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Assim como a saúde, a educação também é um direito de todos. Foi com esse pensamento que o Centro de Oncologia do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) desenvolve há quatro anos o projeto ‘A Escola vai ao Hospital’. A iniciativa, criada com o objetivo de promover a inclusão educacional dos acompanhantes e pacientes assistidos pela unidade, já conseguiu alfabetizar cerca de 30 alunos. Alguns desses alunos foram inseridos no curso supletivo da Secretaria de Estado da Educação (Seed).

A ação foi mais um passo importante na luta contra um dos principais obstáculos para a grande maioria do público que procura assistência no Centro de Oncologia: o analfabetismo, como explica a coordenadora da Oncologia, Rute Andrade. “Quando eu cheguei aqui uma coisa que me chamou atenção entre tantas foi a ociosidade dos acompanhantes que ficavam sem ter o que fazer e o analfabetismo era muito grande. As mães não tinham nem noção de lateralidade, mesmo com o hospital sinalizado, elas não sabiam circular”, explicou.

Segundo ela, alguma coisa deveria ser feita para mudar a situação, já que, a maioria dos pacientes e acompanhantes vinham do interior. “Eu tentei ver o que poderia fazer para combater a ociosidade e ensinar alguma coisa. Com o apoio de uma pedagoga, conseguimos colocar em prática o projeto, como terapia ocupacional. Muitos frutos foram surgindo, por exemplo, quando fizemos um ano desse projeto eu lembro que uma mãe muito emocionada disse que agora não iria mais precisar sujar o dedo para assinar um documento, ela já tinha aprendido a escrever o nome dela”, ressaltou emocionada a coordenadora.

Métodos

Para um retorno satisfatório, alguns métodos educacionais de pensadores notáveis na história da pedagogia como Paulo Freire, foram utilizados pelas pedagogas para incentivar os alunos. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade.

Segundo a pedagoga Maria da Conceição Veiga, que esteve presente na formação da primeira turma, a disciplina e a vontade de aprender dos alunos foram o maior orgulho. “Utilizei o método de Paulo Freire que era viver o cotidiano do aluno – no caso deles o cotidiano era o câncer, como se escreve, palavras que surgem e eles não sabem o que significa – e conseguimos a iniciativa de levar essas pessoas ao ensino público, a uma escola regular, quem teve interesse foi a frente, nós fomos motivadores. A gente corre atrás do aluno para que ele seja motivado ao progresso da educação”, esclareceu.

Conquista

Diante do projeto, uma grande conquista foi alcançada no início deste ano. A depiladora Gracielly Maria Santos, 20 anos, concluiu o supletivo. Ela prestou vestibular para o curso de Arquitetura e Urbanismo e foi aprovada em segundo lugar.

A história de vida da jovem foi árdua até conquistar a vitória. Ela era acompanhante de uma tia que veio a óbito há quase dois anos, depois de um diagnóstico de câncer. “Tudo começou com a doença da minha tia que não sentia nada e nem ninguém imaginava que fosse uma coisa mais grave. Ela teve que tomar um remédio para dor de cabeça e esse remédio não passava na garganta, ficou entalada e com dificuldades para respirar. Levamos ela para a urgência do Huse que aliviou a sua dor. Foram realizados alguns exames, depois uma biopsia até constatarem leucemia e câncer de mama aos 25 anos de idade”, enfatizou.

Com a tia em tratamento no Centro de Oncologia, a jovem passou a ser a acompanhante da mesma e a conhecer a rotina de um hospital. “Com todo o tratamento a gente passa a residir dentro de um hospital, foi a partir daí que surgiu o projeto e como eu tinha parado de estudar no segundo ano, vi uma grande oportunidade na minha vida, a de continuar estudando para fazer a prova da Seed. Fiz as provas, passei e resolvi prestar vestibular”, comentou.

Gracielly concluiu em 2012 o Ensino Médio através dos exames de suplência de educação geral e aprendeu uma grande lição de vida. “Tiro uma lição muito grande: diante da dor, eu voltei a estudar e cheguei até aqui. Tinha muita vontade de voltar a estudar, eles me encorajaram, e hoje, posso contar minha história”, afirmou.

Continuidade

Depois de formar a primeira turma e motivar alunos para o aprendizado, a coordenadora da Oncologia já pensa em dar continuidade ao projeto. “Estamos nos preparando para montar a segunda turma de alunos. Vamos em busca de novos pedagogos para dar continuidade ao projeto. Temos exemplos maravilhosos de alunos que conseguiram frequentar uma escola regular depois desses incentivos. Provar que a educação pode estar a serviço da saúde é exercitar a cidadania plena”, conclui Rute Andrade.

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