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Hoje, terça-feira, às 16 horas, será reinaugurada a Unidade de Qualificação Profissional do bairro Coroa do Meio, bem como a implantação de um laboratório de informática. A Unidade da Prefeitura de Aracaju, gerenciada pela Fundação Municipal do Trabalho (Fundat), passará a se chamar Unidade de Qualificação e Produção José Joaquim dos Santos (Zé do Sal), homenagem que está sendo prestada a um dos primeiros moradores daquela área.

A obra ficou orçada em R$ 76 mil. Com a ampliação daquela Unidade – localizada na rua Josué de Carvalho Cunha, 920 -, a capacidade de atendimento aos moradores da Coroa do Meio e adjacências foi aumentada, no que diz respeito à capacitação profissional.

Desde a implantação da Unidade da Coroa do Meio, em junho de 2001, esta é a primeira vez que ela passa por reformas. O espaço está mais aprazível, com sala de coordenação, salas de aula para cursos teóricos, laboratório de informática (um dos cursos mais procurados pelos cidadãos), recepção, sala estruturada para cursos de culinária, sanitários, inclusive um adaptado para Portadores de Necessidades Especiais (PNEs), entre outras dependências.

O presidente da Fundat, Carlos Magno Costa Garcia, afirmou que o montante para a realização das obras foi de R$ 76.868,42, recursos próprios da Prefeitura de Aracaju. Além disso, a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Sergipe (Fafen), por intermédio do gerente-geral Rosildo Silva, doou 15 computadores para utilização no laboratório de informática. "Não é a primeira vez que a Fafen mantém parceria com a Prefeitura. É uma empresa sensível às questões sociais", esclareceu.

Carlos Magno destacou ainda que a comunidade da Coroa do Meio será capacitada em diversos cursos, a exemplo de culinária, espanhol, inglês, informática e vários outros, de acordo com a necessidade apresentada. "O novo design permitirá o atendimento a um número maior de cidadãos, com mais conforto", lembrou.

Quem foi Zé do Sal?

Magno lembrou que a escolha do nome da Unidade deu-se em virtude de Zé do Sal ter sido o pioneiro na luta para a permanência de famílias naquela área. "Zé do Sal foi e é um exemplo para muitos daqueles que hoje moram na Coroa do Meio. Ele viveu em função das famílias que se encontravam naquela localidade", informou.

De acordo com Maria José dos Santos Oliveira, 53, filha do senhor José Joaquim dos Santos, o apelido Zé do Sal surgiu quando ela residia no Estado de Alagoas. "Meu pai trabalhava nas salinas, no fabrico de sal. Daí, Zé do Sal", disse.

Zé do Sal nasceu em 23 de maio de 1930, na cidade de Igreja Nova, Estado de Alagoas. Nos anos 70 deslocou-se à Aracaju em companhia da sua família, a esposa Lindaura Dantas, atualmente com 78 anos, e oito filhos. Todos foram direto para a Coroa do Meio, que até então era tida como uma ilha, devido às enchentes.

Em 1976, chega a Coroa do Meio, dona Josefa Vieira de Melo, uma mulher que exerceu papel fundamental ao lado de Zé do Sal. "Cheguei advinda de Nossa Senhora da Glória. Ao colocar os pés na Coroa do Meio, fui recebida por cinco famílias, entre elas a de Zé do Sal. Fui convidada para me integrar à luta para a permanência das famílias naquele local. Até então, não existia uma casa sequer em alvenaria; era só barraco", relembrou.

Josefa de Melo narrou que, naquela época, a fonte de sobrevivência das famílias era a pesca. "Zé do Sal e seus filhos pescavam da mesma forma que as demais famílias. Fui convidada para me unir na luta por um espaço, por uma moradia e seguimos juntos", reviveu.

Zé do Sal, dona Josefa e outros cinco líderes enfrentaram a polícia que adentrava na área para derrubar os barracos. Em 13 de abril de 1979, o grupo fundou a Associação em Defesa dos Moradores da Coroa do Meio e Zé do Sal foi o primeiro presidente, permanecendo por muitos anos.

"Quando a gente saía para reivindicar, para pedir que pelo amor de Deus nos deixassem permanecer no local, Zé do Sal dizia: ´Quem de nós ficará preso hoje?´ Eu respondia: ´Ninguém, mas se alguém ficar, tenha a certeza que a gente vigia a forma de tirar´", explicou Josefa.

Zé do Sal é tido como um homem honesto, trabalhador e guerreiro. "Era muito bondoso e só fazia o bem. Foi nosso grande líder", lembrou Josefa. E, após muitas idas e vindas, em 1982, a "guerra" chegava a um fim. O grupo conseguiu o direito de fincar moradia na Coroa do Meio.

"Chegamos como índios; nos transformamos numa grande família. A união era a nossa marca. As famílias de Ciriaco, Salvador, Júlio, Bernardo, Zé do Sal e a minha iniciaram tudo. Foi a nossa revolução", destacou Josefa.

Zé do Sal faleceu por volta de 1988, deixando boas lembranças. Conforme a filha Maria José, seu pai morreu vítima de um câncer no esôfago. "Tenho orgulho do meu pai; foi um grande homem. Não tinha medo da polícia armada. Seu pensamento era somente beneficiar as famílias que necessitavam de um local para morar", comentou emocionada.

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