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‘Navio Negreiro: em que cais aporta o teu preconceito?’ é a indagação sugerida pelo arte-educador Euler Teles a fim de que uma nova visão de mundo seja incorporada pelos estudantes do Colégio Estadual Doutor Carlos Firpo, localizado no município de Barra dos Coqueiros, na Grande Aracaju. Através do projeto assim denominado, 60 adolescentes e jovens estão conhecendo técnicas teatrais, usando como referência a interpretação do texto literário ‘Navio Negreiro’, cuja autoria é do poeta baiano Castro Alves.

A ação só se tornou possível graças à aprovação do referido projeto no Edital de Apoio a Oficinas Culturais, realizado pelo Governo de Sergipe, através das secretarias de Estado da Cultura (Secult) e da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (Seides), e que integra o ‘Sergipe Mais Justo’, plano estadual de combate à pobreza extrema. Os encontros, também proporcionados a outros moradores da localidade, acontecem todos os sábados, a partir das 8h e das 14h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental João Cruz.

Redimensionamento do preconceito étnico

Ao passo em que utilizam as técnicas teatrais e as adaptam ao conteúdo textual, os alunos inseridos no projeto protagonizam discussões sobre o redimensionamento do preconceito étnico nos dias atuais. De acordo com Euler Teles, as expressões corporais e vocais, bem como os exercícios que desenvolvem os diferentes olhares em cena, são alguns dos itens que compõem o processo de aprendizagem.

“Além dessas atividades, faremos uso das improvisações direcionadas para o tema, que por ser de tamanha amplitude, nos conduz à abordagem de outras questões pertinentes, a exemplo do preconceito que assola homossexuais, mulheres e outros grupos vulneráveis”, explica o arte-educador.

Durante as improvisações, grupos de alunos passam a adaptar fragmentos da obra de Castro Alves em pequenas encenações que, posteriormente, comporão um grande espetáculo. Em meio a um processo colaborativo, os adolescentes e jovens, agora muito mais conhecedores das artes cênicas e da polêmica a ser abordada, terão o privilégio de serem co-participantes de todas as etapas de construção da peça.

Protagonismo juvenil

“A atuação juvenil é a principal meta a ser alcançada no projeto ‘Navio Negreiro: em que cais aporta o teu preconceito?’. Concluídos os trabalhos, os participantes terão adquirido maior facilidade de aproximação, visto que estudantes de diferentes turmas e demais moradores do município passaram a interagir com frequência; sentirão mais afeição pela prática da leitura e pela Literatura Brasileira; e por fim, possuirão um senso crítico mais aguçado, capaz de transformar a realidade que os cercam”, detalha Euler.

Grande incentivador do projeto, Daniel dos Santos, 16 anos, é presença garantida nos dois encontros semanais. “Tenho no projeto a possibilidade de relaxar e de preencher a mente com informações precisas, que seguirão comigo em todos os dias da minha vida. O que tenho a fazer é aproveitar o máximo a aprendizagem sobre cultura, arte e comportamento para seguir aperfeiçoando todas essas riquezas adquiridas”, conclui o aluno, que pretende realizar outros cursos de teatro após a conclusão do projeto.

No decorrer dos encontros, a jovem Erlucy Rodrigues confessa ter sido despertada para uma nova atenção dada aos cidadãos vítimas de preconceito. “A histórica discordância entre negros e brancos não era tão compreendida antes do projeto. Posso declarar que não só passei a conhecer o assunto, como também a entendê-lo de forma mais realista, ou seja, adaptando essas tais divergências a outros grupos tão vulneráveis quanto o dos negros. Sinto que estou me desenvolvendo como estudante, como aprendiz da arte cênica e como cidadã transformadora do meio em que vive”, analisa Erlucy.  

Prêmio Funarte de Arte Negra

Mesmo sendo idealizado por Euler Teles, o projeto ‘Navio Negreiro: em que cais aporta o teu preconceito?’ é uma realização do arte-educador e dos integrantes do  grupo teatral ‘A Tua Lona’, natural de Barra dos Coqueiros. Para que os 60 alunos do projeto tivessem noção do que é um espetáculo cênico, o grupo os contemplou com uma encenação que aguçou a inspiração dos adolescentes e jovens.

Em virtude do interesse aparente dos novos aprendizes, Euler Teles pretende utilizar o recurso que poderá ser adquirido através da Fundação Nacional das Artes (Funarte), após habilitação do projeto ‘Em que cais aporta o seu preconceito’ ao Prêmio Funarte de Arte Negra. Esse e mais 24 projetos já foram habilitados e agora passarão pela avaliação de uma comissão de seleção composta por 12 membros.

O Prêmio foi lançado pela Funarte, em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR). O edital prevê a premiação de 33 projetos nas áreas de artes visuais, circo, dança, música, teatro e preservação da memória.

Concorrem ao Prêmio artistas, produtores culturais e instituições privadas (com ou sem fins lucrativos, de natureza artística e/ou cultural), desde que comprovem experiência no desenvolvimento de atividades artísticas que conservam elementos das culturas de matriz africana e/ou realização de trabalhos com temas ligados à experiência social e política da população negra dentro e fora do Brasil.

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