Vida nova para ex-meninos de rua de Aracaju
da Agência Aracaju de Notícias
As ações de combate à exploração da mão-de-obra infantil realizadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), já estão dando bons resultados. Ao trocarem as ruas da cidade, onde trabalhavam, pela participação em atividades culturais, esportivas e artísticas, o novo ritmo da vida de crianças assistidas pela Prefeitura de Aracaju mostra que a porta para o sucesso é apenas uma questão de oportunidade.
Com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que tem a tarefa de retirar a criança e o adolescente do trabalho precoce, a Prefeitura de Aracaju abriu oportunidades para 1550 crianças e adolescentes da cidade, que hoje passaram a ter acesso a escola e a chance de exercer sua cidadania.
Para mostrar à sociedade e a representantes de vários estados brasileiros que estiveram em Aracaju, durante a primeira visita presidencial, os resultados positivos dessas ações do poder municipal, 16 adolescentes que participam da oficina de música do Programa Criança Cidadã, recepcionaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cantando músicas sergipanas e tocando flauta doce. Lula veio a Sergipe no mês de maio para participar da abertura da 44ª Reunião Geral da FNP – Frente Nacional de Prefeitos.
O programa Criança Cidadã é também mais uma ação louvável da gestão municipal, por atender cerca de 350 menores, que viviam pelas ruas da cidade. Assistidos no Centro de Referência de Assistência Social à Criança e ao Adolescente professor Gonçalo Rollemberg (o antigo CSU da Rua Alagoas), estes adolescentes encontraram nos programas sociais da Semasc a fórmula para o exercício da cidadania.
Na Jornada Ampliada do Peti, as crianças e adolescentes participam de atividades esportivas e também optam por cursos profissionalizantes. Através de práticas esportivas, os garotos descobriram potencialidades que surpreendem até os familiares. A Semasc abriu os caminhos para o talento de muitos deles que começam a se revelar participando de campeonatos de capoeira e judô organizados por entidades dedicadas à prática destas modalidades esportivas.
Em abril, por exemplo, dois adolescentes monitorados pela Semasc deram um show à parte durante a IV Copa Mirim de Capoeira realizada pela Federação Sergipana de Futebol: Ronald de Jesus, 12, abocanhou duas medalhas de ouro ao classificar-se em primeiro lugar nas categorias 11 a 14 anos e na individual; e Luciano de Oliveira, 14, que se destacou em primeira colocação na categoria 13 e 14 anos.
Recentemente, as crianças e adolescentes do Peti mostraram novamente que têm potencial. Nove garotos, que antes trabalhavam na antiga lixeira da Terra Dura e hoje estão inseridos nos programas sociais da Semasc, participaram da Copa Salesiano de Judô, realizada no dia 22 do mês passado, e todos, indistintamente, conquistaram medalhas.
Dos garotos que participaram das competições, quatro conquistaram medalhas de ouro, um trouxe a medalha de prata e outros quatro ficaram com o bronze. Foram campeões José Cícero dos Santos Silva, 16, que competiu na categoria pré-juvenil, José Fernando de Almeida, 11, na categoria infanto-juvenil, Crislan de Jesus Santos, 11, também na categoria infanto-juvenil, e David Sandres, 10, na infantil.
Felipe Reis dos Santos, 15, ficou em segunda colocação na categoria pré-juvenil, enquanto Daniel Santos Lima, 14, na categoria pré-juvenil, Alex dos Santos Silva, 13, na infanto-juvenil, Bruna Barros de Almeida, 11, na infanto-juvenil, e Danilo dos Santos, 13 na pré-juvenil, trouxeram medalhas de bronze.
A vereadora Conceição Vieira, secretária Municipal da Assistência Social e Cidadania, demonstra felicidade com o sucesso dos garotos. “Mostra que a secretaria está conseguindo alcançar o propósito da política nacional do Peti, que é um trabalho educativo, descobrindo as potencialidades de cada criança e adolescente”, observa a secretária. “A secretaria está feliz que esta potencialidade passa pelo esporte e também pela vocação profissional em vários campos”.
Para a coordenadora do Peti, Maria Hortência Santos, os resultados do programa são compensadores. “É gratificante ver que os objetivos estão sendo alcançados, pois é justamente tirar crianças que viviam em situação de risco pela cidade e resgatar a sua infância e auto-estima, através de aulas esportivas, uma das metas do Peti”, diz a coordenadora do programa.
Meninos do Peti conquistam oportunidades
O campeão Ronald, da IV Copa Mirim de Capoeira, tem 12 anos, estuda a 6ª série e participa da Jornada Ampliada do Peti no Centro Comunitário Integrado Dom Luciano Cabral Duarte, no bairro Industrial, onde sempre participou de exibições de capoeira. Antes de integrar o Peti, Ronald comercializava roupas íntimas nas ruas de Aracaju como forma de aumentar a renda familiar. Largou a atividade para dedicar-se à modalidade esportiva. Segundo informou, ele começou a interessar-se pelo esporte treinando no Peti, incentivado pelo professor do programa e influenciado pelo irmão mais velho, que também é capoeirista.
O pai dele, Luciano Ferreira, 38, está desempregado e a mãe, Márcia de Jesus, 33, trabalha como copeira num hospital, recebendo R$ 230 mensais. Como conseqüência, as ações da Prefeitura de Aracaju funcionam como um meio de aumentar a renda familiar do campeão. “Na minha casa são cinco pessoas, então o dinheiro do Peti é uma renda que posso contar mensalmente e vem me ajudando muito, pois a gente junta com o que a esposa recebe para passar o mês”, afirmou Luciano, o pai.
