[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]O último dia do III Encontro Pedagógico e Cultural da Rede Municipal de Ensino, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, foi marcado pelos emocionantes relatos sobre as trocas de experiências vividas pelos professores das escolas municipais de Aracaju.
Ontem à tarde, dia 19, o auditório lotado do Sebrae Multieventos acalentou as discussões pedagógicas, relativas aos projetos desenvolvidos durante o ano de 2003. Durante a mesa redonda, alguns professores se emocionaram ao relatar suas experiências.
“Passar para as crianças o conhecimento das nossas raízes e estimular a valorização da cultura brasileira é algo de muito importante nos dias de hoje. Contornando a imposição propagandística da mídia, a gente consegue não só fazer com que nossas crianças amem o nosso Brasil, como também respeitem outros países”, declarou a professora da EMEF José Araújo Santos, Erilene C. de Matos, responsável pelo projeto Cine-Fórum de Comunicação em Sala de Aula, um trabalho que utiliza a sétima arte como meio educacional.
Segundo as professoras da Escola Municipal Alencar Cardoso, Edênia Santos Carmo e Ana Maria dos Passos, a oportunidade de debater o desenvolvimento educacional e as produções das escolas em geral foi de grande valia para a aprendizagem do professor. “Todos tiveram a oportunidade de adquirir vários conhecimentos mediante a todos os projetos que foram apresentados e discutidos”, afirma Edênia Santos. “Essa experiência não houve nos anos anteriores. Espero que haja nos próximos. Porque foi muito enriquecedora”, acrescenta Ana Maria Passos.
“Parede de Idéias”, projeto da escola Letícia Soares de Santana; “Intercâmbio Cultural”, trabalho desenvolvido pela EMEF Alencar Cardoso; “Arteiros”, projeto idealizado pelo professor Ítalo Correia da EMEF Juscelino Kubitschek; “Folcloriar: Cultura Popular na Educação Física”, desenvolvido pela escola Freitas Brandão; “Coordenadores do Recreio”, da Escola Municipal Carvalho Neto; e “Cine-Fórum de Comunicação em Sala de Aula”, projeto da EMEF José Araújo Santos foram os projetos discutidos na tarde de ontem.

Feira de exposição

A feira de exposição dos projetos pedagógicos também foi muito visitada.
Desposto timidamente, o pequeno estande do Clube de História Oral atraia a atenção do público pela reunião compenetrada dos estudantes da escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Rita de Cássia, bairro América.
Na tentativa de motivar os alunos, o professor de história, Dilton Maynard, resolveu iniciar um projeto de estudo e descoberta do bairro América por meio da História Oral, com a pretensão de construir um acervo iconográfico sobre o bairro onde moram os alunos da escola.
Respeitando os relatos, muitas vezes divergentes, sobre o passado vivido pelos moradores do bairro, os alunos da 6ª série b agem como repórteres historiadores. Munidos de gravadores, cedidos pelo próprio professor, eles visitam as casas dos mais antigos moradores em busca de depoimentos.
É preciso horas de entrevista para se obter um relato linear e aproveitável como depoimento histórico. Para instruir os alunos na condução das entrevistas, filmes de relatos históricos construídos basicamente de forma oral, como ‘Os Sobreviventes do Holocausto’, sobre os campos de concentração nazista, foram apresentados pelo professor. Eles também aprenderam a planejar e fazer um roteiro de perguntas para não se atrapalhar ou não ter o que perguntar.
“As primeiras entrevistas foram bem curtas devido à falta de preparo. As pessoas ficavam respondendo sim ou não, quase não diziam nada”, diz o aluno Pedro Vinícius Siqueira Santos, 13 anos.
Seis pessoas já foram entrevistadas pelos garotos e algumas descobertas surpreenderam o grupo. “O pai de um dos meninos possui fotos do Arraial do bairro América. Ficamos muito felizes em saber disso porque nós também queremos catalogar essas fotografias, elas são raridades”, explica o professor Dailton Maynard. “Poucas pessoas podiam tirar fotos antigamente. O equipamento era e ainda é caro. Principalmente para uma comunidade carente”, explica.
Um fato como esse ter acontecido, ressaltou outro aspecto histórico importante. “Eles puderam ver que muitas vezes o herói é a pessoa que está ao lado, em casa. Seu pai ou um membro da sua família”, afirma o professor.
Edval Antônio de Góis Junior, 13 anos, e José Lima de Rezende, 14, membros do grupo afirmam ter adorado poder conhecer a história do bairro onde foram criados. “As pessoas agora estão convidando a gente para entrevistá-las. Outras contribuem com o que podem, com qualquer informação que conseguem lembrar”, comentam. “É interessante ouvir as diferentes opiniões das pessoas. A polícia comunitária, por exemplo. Têm pessoas que dizem que quando ela chegou no bairro foi bem melhor por que deu proteção. Outras já dizem que ela era violenta”, contam.
O Clube de História Oral irá aproveitar as férias para adiantar o projeto. Eles têm um cronograma de atividades agendado até agosto de 2004.
Como meta final, o clube pretende fazer um livro atualizado e diferente, registrando a identidade da comunidade, resgatando a auto-estima do povo e contando as várias versões do Bairro América.
Anjo da Guarda: O Ajudante do Dia, projeto realizado em tempo integral com as crianças de 4 anos da Escola Municipal de Ensino Infantil Júlio Prado Vasconcelos, encantou os visitantes do período vespertino.
“Meu anjo da Guarda. Meu bom amiguinho. Me leve sempre para o bom caminho” foi a oração utilizada pela estagiária de pedagogia Fátima Beatriz para o desenvolvimento do projeto. “Havia uma necessidade de acalmar crianças porque elas estavam muito agressivas. Eles só queriam brigar e discutir. Então o projeto precisou ser implantado”, explica.
Todos os dias, uma criança age como Anjo da Guarda de outra, tanto para proteger como ajudar nas tarefas. E um dos alunos é escolhido para ser o ajudante dos professores durante todo o dia.
Segundo Fátima Beatriz, dessa forma as crianças passaram a se sentir mais responsáveis e importantes. “Esse não é um projeto com resultado em curto prazo, mas a gente já começou a colher os frutos. As crianças já estão mais sossegadas. Estão mais amigas, mais responsáveis, mesmo tendo apenas 4 anos”, disse.
Esse foi um projeto que envolveu toda a comunidade escolar. “As crianças também aprenderam algumas palavrinhas mágicas, como ‘desculpe’, ‘perdão’, ‘obrigada’, ‘bom dia’, ‘boa tarde’, e queriam usar com todos que encontravam”, afirmou a professora.
O projeto agora fará parte das atividades diárias da escola e a partir do próximo ano, a coordenação pretende estender os ensinamentos para os alunos de 5 e 6 anos.
“Muitas das nossas crianças são orientadas apenas na escola. Quando você vê uma criança desajeitada, que só pensava em destruir e criar confusão, mudar e se tornar tão dócil e amorosa, é muito gratificante. Claro que eles ainda fazem bagunça de vez em quando, afinal isso é coisa de criança”, declarou a coordenadora Geral da escola.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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