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Por Maíra Andrade, da Ascom/Secult

Sob cânticos e ditados populares eles elaboram seus textos e constroem suas histórias. Os fatos do cotidiano também são utilizados e remontam de forma lúdica a importância do teatro e dos folguedos sergipanos. Assim é o Grupo Mamulengo de Cheiroso, que com 33 anos de estrada, encanta pessoas do mundo inteiro com seus bonecos engraçados ou tristes, mas, principalmente, encantadores.

Criado em 1978 pela professora e historiadora Aglaé Fontes, após a realização de uma oficina na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o grupo já nasceu com uma ideia fixa: fazer teatro com bonecos e falar sobre a cultura popular. A semente plantada pela professora Aglaé deu frutos tão bons, que Augusto Barreto, que participou da oficina, deu continuidade a trupe e de lá para cá só tem tornado o Mamulengo de Cheiroso ainda mais forte e merecedor dos inúmeros prêmios e conquistas adquiridas no decorrer dos anos.

“O Mamulengo é minha vida. Em 1980, com dois anos de grupo, me tornei diretor e já contava com uma equipe de sete pessoas. A partir daí não paramos mais e começamos a montar nossos espetáculos. Hoje desenvolvemos também oficinas e projetos na área de saúde, prevenção, entre outros”, explica Augusto Barreto, coordenador e co-fundador do grupo.

Augusto conta ainda que nesses 33 anos de estrada o grupo circulou por várias partes de Sergipe, do Brasil e até do mundo. “Viajamos constantemente para fora do Estado, e para fora do país, como Portugal, França e Espanha. Inclusive no mês de setembro estivemos em Florianópolis nos apresentando no 11º Encontro das Nações”, acentua.

A professora Aglaé Fontes se emociona ao falar do Mamulengo de Cheiroso, pois seus motivos não são poucos. Ela, que fundou o grupo, sente por ele grande orgulho, afinal, ele se tornou referência no país no quesito teatro de bonecos. “É uma alegria muito grande ver que eles começaram de um trabalho iniciado por mim e deram muito certo fazendo arte. Busquei com este grupo voltar o teatro para a cultura popular e nisto eles sempre foram muito fies, sem nunca deixar de trabalhar nossos contos, danças e folguedos, sendo grandes defensores da nossa sergipanidade”, analisa.

Quem também se emociona ao lembrar como e quando entrou no grupo é a atual diretora Ananda Barreto. Sobrinha de Augusto, ela cresceu em meio a bonecos e contos folclóricos, e desde pequena sentenciou que este seria seu destino. “Eu dizia que quando crescesse faria parte do grupo, mas passei muito tempo fora do estado e isso demorou um pouco a acontecer. Quando retornei, voltei a me interessar e Augusto me convidou para a direção. As vezes nem acredito que isso está acontecendo, pois é uma coisa que está comigo desde criança e que virou uma verdadeira paixão”, confessa.

Conquistas de um Ponto de Cultura

A trajetória do Mamulengo de Cheiroso já era vitoriosa por si só, afinal, com mais de trinta anos de estrada o grupo conseguiu respeito e admiração dos sergipanos e de muitos brasileiros das cidades por onde eles passaram. Mas como nem tudo são flores para quem trabalha com arte, dificuldades foram surgindo e muitas vezes atrapalharam o bom andamento e funcionamento do grupo.
 
Mas uma boa notícia veio em 2010 e mudou para sempre a realidade de Augusto e seus companheiros que escrevem a história do Mamulengo de Cheiroso: os Pontos de Cultura. A ação, que faz parte do Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura (Minc), adotado pela Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe (Secult), articula várias ações desse programa, através de iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil, firmando convênios, por meio de seleção por editais públicos. Através deles os Pontos são responsáveis por articular e impulsionar as ações que já existem nas suas comunidades, levando ainda mais cultura para todos os espaços do país.

Atualmente, existem mais de 650 Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil e 30 deles estão em Sergipe, levando cultura para pessoas de diversos municípios. O Mamulego de Cheiroso é um deles, e recebe anualmente uma verba para poder realizar ainda mais ações e melhorar sua estrutura física, a fim de oferecer maior comodidade às pessoas que passam por lá.

“Fizemos nosso projeto com foco na melhoria da estrutura, compra de materiais para modernizar nossa sede e principalmente na realização de oficinas, para multiplicar nosso conhecimento e trazer ainda mais pessoas para o mundo do teatro de bonecos”, comenta Ananda Barreto.

