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“Acho esse sistema justíssimo. Às vezes, as pessoas têm um simples problema de saúde, deixam de procurar o posto mais próximo de casa, pois preferem ir logo para o hospital. No meu caso, vim para Lagarto porque na minha cidade o posto estava sem médico. Outros hospitais deveriam copiar esse modelo”. A declaração é da professora de ensino fundamental Edivânia da Conceição, de 29 anos, após assistir, nesta terça-feira, 7, a uma exposição sobre o Acolhimento com Classificação de Risco, modelo de assistência à saúde adotado pelo Hospital Regional de Lagarto Monsenhor João Batista Carvalho Daltro.

Natural de Simão Dias, município também da região Centro-sul do Estado, distante cerca de 25km de Lagarto, a professora, acompanhada do marido, o estofador Edson Batista Santana, de 35 anos, chegou ao Hospital Regional Monsenhor Carvalho Daltro suspeitando que estivesse com dengue. “Estou com essas manchas avermelhadas pelo corpo, mas não tenho febre, nem dor de cabeça”, explicava numa referência a outros sintomas clássicos da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.

Enquanto aguardava a avaliação da Classificação de Risco, a educadora, que depois descobriu estar com quadro de intoxicação alimentar, ouviu atentamente a exposição sobre o modelo assistencial feita pelo enfermeiro Oldegar Alves Júnior, coordenador do Pronto-Socorro da unidade, gerenciada pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).

A palestra faz parte do projeto ‘Socialização do Acolhimento com Classificação de Risco’, iniciado esta semana pelo Hospital Regional de Lagarto com o objetivo principal de disseminar informações entre a população local e esclarecer os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos na unidade sobre como funciona esse sistema adotado hoje em todas as unidades da rede estadual de urgência e emergência de Sergipe.

Também na recepção da Área Azul do hospital estava o advogado Gilton Freire, de 49 anos, natural de Riachão do Dantas, outro município da região Centro-Sul. Com uma urgência ortopédica ( fratura do dedo anelar), ele procurou uma clínica particular de sua cidade, onde, depois de submeter-se a uma radiografia da mão direita, disse ter sido orientado a procurar o Hospital Regional de Lagarto.

“Lá indicaram que procurássemos o hospital de Lagarto para uma avaliação ortopédica e da radiografia”, declarou. Ele considerou justo o fato de o hospital priorizar o atendimento pela gravidade do paciente. “Isso é corretíssimo. Embora na clínica particular o atendimento seja feito por ordem de chegada, isso não significa que seria melhor do que aquele prestado aqui”, ressaltou o advogado.

Projeto

O Acolhimento com Classificação de Risco é um dispositivo da Política Nacional de Humanização (PNH), do Ministério da Saúde. Esta classificação foi implantada nas unidades da rede hospitalar de urgência e emergência com a Reforma Sanitária e Gerencial do SUS, executada pelo Governo de Sergipe a partir de 2007 por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).

De acordo com o coordenador do Pronto-Socorro, o projeto ‘Socialização do Acolhimento com Classificação de Risco’ será desenvolvido em etapas distintas, com ações intra e extra-hospitalares. “Inicialmente ele foi apresentado no Colegiado Multiprofissional ampliado do hospital, composto por médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, assistentes sociais, nutricionista, fisioterapeuta e pessoal administrativo”, disse Oldegar Alves, acrescentando que na segunda fase o projeto prevê exposições direcionadas aos usuários do SUS atendidos na unidade, como a realizada nesta terça-feira.

Segundo o enfermeiro, a terceira etapa do projeto prevê a realização de ações extra-hospitalares de esclarecimento da população local de como funciona o hospital e o Acolhimento com Classificação de Risco. “A idéia é mobilizar sociedade, os veículos de comunicação e os poderes constituídos locais – prefeitura e câmara de vereadores – para podermos disseminar informações junto à população sobre o que é e como funciona o Acolhimento”, salienta.

Para tanto, o coordenador do Pronto-Socorro informou que, com o apoio da FHS, será necessário formar uma comissão gestora, entre a Atenção Básica do município e a hospitalar, com o objetivo de referenciar melhor o paciente, a fim de garantir que para o HRL sejam encaminhados apenas os casos realmente de urgência e emergência. “A intenção é atender o paciente dentro do âmbito hospitalar e depois, a partir de sua classificação de risco e a depender de cada caso, referenciá-lo para a continuidade do tratamento”, reforça Oldegar Júnior.

Entre as ações extra-hospitalares a serem desenvolvidas está a inclusão de palestras sobre o modelo assistencial para a população lagartense em dias de feira-livre, em estandes montados e pactuados com a Atenção Básica do município, onde também seriam oferecidos outros serviços de saúde, como a aferição da pressão arterial e do nível de glicemia. “A idéia é realizarmos esse tipo de ação com o apoio do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da Fundação Hospitalar e envolvermos nessa parceria os alunos de enfermagem da Faculdade Ages, de Paripiranga (BA), que já fazem estágio no hospital”, explicou.

Classificação de risco

Desde quando entrou em funcionamento, em julho de 2010, o Hospital Regional de Lagarto adota o Acolhimento com Classificação de Risco, que é uma forma eficiente e humanizada de atendimento à população. Trata-se de um método idealizado no Canadá, no final da década de 90, por profissionais que atuam na área de emergência, com o objetivo de tornar os atendimentos dinâmicos e humanizados, priorizando os pacientes conforme a sua gravidade.

A Classificação de Risco se dá basicamente em quatro níveis: Vermelho, cujo risco é altíssimo, inclusive de óbito e o atendimento deve ser imediato; Amarelo, cujo risco é alto e também deve ter assistência imediata; Verde, cujo risco é considerado moderado, com atendimento em até 2 horas; e Azul, de risco baixo, com atendimento por ordem de chegada.

A aplicação desse modelo, no entanto, não está restrita à fase inicial do atendimento ao paciente, mas se estende a todas as alas do hospital. “A classificação de risco é dinâmica. Ela funciona não apenas na entrada, mas também em todo o processo do paciente dentro da unidade hospitalar”, explica o enfermeiro Jardel Martins, coordenador de Internamento do HRL.

De acordo com o profissional, mesmo que o risco inicial do paciente tenha sido baixo, sua classificação pode ser alterada a partir da evolução de seu quadro clínico no hospital. “Mesmo que esse paciente tenha sido classificado com uma cor que identifica um cuidado mínimo, durante a permanência dele no hospital, esse paciente pode vir a agravar e, aí sim, muda o tipo de classificação. Sai da Área Verde para as classificações Amarela e Vermelha, que são críticas”, salienta.

Assim, segundo Jardel Martins, pacientes que antes estavam numa ala de internamento de baixo risco podem ser transferidos para a semi-intensiva ou a UTI, que são unidades para pacientes graves. “Por isso, o modelo de classificação de risco envolve o atendimento em toda a unidade hospitalar, desde o pronto-socorro até o internamento, onde se desenvolve todo o processo de tratamento para a melhoria da assistência ao paciente”, ressaltou.

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