Prefeitura continua assistindo famílias que moravam em área com risco de desabamento
No bairro Santos Dumont, antigos moradores do Morro do Tangará lembram dos riscos que enfrentavam no período das chuvas. “Quando chovia a gente tinha medo de cair. Eu ficava procurando plástico para poder cobrir as coisas dentro de casa”, diz a dona de casa Maria Clara Souza, 50, que viveu 15 anos no Tangará. “O morro escorregava demais e a gente corria o risco de cair na lama. A gente era acostumado a levar cada queda…”, completa o esposo, Antônio dos Santos, 63. Eles residem com mais dois filhos e uma neta na casa alugada pela PMA.
Desde janeiro morando em casas que dispõem de estrutura adequada, com sanitário e ligadas à rede de esgoto, essas famílias já não enfrentam as dificuldades do passado. “Não tinha banheiro dentro de casa e quando a gente fazia as necessidades tinha que jogar no mato. Água só chegava de madrugada, ia embora umas seis horas da manhã e era uma torneira só para todo mundo”, destaca Luiz Carlos Costa, 40, desempregado.
Segurança e dignidade
Não era apenas o risco de desabamento que assolava os ex-moradores de casas de taipa. “O morro era perigoso, para sair de casa a gente tinha que deixar alguém, pois poderiam roubar nossas coisas. Um vez roubaram o meu rádio”, lembra Luiz Carlos. “Tinha muito malandro pelas redondezas e eles iam se esconder no morro. Uma vez fui atingido por um grupo de três deles. Lá era que nem a guerra que está hoje no Rio de Janeiro”, diz, enquanto mostra a cicatriz no pescoço.
Num ambiente mais seguro, esses aracajuanos comemoram o direito à liberdade. “Não quero mais voltar para o morro, de lá quero é distância. Aqui nós temos segurança“, expressa Luiz Carlos. “Aqui estamos na paz”, diz, aliviado, Antônio dos Santos. “Foi mil vezes uma melhora a gente ter saído de lá. Aqui é tranqüilo, não tem perturbação, graças a Deus”, completa Maria Clara.
Mas a conquista maior dessa parcela da população que se sentia marginalizada é o resgate da dignidade e da auto-estima. “No morro a gente não tinha valor, ninguém considerava a gente. Tudo de ruim que acontecia, a gente não tinha nada a ver, mas diziam sempre que era o povo do morro”, desabafa Maria Clara. “Confundiam a gente com malandro, mas aqui é muito diferente”, diz Luiz Carlos, com a cabeça erguida de quem reconhece o valor que tem.
Os vizinhos desses novos inquilinos também observam o valor humano da ação realizada pela Prefeitura de Aracaju. “A prefeitura fez uma bem-feitoria, ajudou essas famílias na hora da precisão”, diz a dona de casa Maria de Lourdes Alves, 38.
Além das 18 famílias que vivem no Santos Dumont, outras oito foram distribuídas pelos bairros Soledade e Coqueiral, áreas também atingidas pelas chuvas. “O contrato das casas é de seis meses passível de renovação por mais seis. Já estamos preparando a futura inclusão dessas famílias em programas sociais da prefeitura”, afirma Maria das Graças Santos Oliveira, chefe da Divisão de Apoio à Moradia da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc).[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]
- Prefeitura continua assistindo famílias que moravam em área com risco de desabamento – Fotos: Wellington Barreto