Produção de pimenta em Lagarto cresce com o ingresso de novas variedades
Os agricultores do município de Lagarto, atendidos pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), comemoram os excelentes resultados no cultivo de pimenta, motivados pela compra da maior parte da produção anual pela empresa Maratá. Em 2011, foram quase mil toneladas de pimenta produzidas, montante que tende a aumentar em 2012, com a introdução do cultivo da variedade ‘biquinho’. Somando às antes cultivadas malagueta e jalapeño, aumenta a participação destes produtores no mercado.
A Cohidro tem papel fundamental nesse processo, pois é quem fornece a irrigação, único meio para o cultivo dessas espécies vegetais em escala industrial no Agreste Sergipano. São 30 os produtores de pimenta que têm seus lotes compreendidos pelo abastecimento do Perímetro Irrigado Piauí, unidade da Companhia no município. Além de prover aos irrigantes a água de forma gratuita, atua continuamente orientando o agricultor com a assistência técnica.
Produtor rural atendido pelo perímetro Piauí, Gidelson Gonçalves dos Santos explica que as pimentas Biquinho, Capsicum Chinense são utilizadas pela indústria para envasamento e venda em forma de conserva, desta forma, exige um padrão de qualidade superior às demais produzidas no município. “Após a florada, vem a primeira brotação, essa produz os melhores frutos e que são diretamente vendidos para a Indústria Maratá. A segunda brotação produz frutos menores, que então fornecemos a outras indústrias de Minas Gerais e São Paulo, por um preço menor”, diz o agricultor que colhe cerca de 2 toneladas da primeira e melhor floração da pimenta Biquinho, em cada uma das safras em seus três mil pés, comercializando-as por R$ 5 o quilo.
Outro produtor de pimenta em Lagarto é Luiz Barbosa, que cultiva somente cinco tarefas de terra e colhe 4 toneladas anuais da pimenta. “Colho meia tonelada de biquinho em uma tarefa de terra e três de malagueta, em duas tarefas. Mesmo a malagueta rendendo mais, a biquinho, por não arder, facilita muito na colheita”, relaciona as duas variedades hoje mais produzidas no perímetro irrigado Piauí.
William Domingos Silva, técnico agrícola do perímetro Piauí, acompanha de perto o desenvolvimento da nova variedade em Lagarto e se esforça para transmitir aos irrigantes o método de manejo da biquinho. “São duas safras anuais, compreendendo as duas brotações cada uma. Após a colheita da segunda florada, um mês depois da primeira, os pés de pimenta são eliminados e ocorre um novo plantio. Depois de três meses, vem então a primeira floração do novo pé, reiniciando o processo”, explica.
A pimenta biquinho ganhou notoriedade na mesa do brasileiro rapidamente pela baixa ardência, sabor e aroma peculiares, sendo consumida em saladas ou sozinha, como aperitivo. Por ser comercializada no varejo, força ao agricultor a ter mais cuidado com o estado do fruto a fim de garantir a aceitação na indústria. “Essa pimenta não serve para colheita no inverno, com a chuva ela fermenta e racha, fazendo a indústria perder interesse por ela. Não é todo mundo que se dá bem com seu cultivo, tem quem perca toda a produção por não prestar atenção nesses detalhes”, esclarece o agricultor Gidelson Gonçalves.
Malagueta e Jalapeño
Com uma área colhida de 80,5 hectares em 2011, a pimenta malagueta ainda corresponde pela maior área plantada no município, principalmente pelo interesse que a Indústria Maratá tem pelo produto para produção de molhos. No mesmo ano, a produtividade dos irrigantes junto à Cohidro em Lagarto foi de 10 toneladas por hectare, produzindo 805 toneladas no total das áreas plantadas, fazendo render aos produtores do perímetro Piauí R$ 4,83 milhões de valor total da produção.
Já a variedade jalapeño, ou jalapenho, é utilizada pela indústria Maratá em Lagarto como complemento de polpa para o molho picante da malagueta, mas no México, de onde se origina, é bastante apreciada em vários pratos da culinária típica. No perímetro Piauí, em 2011, foram colhidas 182 toneladas da pimenta nos 14 hectares em que foi cultivada, fazendo chegar o valor total de produção em R$ 273 mil.
Pimenta do Reino
Em vista de expandir ainda mais o mercado fornecedor de pimentas para a indústria em Lagarto, o presidente da Companhia, Mardoqueu Bodano, juntamente com a gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira do Sacramento de Jesus, revelam que, em janeiro próximo, iniciam o plantio experimental da pimenta do Reino dentro da área irrigada pela Cohidro. “É uma aposta que vamos fazer, a fim de ampliar participação do mercado e variedade de produtos oferecida à indústria pelos produtores. Estamos com uma grande expectativa confiando no sucesso do projeto”, detalha Gilvanete que agradece o apoio da diretoria da empresa que não tem medido esforços para ampliar o mercado de pimenta em Lagarto.
“Fiz uma viagem ao Sul da Bahia e acompanhei o processo de produção da pimenta do Reino com ótimos resultados. Sendo lá o clima parecido com o nosso, não acredito que teremos problemas com mais essa variedade”, esclarece o técnico agrícola William Domingos sobre a variedade originária da Índia, que se adapta a climas quentes e úmidos, com umidade do ar em torno de 80% e temperatura média de 25ºC, índices bem próximos aos aferidos em Lagarto. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais do produto que é exportado para outros países.
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