[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, lançou no início da tarde de ontem o programa Mojubá, que vai levar a cultura das religiões de matriz africana aos alunos do ensino médio da capital sergipana. Desenvolvido pelo governo federal através da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) ao lado de diversos parceiros, o programa faz parte das ações do projeto A Cor da Cultura e é composto de sete documentários de 30 minutos.

O lançamento aconteceu na Galeria de Artes Álvaro Santos no dia em que se celebra a divindade Oxum, Nossa Senhora da Conceição para a igreja Católica, padroeira de Aracaju. “Esta cidade foi erguida com o trabalho essencial dos africanos e seus descendentes, que souberam reagir às agressões sofridas na escravidão sem abrir mão do amor à nova terra. Precisamos compreender que a questão racial no Brasil não está resolvida e seria um crime contra a humanidade silenciarmos diante das tentativas elitistas de calar as religiões africanas”, defendeu o prefeito.

O projeto Mojubá, termo usado como saudação em Iorubá, vai atingir duas mil escolas brasileiras em 2006 e será implantando com o auxílio de mais de quatro mil professores. Realizado conjuntamente com a Petrobras, o Centro Brasileiro de Informação de Documentação do Artista Negro (Cidan), a Rede Globo e o Canal Futura, o projeto é uma das etapas de cumprimento efetivo da lei 10.639, primeira assinada pelo presidente Lula depois de tomar posse em 2001, que institui o ensino da cultura afro-brasileira nas instituições educativas do país.

“A cultura é eixo fundamental para enfrentar o debate do direito dos negros no Brasil. A pior parte do preconceito que existe hoje não é nem o seu afloramento, porque contra este nós temos meios concretos e legais de lutar, mas é quando o próprio oprimido incorpora o preconceito contra ele”, opinou o prefeito. “As sociedades só serão iguais quando reconhecerem suas diferenças. No Brasil, a igualdade será a soma e o reconhecimento democrático das diferenças”.

Marcelo Déda classificou de “essencial e indiscutível” a contribuição dos negros para a música e as artes brasileiras de forma geral, e aproveitou para elogiar a iniciativa do presidente Lula ao criar a Seppir. “É o reconhecimento concreto de que ainda há muito a se fazer”, avaliou, ressaltando o esforço similar que a Prefeitura de Aracaju fez nesse sentido ao criar sua própria Assessoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, dirigida por Djenal Nobre.

O exemplo de Aracaju

O sub-secretário de Planejamento e Formulação de Políticas Públicas da Seppir, Antônio Pinto, representou a ministra Matilde Ribeiro, que não veio a Aracaju conforme estava previsto porque foi convocada pelo presidente Lula para uma reunião ministerial hoje. “Enquanto começa a surgir no Brasil a intolerância religiosa declarada, Aracaju vive hoje um momento mágico de construção da tolerância”, afirmou numa referência à lavagem das escadarias da Catedral Metropolitana de Aracaju, realizada minutos antes do lançamento do Mojubá.

A decisão da Prefeitura de Aracaju ao apoiar as manifestações religiosas de matriz africana desde o início da gestão do prefeito Marcelo Déda em 2001 foi ressaltada pelo sub-secretário de Comunidades Tradicionais da Seppir, Carlos Trindade. Ele informou ainda que as Casas de Santo aracajuanas já mobilizaram aproximadamente 900 mulheres (Iabas) para a manifestação cultural que acontecerá logo mais à noite na orla de Atalaia, com a participação do grupo Ilê Aiyê.

Para os atores Antônio Pompeu e Ana Paula Brandão, respectivos representantes do Cidan e da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura) presentes no lançamento em Aracaju, o projeto Mojubá é a concretização de mais um sonho na luta pelo fim do preconceito racial. O representante da Petrobras, Fernando Francisca, falou sobre a lei 10.639 e enfatizou: “ela vai mudar o conceito que a sociedade e os próprios negros têm de si mesmos”.

A prefeitura cumpre seu papel

Desde 2001 a administração municipal tem tomado decisões importantes para a valorização da cultura negra em Aracaju. No primeiro ano de sua primeira gestão, o prefeito Marcelo Déda e sua equipe homenagearam o Abacá São Jorge pelo seu centenário. Em 8 de março de mesmo ano as mulheres sergipanas foram homenageadas sob a representação feminina de 25 sacerdotisas das religiões afro-brasileiras da cidade.

Neste período a prefeitura criou ainda a lei de isenção fiscal para todas as casas de práticas religiosas. Mesmo antes de integrar a equipe que hoje comanda os destinos da capital, ainda quando vereador, o vice-prefeito Edvaldo Nogueira apresentou um projeto de lei para levar a cultura negra às escolas brasileiras.

Além dele e das autoridades já citadas, participaram do lançamento do programa Mojubá em Aracaju a deputada estadual Ana Lúcia, autora do projeto que concedeu na última terça-feira à Mãe de Santo Marizete a medalha da Ordem do Mérito Parlamentar; as vereadoras Conceição Vieira e Tânia Soares, secretários municipais e representantes do movimento de afro-descendentes em Sergipe.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]

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