Ponto de Cultura promove oficina de Capoeira Angola
O fim de semana foi de muito aprendizado na ‘Associação Abaô de Arte, Educação e Cultura Negra’, que é um dos 30 Pontos de Cultura em Sergipe. Todo este aprendizado aconteceu através de uma oficina de Capoeira Angola, realizada através do projeto ‘O mestre e a transmissão do conhecimento’, realizada por esta instituição e que contou com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
O Grupo Abaô de Capoeira Angola, é um dos poucos que trabalham esta luta em Sergipe, e já possui 19 anos de existência. Com esta oficina, a associação buscou capacitar grupos, prioritariamente, angoleiros, com fundamentos e movimentos de capoeira angola, discutir o atual papel do mestre dentro dos grupos de capoeira, fortalecer a capoeira angola na cidade de Aracaju e valorizar o trabalho do mestre de capoeira.
A oficina foi ministrada pelo mestre baiano Valmir Damasceno, que durante três dias esteve em Aracaju, passando para os participantes um pouco do seu conhecimento. “Aqui falamos sobre a capoeira de angola, um pouco da sua movimentação. Sem dúvida essa foi uma oportunidade muito boa de troca de informação e de experiências”, destacou o mestre.
Para ele, que foi um dos fundadores do Grupo Abaô de Capoeira Angola, ver o grupo crescer e realizar diversas ações como vem ocorrendo é extremamente gratificante. “A capoeira está hoje em outro momento, sendo reconhecida e valorizada. E eu fico muito feliz em ver o Abaô também crescer e ser reconhecido. Hoje eles já são Ponto de Cultura, tem uma preocupação com o social, e, claro, continuam a disseminar em Aracaju a capoeira Angola”, finalizou.
Para o mestre do grupo Abaô Robson Martins, a vinda do mestre Valmir foi muito importante para dar mais vida as atividades do grupo. “o Valmir foi o nosso mestre padrinho que acolheu nosso grupo, por isso sempre que podemos o trazemos aqui para trocar experiências, conversar. A Capoeira Angola é nossa atividade principal, e trazer o mestre que foi quem praticamente nos introduziu neste meio é sempre muito gratificante”, informou.
Participantes comemoram
Cerca e 30 pessoas participaram da oficina com o mestre Valmir. Entre elas, sergipanos, e também algumas pessoas de outros estados, que não puderam deixar de conferir uma oficina tão rica e importante para aqueles que praticam a capoeira Angola.
Este é o caso do potiguar Bernardo Silva. Ele que veio com uma grande caravana de Natal, no Rio Grande do Norte, para aproveitar a oficina, e estava muito contente com o que estava vendo. “Temos um laço de amizade com o grupo Abaô de muitos anos, por isso, ao ficarmos sabendo da oficina com o mestre Valmir nos organizamos para vir, afinal, a capoeira é nossa fonte e quando temos a oportunidade de nos reciclar mais e aprender, não podemos desperdiçar”, afirmou.
Quem também estava muito satisfeito com o curso era o mestre Alvinho Sucuri, do grupo Mucanbu, do Santa Maria. Para ele a oficina foi importante por trazer um dos mestres mais importantes do cenário atual da Capoeira Angola no Brasil e no mundo, que é o mestre Valmir. “Este evento é de suma importância para discutir questões que são fundamentais para a preservação e valores da Capoeira Angola enquanto cultura afro-brasileira e africana no nosso país”, observou.
Os integrantes do grupo Abaô também participaram da oficina. A jovem Daniele Araújo, que já dança capoeira com o grupo há cinco anos era uma das participantes. Ela explica que é sempre muito difícil trazer estes mestres para Sergipe e quando isso acontece todos querem aproveitar da melhor maneira possível.
“Tentamos extrair o máximo que podemos dele, adquirindo ainda mais conhecimento, afinal, a capoeira é uma área que não tem ensinamento em livros, tudo é passado presencialmente, de mestre para os alunos, por isso precisamos nos dedicar tanto”, argumentou.
Sobre a Associação Abaô
A Associação Abaô de Arte, Educação e Cultura Negra nasceu a partir do Grupo Abaô de Capoeira Angola. Quatro jovens negros, Robson Martins, Rejane Maria, Fábio Ventania e Alex Asa Aberta apaixonam-se pela capoeira angola e pelo seu poder em trazer de volta o passado e preparar para o futuro.
Em, 1994, reúnem mais jovens, em sua maioria afrodescendentes e admiradores das culturas vindas de África, para formar um grupo de capoeira angola, que não só jogasse dentro de uma roda ou treinasse movimentos marciais, mas sim, que fortalecesse corpo e mente no combate à discriminação étnico-racial, embelezasse a auto-estima de sua gente, gingando e mandingando com ‘esta arma forte’, tocando para frente a beleza, importância e valor de nossa herança africana.
Apadrinhado pelo Mestre Valmir Damasceno (FICA-BA), o grupo torna-se importante referência na cidade de Aracaju, por ser um dos primeiros grupos de capoeira angola em Sergipe, quando esta forma de praticar capoeira era praticamente desconhecida por aqui, e também por sua postura em unir capoeira à discussão, estudos e atividades relacionadas à negritude.
Devido sua atuação além treino e roda, o Abaô mostra sua flexibilidade e expande-se para Associação Abaô de Arte, Educação e Cultura Negra. Desde então, Abaô teve participação ativa no Movimento Negro de Sergipe, Movimento de Meninos e Meninas de Rua, SACI (Sociedade Afrosergipana de Estudos e Cidadania), trabalhando igualdade de gênero, combate à intolerância religiosa e pela cidadania e conscientização de jovens em situação de risco.
Hoje o Abaô é também Ponto de Cultura Batuque de Angola, com aulas de informática, capoeira angola e rodas de leituras gratuitas. Além disso, na casa do Abaô tem o Grupo de Capoeira Angola, e novos cursos e oficinas de Palhaçaria, Percussão e Dança.
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