Usuários de drogas são assistidos pelo Governo do Estado
O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), atua intensamente no combate ao uso de drogas. Problema de saúde pública, o combate às drogas é uma meta da atual gestão. A SES possui uma rede de assistência aos usuários em todo o Estado, com cerca de 550 equipes de saúde da família trabalhando no território sergipano o que, segundo o secretário de Estado da Saúde, Antonio Carlos Guimarães, facilita o trabalho de prevenção ao uso de drogas.
“Sergipe é um dos estados com a maior proporção no país em relação aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e o número de habitantes. Nós temos hoje 32, entre eles, quatro Caps Álcool e Drogas (AD), e estamos avançando para a habilitação de quatro Caps tipo III, o que significará a possibilidade de uma internação desses usuários de álcool e drogas”, afirmou o secretário.
Em recente visita a Aracaju, o relator nacional da Comissão de Combate às Drogas da Câmara Federal dos deputados, Givaldo Carimbão (PSB-AL), revelou um dado estimado em que cerca de dois milhões de brasileiros são usuários de crack, número que iguala a população de todo o Sergipe. “Hoje, 90% dos presos que chegam às cadeias têm relação com as drogas e, dentre elas, o principal culpado é o crack. Para combater isso, a educação é fundamental. Existe um dado que demonstra que um jovem que até os 18 anos começa a beber, tem cinco mais vezes chances de usar drogas no futuro do que uma pessoa que começa a usar álcool após os 21 anos. Temos mais de 300 mil professores no Brasil que têm de ser qualificados para instruir esses jovens”, ressaltou.
Rede de Assistência
Para o tratamento do usuário que deseja se livrar do vício, a porta principal de acesso é a atenção primária de saúde. A partir daí, o usuário é avaliado, acolhido e é verificado o estágio do seu vício. Então, ele é inserido nas ações programáticas da atenção primária e novamente avaliado.
“Caso ele necessite de um equipamento de maior complexidade, ele é encaminhado de acordo com essa necessidade. A rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas conta com um serviço de substituição na internação psiquiátrica. Os Caps são importantes nesse processo”, comenta a assessora técnica da Coordenação de Atenção Psicossocial, Suely Matos Santos.
Sergipe possui atualmente 40 leitos psiquiátricos em hospitais gerais para internação, sendo 16 no Hospital Cirurgia, 16 no Hospital São José e oito no Hospital Universitário. Além disso, no Cirurgia, dos 16 leitos, existe um complexo voltado especificamente para a desintoxicação do usuário de álcool e drogas. Também estão cadastrados 160 leitos psiquiátricos na clínica Santa Maria e mais 120 na clínica São Marcelo – que não atende usuários de álcool, somente pacientes psiquiátricos.
Além disso, dos 32 Caps espalhados pelos municípios sergipanos, quatro deles são específicos para usuários de álcool e drogas. “Isso não quer dizer que o Caps I, modelo existente nos municípios de até 20 mil habitantes, não atenda a esses pacientes. Na verdade, nessas cidades eles são referências para a atenção em saúde mental”, destaca Suely.
A assessora técnica da Atenção Psicossocial diz ainda que para tratar do usuário de drogas é preciso a integração da rede de assistência e é necessário todo o apoio para dar conta do cuidado. “Em caso de urgência e emergência, o hospital São José é referência em Sergipe. Para crianças e adolescentes e mulheres adultas nós temos o serviço hospitalar de referência AD no hospital Cirurgia. As clínicas psiquiátricas contratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são a Santa Maria e a São José. O ideal é que o usuário passe até 72 horas internado. Ele pode passar menos ou mais de acordo com a necessidade e ser encaminhado novamente a ser referenciado para o serviço de acordo com sua necessidade”, completa.
Investimento
De acordo com a coordenadora de Atenção Psicossocial da SES, Sony Petris, o investimento anual do Governo do Estado nos serviços de saúde mental, incluindo o incentivo para custeio dos hospitais psiquiátricos e gerais que atendem saúde mental, é de R$12.270.718,28.
“Nos próximos três anos haverá um investimento anual no montante de R$ 33.775.345,84, com a ampliação de oferta de serviços, com incentivo à implantação de leitos de psiquiatria nos hospitais gerais nas regionais de saúde, ampliação no número de Caps I e Caps III AD regional, Casas de Acolhimento Transitório, buscando, assim, melhorar a qualidade da assistência, e manter a diretriz da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde, que é o cuidado ao usuário com transtorno mental ou que faz uso prejudicial de drogas no território em que vive, ou seja, mais próximo à sua casa, aos seus amigos e familiares”, destaca.
Pesquisa inédita
A Fundação Fiocruz está incentivando os estados a realizarem um levantamento inédito no Brasil para mapear e quantificar os usuários de crack. Em Sergipe, a SES realiza a pesquisa por meio da Escola Estadual de Redução de Danos. O coordenador da escola, José Augusto de Oliveira, disse que em cada Estado existe uma equipe fazendo o trabalho de pesquisa.
“Demos início a pesquisa em fevereiro de 2011. É uma pesquisa nacional em parceria com a Fundação Fiocruz e é a primeira desse tipo no Brasil. Serão feitas duas amostras, uma em relação à quantidade de usuários e outra qualitativa para classificar esses usuários, saber sua situação social, com entrevistas e exames de hepatite entre outras doenças que eles podem ter adquirido. A pesquisa se chama “O Perfil do usuário de crack no Brasil”, informou Augusto, dizendo ainda que o diagnóstico do real problema com o crack irá possibilitar que o Governo de Sergipe saiba o tamanho do problema.
Experiência fora do vício
O técnico em enfermagem Sérgio Andrade, 52 anos, é monitor da escola estadual de Redução de Danos. Durante 25 anos ele foi usuário de drogas e como consequência adquiriu Hepatite C, a qual não sabe dizer se foi por conta do uso de seringas. Hoje, ele preside a Associação Sergipana de Redução de Riscos e Danos (Sereda) e afirma que o uso de álcool ainda é o grande agravante no uso de drogas.
“Antes de trabalhar na área da saúde eu era músico, e em certo momento eu comecei a perceber que a droga começava a interferir na minha performance. Comecei a me drogar com 16 anos, utilizava todos os tipos de droga, principalmente as drogas injetáveis. Hoje, nem cigarro e álcool uso mais, pois estou com hepatite C”, conta.
Sérgio diz que todos os seus amigos da época já faleceram por conta do uso indiscriminado de drogas. E aconselha principalmente aos jovens ter cuidado antes de experimentar qualquer tipo de substância entorpecente.
“Temos que alertar o jovem que está entrando nesse mundo, pois tem uma situação muito particular que vai além da questão bioquímica do organismo; o contexto no qual ele está inserido também tem um peso na escolha desse jovem. As pessoas precisam saber que essa experimentação é um risco, saber que esse vício é caro. A partir do momento que você opta por um vício desses, principalmente o jovem que não trabalha, ele passa a viver uma vida marginal”, finaliza.
Dado mundial
De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2011, da Organização das Nações Unidas (ONU), 210 milhões de pessoas, cerca de 4,8% da população mundial com idade entre 15 e 64 anos, consumiu ao menos uma vez algum tipo de droga ilícita em anos anteriores. Já o uso problemático de drogas atingiu 0,6% da população nessa faixa etária. O relatório informa também que houve um aumento da procura por substâncias que não estão no sistema de controle internacional, como as piperazinas e a catinona.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Usuários de drogas são assistidos pelo Governo do Estado – Foto: Walber Faria