Maternidade se destaca no SUS e concorre a selo de qualidade hospitalar
“Só recebi bênçãos desde que cheguei aqui”. As palavras emocionadas são de Rosane Alves, 18. Depois de enfrentar problemas na primeira gestação e não conseguir dar à luz a uma menina, a dona de casa comemora o nascimento do primeiro filho. João Pedro nasceu de sete meses, com pouco mais de 1kg e agora está entre os mais de 1.600 recém-nascidos assistidos pelo Método Mãe Canguru (MMC) em Sergipe.
Desenvolvido há cinco anos, primeiramente na Maternidade Hildete Falcão Batista (MHFB) e em seguida na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), o MMC é responsável por maiores índices de ganho de peso diário dos prematuros. A técnica consiste na diminuição do tempo de permanência dos pequeninos na incubadora, através da colocação do bebê no colo da mãe.
“Há comprovações científicas que a posição canguru não proporciona apenas o contato pele a pele, mas incentiva a alimentação exclusiva com leite materno, pois estimula o vínculo. Graças à essa ação simples, constatamos melhorias significativas no quadro clínico dos pacientes e ajudamos a salvar vidas”, explicou o neonatologista Alex Santana.
Tecnologia
Além do trabalho de acolhimento especializado, a MNSL também se diferencia pela tecnologia empregada em seu laboratório. Nos últimos cinco anos, o setor ganhou destaque pelo crescimento surpreendente no número de exames. Para se ter uma idéia, enquanto em 2007 eram realizados 2.700 diagnósticos por mês, em 2011, esse índice chegou a 13 mil. O crescimento de 348% foi possível graças aos equipamentos de ponta adquiridos pelo Governo do Estado.
De acordo com especialistas, a modernidade tem provocado impactos positivos no atendimento às gestantes, pois somente no setor de bioquímica, o aparelho Architec C 800 (ABBOTT) chega a realizar 1.200 testes por hora, ao passo que o Sysmex Xs 1000i conclui um hemograma em apenas um minuto.
“Isso sem falar no Bact/Alert 3D, que indica a positividade da hemocultura a partir de seis horas de incubação. Diferente do que muita gente pensa, nem a rede privada dispõe desse equipamento automatizado que garante um tempo-resposta hábil ao tratamento de microorganismos encontrados no sangue. Por estarmos numa maternidade de alta complexidade, isso representa uma grande conquista para mães e bebês”, informou a gerente do Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT), Marcélia Garcez.
Doulas
Cumprir os protocolos e estimular as boas práticas de acolhimento. Dois objetivos que se completam na MNSL graças à implantação do Projeto Doulas ‘Amigas do Parto’, desde dezembro de 2010. O gesto de humanização, que envolve 15 voluntárias certificadas, consiste no acompanhamento físico e emocional das pacientes desde a sua entrada na maternidade, passando pelo centro cirúrgico, até o período de pós-parto.
Segundo a psicóloga Sílvia Andrade, que coordena o projeto, a intenção é fazer com que essas novas mamães sintam-se seguras e amparadas no ambiente hospitalar, por isso, a expressão do grego, ‘mulher que serve’. “As Doulas têm o papel essencial de acolher e trazer para esse momento único, todo o apoio psicológico. O importante é que elas não associem o nascimento do bebê à dor e ao sofrimento, mas sim a uma transformação natural”, destacou.
Pioneirismo
“Meu pequeno Hugo ainda está recuperando a saúde na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] Neonatal, mas já é um cidadão brasileiro”, suspirou orgulhoso, Givaldo Lima. O agricultor do município de Carira foi o primeiro papai a receber a certidão de nascimento do filho através do novo sistema informatizado do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE).
A Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) está em fase de testes e atua como unidade piloto na implantação do ‘Programa de Erradicação do Sub-Registro’, iniciativa pela qual o Governo espera garantir dignidade a todos os sergipanos que acabam de chegar ao mundo. O serviço inédito deve chegar a 100% com a implantação de 11 postos interligados a 83 cartórios.
O oficial de Registro Civil do 15º Ofício, Paulo Anselmo Vieira, ressalta que a MNSL deve se tornar uma referência na emissão de registros a partir da efetivação do projeto. “A meta é fazer com que os usuários possam decidir se já querem sair com a certidão de nascimento em mãos da capital Aracaju, ou preferem recebê-lo na cidade de origem, afinal o sistema é on-line”, completou.
Retaguarda
Moradora da cidade de Arauá, 19 anos de idade e mãe de primeira viagem. É ao lado da pequena Ellen, numa enfermaria do Hospital da Polícia Militar (HPM), onde Ediclécia de Jesus se recupera tranqüilamente. “Primeiro eu fui atendida na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, depois a ambulância me trouxe para cá. Foi diferente, fiquei surpresa com tudo, pois eu não sabia que podia fazer meu parto aqui”, confessou Ediclécia.
A unidade de retaguarda da MNSL, inaugurada no dia 1º de junho, conta com 20 leitos, sendo 15 cirúrgicos, destinados às puérperas (mulheres que acabaram de dar à luz) e cinco para curetagens (procedimento que consiste na raspagem do útero). Com o padrão de ambiência adaptado para oferecer acolhimento de qualidade às mulheres de baixo risco, o espaço foi criado pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) com o objetivo de minimizar os efeitos da superlotação.
“Conseguimos desafogar o fluxo com essa medida acertada, mas é importante deixar claro que nós não somos porta aberta, ou seja, atendemos às demandas espontâneas, e sim, apenas encaminhamentos médicos feitos através da ‘Nossa Senhora de Lourdes’”, detalhou a gerente assistencial Priscila Losano.
Desde sua abertura até hoje, o anexo já realizou 171 partos entre normais e cesáreos. “Os números são significativos. Dispomos de toda estrutura necessária aqui, desde a sala do pré-parto ao alojamento conjunto. Tudo para garantir a assistência necessária às gestantes que não se encaixam no perfil do alto risco”, lembrou a gerente administrativa Paula Simone Barbosa.
Selo CQH
Diante dos avanços conquistados em benefício do Sistema Único de Saúde (SUS), a MNSL integra um programa de adesão voluntária, cujo objetivo é contribuir para a melhoria contínua dos serviços prestados à população. O Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) estimula a participação e a auto-avaliação das unidades e contém um componente educacional muito importante, que é o incentivo à mudança de atitudes e de comportamentos.
Através de uma parceria entre a Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão (Cealag) foi contratado para realizar consultoria especializada na rede materno-infantil da unidade de alto risco.
“O mais importante é que a Cealag em parceria com o CQH não só avalia, mas orienta e norteia todos os processos de trabalho. Até o final de 2012, nossa meta é sermos premiados com o padrão ‘Ouro’, oferecido às instituições que alcançam 350 pontos nos critérios técnicos. Numa primeira avaliação fizemos 193 pontos e a contagem foi animadora. Através da interdisciplinaridade e do esforço coletivo, queremos ser excelência”, enfatizou a superintendente da MNSL, Carline Rabelo.
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