Ela completa que o Ponto veio a acrescentar um maior apoio, além de ajudar o grupo a levar adiante essa tradição tão relevante no Estado. “Foi maravilhosa essa iniciativa, pois estamos podendo expandir esta manifestação artística e popular. Estamos jogando sementes e esperamos que delas, floresçam quem sabe outros grupos de teatro de bonecos em Sergipe”, ressalta a jovem.

A secretária de Estada da Cultura, Eloisa Galdino, retrata a atuação do Mamulengo de Cheiroso como fundamental para a cultura sergipana, e completa o quanto a conquista do Ponto de Cultura foi fundamental para o grupo. “O Mamulengo é um grupo tradicional e que faz parte da história e da arte de Sergipe. Não há nada mais compensador para nós, que somos do poder público, ver o quanto uma iniciativa nossa auxilia as pessoas que fazem esta trupe. Histórias como esta, só nos mostram quem o trabalho desenvolvido na Secult está no caminho certo, e está beneficiando a cultura sergipana como um todo”, comemora a gestora.

A verba destinada ao Ponto foi fundamental para que o Mamulengo de Cheiroso se desenvolvesse. Hoje, o grupo funciona da casa de seu co-fundador Augusto Barreto, que separou um espaço e fez algumas melhorias no mini-auditório já existente, com o dinheiro adquirido através do Ponto de Cultura.

“Manter um grupo de teatro, principalmente de bonecos, não é fácil. É preciso fazer trabalhos artesanais que necessita de logística e de material. Isso tudo acarreta custos e o Ponto nos deu subsídios para arcar com eles. Através dele conseguimos ainda reformar nossa sede, comprar equipamentos como iluminação, som, TV, gravadores, amplificadores, refrigeração com ventiladores apropriados, ou seja, tudo para melhorar nosso trabalho e dar ainda mais força para nossa cultura. Sem dúvida, o Ponto fez o grupo se estruturar mais”, assegura Augusto Barreto.

Multiplicando o conhecimento

Além da estruturação do grupo, o Ponto de Cultura proporcionou para alguns aracajuanos, três oficinas para iniciação no teatro de bonecos. Os cursos foram destinados a pessoas da comunidade onde o Ponto está inserido, portadores de necessidades especiais e a sócio-educadores dos Centros de Referência e Assistência Social (Cras).

Na pauta das oficinas, a confecção de bonecos como um todo, passando pela introdução da história dessa arte, práticas de manipulação, interpretação, além da confecção, montagem de bonecos e criação de esquetes para serem apresentadas no final do curso. Cada oficina durou dois meses e meio e beneficiou ao todo mais de 50 pessoas. “A intenção da oficina é preparar pessoas para multiplicar este tipo de manifestação, e acredito que conseguimos isto, pois em todas elas os participantes saíram satisfeitos e dispostos a dar continuidade ao trabalho”, observa Ananda Barreto.

Para os sócio-educadores dos Cras, que estiveram da última oficina, o sentimento era de muito conhecimento adquirido e de oportunidade em levar o trabalho adiante.  “Atuo com a música e acho que ela tem tudo a ver com a arte e o teatro. Por isso busquei a oficina como forma de unir as duas e juntamente com a música, trabalhar o teatro de bonecos e abrilhantar ainda mais minhas aulas”, aponta Uellinton Menezes de Oliveira, que é professor de musicalização infantil em escolas particulares de Aracaju.

Outra pessoa que estava radiante com os conhecimentos obtidos no curso era a sócio-educadora do Cras do Porto Dantas, Anne Melício. Para ela que nunca havia tido contato que nenhuma manifestação teatral, o oficina foi um verdadeiro aprendizado para a vida.

“Vim pela curiosidade e não fazia a mínima ideia de como era. Adorei a proposta da oficina e para mim foi uma satisfação pessoal. Eu não conhecia a magia do teatro, que tanto a professora Aglaé falou na aula de abertura, mas quando coloquei a mão no boneco, essa magia tomou conta de mim e fiz coisas que nunca havia imaginado fazer. Com certeza o aprendizado adquirido aqui, vai além do trabalho. É um aprendizado para toda a vida”, reconhece a jovem professora.

Além das três oficinas encerradas neste mês, outras ações estão sendo planejadas pelo Ponto para o ano que vem. Para ficar por dentro de tudo que acontece com o Ponto de Cultura Mamulengo de Cheiroso, acesso o blog mamulengodecheiroso.blogspot.com, ou entre em contado pelo telefone (79) 3223-1070. O Mamulengo de Cheiroso fica localizado na Rua Igaruana, nº 127, conjunto Beira Mar I, bairro Aeroporto, em Aracaju.

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