Para Ronald, a emoção foi tamanha que nem conseguia falar. “Parece que eu estava engasgado quando recebi as medalhas e vi toda a minha família e vizinhança gritando o meu nome”, confessa. “A expectativa foi tão grande que, quando começaram a chamar os vencedores dos terceiro e segundo lugares, o meu coração disparou e parecia que ia sair do lugar”, comenta Ronald.
O atleta juvenil descobriu suas potencialidades quando começou a ter acesso à escola a partir das ações desenvolvidas pela Semasc e tornou-se destaque da Oficina de Capoeira. “O Peti incentivou meu filho a ir para a escola, pois assim ele está em busca de um futuro melhor. Além de eu saber que à tarde ele está no programa e não está na rua, local que leva as crianças muitas vezes a marginalidade”, diz o pai de Ronald.
E a vitória do filho deixa a família gratificada. “Eu só tenho a agradecer a Prefeitura de Aracaju, a equipe do Peti, ressalvando o professor Paulo, pela primeira vitória e destaque do meu filho. Através do Peti as portas começaram a se abrir para ele. Era só o que ele precisava: uma oportunidade para mostrar o seu potencial”, conclui o pai.
Vitória
O outro campeão da IV Copa Mirim de Capoeira é Luciano de Oliveira, um adolescente de 14 anos, que participa da Jornada Ampliada do Peti no Centro Comunitário Integrado José Augusto Arantes Savasine, no bairro Japãozinho. Ele cursa a 5ª série e, pela primeira vez, participou de um campeonato, uma oportunidade ímpar que a PMA lhe proporcionou para que o jovem pudesse mostrar seu potencial.
Vencedor na categoria 13 a 14 anos, Luciano ganhou a medalha de ouro deixando para trás as lembranças de um passado ocioso quando ele passava a maior parte do tempo assistindo TV em casa. Depois que ingressou no Peti, passou a descobrir as potencialidades que ele próprio desconhecia.
Seus pais, a doméstica Luzia de Oliveira, 34, e o pedreiro José Francisco do Nascimento, 39, passavam grandes dificuldades. Luzia vive de bicos e José Francisco está desempregado. O apoio da PMA veio como uma dádiva de Deus. “Eu me sinto feliz pelo exemplo do meu filho e pela sua participação dele no Peti”, diz Luzia, emocionada. “Além de nos proporcionar momentos como esses, também tem a bolsa que eu recebo dele e de outro filho que me ajuda no mantimento da casa”, comenta a mãe coruja.
Do lixão para a sala de aula
Em poucos meses de atividades, o Programa Criança Cidadã já apresenta respostas positivas. O programa assiste a cerca de 350 adolescentes que antes levavam uma vida sofrida no lixão e pelas ruas da cidade. Quando foram incluídos no programa da PMA, estes adolescentes passaram a vislumbrar um futuro diferente.
O 31 de julho, por exemplo, foi um dia especial para 17 adolescentes assistidas pelo projeto. Elas fazem parte da primeira turma do Curso de Manicure e Pedicure promovido pela Semasc, em parceria com a Fundação Municipal do Trabalho (Fundat). Naquela data elas receberam seus certificados.
Amanda Cássia Santos, 16, que mora no bairro Veneza, tem um passado sem boas lembranças. Até alguns meses dormia nas ruas e, para se sustentar, catava latas na lixeira e no centro da cidade. A partir do curso oferecido pela PMA, passou a desenhar um futuro promissor. “A partir de agora eu já posso trabalhar tanto independente quanto em algum salão de beleza, pois já sei fazer alguma coisa”, comenta Amanda. “Tenho certeza que o meu futuro fará eu esquecer as ruins lembranças do passado”, comenta.
Para Joscilene Teixeira dos Santos, 15, que, para ajudar a família passava o dia catando papelão, latas de cerveja e vasos de água sanitária, na lixeira do bairro Santa Maria, o Projeto Criança Cidadã veio como uma benção. “Eu agora tenho uma profissão, participo de outros cursos, tenho refeições todos os dias, coisas que eu antes não tinha, e ainda estudo”, diz a adolescente. “Esse programa veio como uma benção de Deus”, acrescenta.
Conceição Vieira, secretária da Assistência Social e Cidadania de Aracaju, acredita que os cursos oferecidos contribuem com o exercício da cidadania. “É mais uma realização da Prefeitura de Aracaju que demonstra que estamos no rumo certo na questão de apostar no resgate da cidadania daqueles que estão excluídos”, diz a secretária.
“Nos deixa claro a possibilidade de inclusão social destes adolescentes vistos anteriormente como produto da lixeira e das ruas e que hoje se sentem estimulados na perspectiva de se profissionalizar, demonstrando o compromisso do prefeito Marcelo Déda em transformar Aracaju numa cidade para todos”, comenta a secretária.
A coordenadora do Centro de Referência, Maria José Santana, fica feliz com a nova realidade que o projeto está proporcionando aos 350 adolescentes que viviam excluídos da sociedade. “Cursos como esses realizados aqui no projeto vem trabalhar a auto-estima de seus participantes e despertá-los para que no futuro possam gerir a sua própria renda”, observa Maria José.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]