Por isso os preservativos femininos representam um grande avanço: a mulher ganha muito mais autonomia, podendo assumir por completo a iniciativa do sexo seguro.


Pela camisinha segura

Um exemplo da eficácia dos atuais preservativos: na França, um estudo clínico acompanhou por 22 meses 124 casais heterossexuais onde apenas um parceiro era soropositivo. O uso constante de camisinhas evitou a contaminação dos parceiros saudáveis. Não houve um caso sequer de infecção, em mais de 15.000 episódios sexuais registrados no período.

>> O avanço nas técnicas de produção da camisinha vem transformando-a num produto extremamente resistente. Pesquisas recentes realizadas nos EUA demonstram que os reduzidos percentuais de rompimento apontados pelos consumidores se devem muito mais ao mau uso do que à qualidade dos produtos em si.

>> A maior parte desses problemas está associada à utilização de lubrificantes à base de óleo, como a vaselina, que minam a resistência do látex (deve-se utilizar apenas lubrificantes à base de água) ou a danos causados por unhas ou anéis. Gravidez ou DST ocorrem também devido a manuseio incorreto, seja na colocação, seja na retirada da camisinha.

>> Já no Brasil, o controle de qualidade das camisinhas precisa ser aprimorado. Oficialmente, todo o preservativo aqui comercializado deve apresentar na embalagem o selo do Inmetro – garantia de que a marca foi testada e aprovada. Mas pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor apontou que algumas marcas andavam burlando a lei: como o controle de qualidade é realizado apenas uma vez por ano, após receberem a aprovação do produto seus importadores passavam a comercializar camisinhas de qualidade inferior àquelas apresentadas para o teste.


Os maus alunos

Pesquisa realizada em 1996 em Pelotas-RS com 2495 estudantes entre 12 e 19 anos de ambos os sexos apontou que 67% dos rapazes e 37% das moças já haviam mantido relação sexual.

Deste universo, entretanto, apenas 36% dos garotos e 45% das garotas haviam utilizado preservativo na primeira relação sexual. Quando a pergunta era direcionada para a relação sexual mais recente, os números se invertiam: 64% dos rapazes haviam usado preservativo, contra somente 42% das moças.

Quem não se comunica…

A pesquisa de Pelotas, que entrevistou alunos de 14 escolas públicas e uma particular, constatou também que somente 31% dos rapazes e 42% das moças haviam conversado com seus parceiros sobre o risco da Aids nos últimos 30 dias.

Mas comunicação e franqueza são fundamentais para o sexo seguro: a pesquisa mostrou que entre os alunos que não haviam conversado com o parceiro sobre Aids no último mês, o risco de não usar camisinha era 2,5 maior do que entre os que colocaram o tema em discussão.

(Fonte: Revista Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, vol. 1 – nº 1)

Quem transa legal

Projetos e entidade que rimama adolescência e prevenção

GTPOS – Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual

No período 89-92 o GTPOS foi responsável pela implantação – pioneira – de projetos de Orientação Sexual nas escolas municipais de São Paulo. A partir de 95, o projeto passou a contar com financiamento do Ministério da Saúde, sendo levado às redes de ensino de capitais como Florianópolis, Recife, Belo Horizonte e Goiânia. Projetos similares também vêm sendo implantados pelo grupo em escolas particulares da capital paulista e em outras redes municipais de ensino, financiadas pelos próprios interessados. Além disso, o GTPOS oferece uma série de cursos, vários deles voltados para a capacitação no trabalho de Orientação Sexual junto a adolescentes.

Contato: Maria Aparecida Barbirato e Beth Gonçalves – (011) 822-8249

CRIA – Centro de Referência Integral de Adolescentes

O eixo central das atividades do CRIA é o teatro feito com e para adolescentes. Porém as peças apresentadas pelo grupo – sempre seguidas de debates interativos com a platéia – mobilizam não só os jovens, como também os pais, os educadores e a comunidade em geral, abordando questões ligadas à cidadenia e à adolescência. Entre os trabalhos do CRIA destacam-se Quem descobriu o amor?, que discute sexualidade, educação e étnia, e Com Arte, Sem Aids, sobre DST e prevenção. Todos os textos são fruto de criação coletiva dos adolescentes, sendo apresentados em escolas da rede pública e privada de Salvador.

Contato: Maria Eugênia Millet – (071) 322-1334

CEDUS – Centro de Educação Sexual

O CEDUS é responsável pelo Projeto Educarte, que desde 1994 vem capacitando profissionais das unidades de educação e de saúde da cidade do Rio de Janeiro a levar Educação Sexual aos adolescentes. O Educarte vem também implantando Núcleos de Adolescentes Multiplicadores nas escolas cariocas. Nada menos de 24 Núcleos já se encontram em funcionamento, com resultados que suplantam as expectativas: a atuação conscientizadora destes jovens diante da sexualidade não se restringiu ao ambiente escolar, estendendo-se à suas comunidades. Boa parte dos Núcleos utiliza de recursos artísticos para dar seu recado aos alunos.

Contato: Regina Mello eSheila Federici – (021) 242-4371

Associação Saúde e Família

A Associação Saúde e Família é uma ONG dedicada a apoiar projetos de prevenção à Aids no país, vários deles com meninos de rua do Rio de Janeiro, a campanha "A vida é uma festa, mas a Aids não é brincadeira", do GAPA de Santos e a série de spots de rádio, utilizando rap e outros ritmos populares, criado pelo Cemina, do Rio, para estimular as adolescentes a exigir o uso de preservativos. Atualmente a ASF está mobilizando o país com abaixo-assinado que visa garantir a isenção de impostos para a camisinha, o que reduziria seu preço final em quase 30%.

Contato: Maria Eugênia Fernandes – (011) 262-2022

Coordenação Nacional de DST e Aids

Órgão do Ministério da Saúde, a Coordenação centraliza as ações federais ligadas à Aids, o que inclui àquela relativas à prevenção no âmbito da adolescência, como campanhas de estímulo ao uso da camisinha. A Coordenação também acompanha de perto os números da Aids no Brasil, contando com estatísticas por faixas etárias.

Contato: Pedro Chequer – (061) 315-2146

INMETRO

É o órgão responsável pelo controle de qualidade dos preservativos comercializados no país, sejam eles importados ou produzidos aqui. No momento, o Brasil está atualizando as normas técnicas de avaliação das camisinhas, para adequá-las aos recentes avanços na tecnologia de produção. O INMETRO também aguarda que o Ministério da Saúde define regras mais rígidas para o controle das camisinhas aqui vendidas.

Contato: Fátima Leoni – (021) 502-1009

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