Saúde viabiliza primeira correção de aneurisma abdominal em SE

Um convênio firmado entre a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e o município de Aracaju com a Fundação de Beneficência Hospital Cirurgia (FBHC) proporcionou a realização de um procedimento inédito em Sergipe, a correção endovascular de um aneurisma da artéria aorta abdominal. A intervenção, realizada em um paciente de 64 anos no último fim de semana, é feita para desviar o fluxo de sangue do paciente com aneurisma (dilatação) da artéria aorta.

De acordo com o médico radiologista e intervencionista Christian Oliveira, coordenador do setor de Hemodinâmica do FBHC e da equipe que realizou o procedimento, a correção durou cerca de duas horas. O paciente passou a noite de sábado em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Cirurgia e recebeu alta nesta segunda-feira, 27.

"Antes se fazia uma cirurgia, com um corte de grande extensão no abdome do paciente, para colocar uma prótese. O paciente ficava dois dias na UTI e mais três na enfermaria, precisava de transfusão sangüínea e corria o risco de possíveis complicações como disfunção sexual e respiratória, por exemplo. Com o novo procedimento, o paciente saiu daqui andando", explicou Christian.

O procedimento

Segundo o médico, esta correção se faz com dois pequenos cortes de 2 centímetros em cada virilha, por onde se introduz uma prótese de teflo (material anti-aderente), com anestesia raqui ou local. "A prótese age como um airbag", informou o médico. De acordo com ele, sem o devido tratamento, o índice de mortes de pacientes com este tipo de aneurisma pode chegar a 90%.

"O aneurisma abdominal é o mais freqüente da aorta, a estimativa é que 1% da população tenha este problema. O diagnóstico deste paciente específico foi feito no ano passado, mas não tínhamos condições de fazer este procedimento de alta complexidade. Só conseguimos agora, graças ao convênio", disse o especialista.

A correção endovascular diminui muito as complicações, não demanda muito tempo de internação nem transfusão de sangue e não compromete as funções sexuais e respiratórias do paciente. "É um método tão eficiente quanto a cirurgia, mas não há tantos riscos. Esta foi a primeira vez que este procedimento foi realizado em Sergipe, mas no mundo a primeira correção aconteceu em 1991 e no Brasil em 1997", acrescentou.

O procedimento foi realizado num servidor público estadual aposentado, residente em Aracaju, via Instituto de Previdência do Estado de Sergipe (IPES). A segunda correção será realizada daqui a duas semanas, também pelo IPES. Segundo Christian Oliveira, este procedimento deverá ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de janeiro de 2008.