Processo de alfabetização da criança surda é tema de mini-curso promovido pela Semed
Formado por educadores da rede municipal que trabalham com crianças surdas, o primeiro grupo de professores além de assistir às palestras “Estrutura Gramatical de Língua de Sinais” e “Regionalização da Língua de Sinais”, proferidas pela ministrante Myrna Salerno Monteiro, também foi instruído sobre os cuidados no tratamento promovido ao surdo. “Os surdos são diferentes dos outros deficientes. Ao contrário deles, sua primeira língua é Libras, que tem uma estrutura diferenciada do Português. Eles também têm uma cultura própria e uma forma de se expressar diferente”, informou a palestrante, também portadora de deficiência auditiva. “A forma de inclusão não estará certa, se o professor não estiver preparado; se ele não souber a linguagem própria dos surdos para poder transmitir os conhecimentos”, afirmou.
Ainda segundo Myrna Salerno, colocar um intérprete ao lado do professor também não é a solução. “O intérprete já passaria para os alunos surdos uma informação de certa forma diferenciada; não seria a mesma que as outras crianças receberam e também isso dificultaria a liberdade das crianças surdas fazerem perguntas. Tudo isso também confundiria e atrapalharia o desenvolvimento do professor. Ele é quem deve saber a linguagem”, explicou.
Mesmo encontrando uma turma bastante heterogênea, alguns professores já compreendem e se expressam fluentemente pela Linguagem de Sinais, outros estão apenas começando, a palestrante soube contornar bem essas diferenças. “Em todos as cidades que dou palestras me deparo com essa situação”, conta. “Simplesmente, mudo o programa e o adapto ao sistema da cidade. Geralmente, tenho que voltar ao básico, outras acelero. O tempo é pouco para fazer tudo que gostaria”, diz.
Coordenadora Pedagógica da Associação de Pais e Amigos do Deficiente Auditivo (Apada) e professora da rede municipal na Sala de Recursos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Sabino Ribeiro, Sônia Regina Carvalho Teles, educadora que participa do mini-curso, afirma que vem percebendo a evolução do tratamento dado ao surdo. “Nós hoje vemos que um maior número de pessoas vem se interessando pela questão do surdo”, constatou. “Isso está claro na preocupação que os profissionais têm em fazer um bom trabalho e que a Semed tem em estar sempre oferecendo espaços e cursos como esse”, afirmou.
Em relação ao Processo de Aprendizagem, ela disse que o trabalho está sendo desenvolvido de forma lenta. “O fato de algumas pessoas saberem muito e outras nem tanto, atrapalha um pouco o trabalho da professora”, contou. “No entanto, sabemos que é preciso dar uma chance a quem quer começar a aprender, senão, quando é que eles vão começar? A hora é essa. Quem não sabe junta com quem sabe e vice-versa. Dessa forma conseguiremos um bom resultado, dando chance a quem quer ensinar”, concluiu.
O curso será dividido em duas etapas. A primeira, iniciada ontem, vem sendo realizada das 8h às 12h e das 14h às 18h, e terminará na sexta-feira, dia 26. Nessa primeira etapa de mini-curso, todas as aulas serão ministradas por Myrna Salerno Monteiro. Já a segunda etapa será realizada no período de 29 a 2 de março, também das 8h às 12h e das 14h às 18h, e terá como palestrante Mônica Astuto Lopes Martins, com o tema “Parâmetros Curriculares Nacionais e as Adaptações para a Educação de Surdos”.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]
- Processo de alfabetização da criança surda é tema de minicurso promovido pela Semed – Fotos: Walter Martins