Tratamentos fora do Estado beneficiaram 1,9 mil pacientes em 2007

Mais de 1,9 mil pessoas foram atendidas no ano passado pelo programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), executado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) através do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case). A iniciativa garante aos pacientes atendimento médico-hospitalar em outra unidade da Federação quando esgotados todos os meios de tratamento em Sergipe, desde que haja possibilidade de cura total ou parcial. Aproximadamente R$ 1,6 milhão foi investido em 2007 para custear as despesas com o programa.

"O TFD é um instrumento legal que assegura, via Sistema Único de Saúde, atendimento médico-hospitalar em unidades de saúde de outros estados como Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e também no Distrito Federal. Para a capital pernambucana, por exemplo, são encaminhados pacientes que precisam de transplante de medula óssea", explicou a gerente administrativa do Case, Ortência Cavalcante.

Segundo ela, o programa atende a pessoas que precisam se submeter a procedimentos médicos de alta complexidade que não são realizados pelo SUS em Sergipe. "São casos graves de anomalias ortopédicas, complicações cardíacas e outros problemas", disse, acrescentando que grande parte dos atendimentos se refere a pacientes que precisam de transplante de órgãos. No ano passado, do total de 1.963 pessoas atendidas pelo TFD, 386 foram casos de transplantes.

Além de viabilizar assistência médico-hospitalar em unidades de saúde de outros estados, o programa concede os meios para deslocamento e uma ajuda de custo para pequenas despesas. "São passagens aéreas ou terrestres, depende da distância e da complexidade de cada caso. É importante frisar também que o TFD dá direito a um acompanhante para os pacientes de idade avançada e aqueles que apresentam dificuldade visual ou de locomoção", frisou Ortência.

Para ter acesso ao Tratamento Fora do Domicílio, o paciente deve procurar o Núcleo de Atenção Especial do Case. Lá existe uma equipe multidisciplinar composta por médicos, assistentes sociais, técnicos em enfermagem e assistentes administrativos para avaliar e acompanhar os pedidos e processos em todas as etapas. Seguindo determinação do Ministério da Saúde, o serviço tem caráter eletivo e não de urgência.

Acompanhamento

O aposentado João Guimarães é um dos pacientes cadastrados no TFD. Há três anos ele se submeteu a um transplante de fígado, em Salvador, no Hospital Português. "Como o procedimento me deixou com a imunidade muito baixa, é preciso manter um tratamento ininterrupto. A cada dois meses preciso me deslocar até a capital baiana para uma nova sessão de exames, e é por meio do programa que consigo as passagens aéreas", disse.

A garantia das passagens não é o único benefício que João Guimarães consegue através do Case. O aposentado também faz uso contínuo do medicamento Prograf, recomendado para combater a rejeição ao transplante. "Atualmente tomo apenas três comprimidos por dia, mas já cheguei a tomar 17 cápsulas diariamente. Tudo isso representa uma despesa extra que nem todos podem arcar", frisou o aposentado.

A dona de casa Maria José das Neves foi até o Case nesta segunda-feira, 11, para buscar duas passagens para o Rio Grande do Norte, onde o seu neto Fernando Kaynan, de apenas seis anos, fará uma nova avaliação do implante coclear. "Ele nasceu surdo porque a mãe teve rubéola durante a gravidez. No entanto, graças a essa tecnologia que tivemos acesso, hoje Fernando leva uma vida normal", garantiu Maria José, comentando que o neto é muito comunicativo e possui um bom desempenho na escola.

O implante do pequeno Fernando foi colocado no Centro Suvag do Rio Grande do Norte, unidade de saúde que há mais de 25 anos auxilia pacientes no processo de reabilitação auditiva e da fala. "Só o aparelho custava em média R$ 53 mil. Além disso, sabíamos que ele precisaria retornar diversas vezes para novas avaliações, o que representa uma despesa exorbitante. Felizmente podemos contar com esse benefício do governo", afirmou.