Maternidade forma primeira turma do projeto Doulas – Amigas do Parto

Doação, solidariedade e espírito humanitário. Esses gestos sintetizam bem o sentimento de 15 das 38 voluntárias que participam desde o ano passado do Projeto Doulas Amigas do Parto, desenvolvido pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), única em Aracaju especializada no atendimento ao parto de alto risco e uma das unidades gerenciadas pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).

As 15 primeiras Doulas – expressão cunhada do grego que significa ‘mulher que serve’ – participaram na tarde de segunda-feira, 29, do ato de encerramento da 1ª turma curso de capacitação. Elas receberam o certificado de conclusão das mãos da superintendente da maternidade, Carline Rabelo, da coordenadora das Unidades Hospitalares da Região Metropolitana de Aracaju, Iza Prado, que representou a FHS, além da coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da MNSL, Daise Viana.

O Projeto Doulas foi implantado na maternidade no ano passado, com o objetivo de fortalecer as ações de humanização preconizadas pelo Ministério da Saúde, como os que garantem o direito a acompanhante. “Tudo isso se junta à vontade que a direção da maternidade tem de ver a MNSL como uma unidade de ponta, não somente em tecnologia, mas também em todos os processos de humanização, porque é isso que faz com que tenhamos um SUS realmente melhor”, esclarece a superintendente da instituição, Carline Rabelo.

Apoio emocional

O projeto Doulas envolve as gestantes assistidas na Nossa Senhora de Lourdes desde a admissão (pré-parto) e no parto e o pós-parto, como forma de amenizar os impactos emocionais decorrentes das dores que as grávidas enfrentam nesse período. “Todo trabalho de parto é uma coisa muito nova, que vem com as dores, as contrações, com uma sensação não apenas de nascimento do bebê, mas inicialmente de morte dessa mãe”, explica a psicóloga Sílvia Andrade, que coordena o projeto na maternidade.

Segundo ela, a dor no período de gestação evoca um mundo de sentimentos internos nas gestantes e, por isso, ela precisa de todo suporte emocional e de alívio físico desde a admissão até o período de pós-parto. “As Doulas têm esse papel essencial de acolher e trazer todo o apoio emocional para que essa mãe se sinta segura de que o bebê virá ao mundo e que ela possa se conectar com essa imagem de nascimento, e não com a da dor, que é algo que ocorre no parto e é natural”, ressalta.

O espírito solidário e humanitário foi o que levou carioca Raquel Oliveira, de 33 anos, mãe de duas filhas e na 32ª semana de uma nova gravidez, a se integrar ao projeto, principalmente por a iniciativa acontecer numa maternidade especializada em parto de alto risco. “Tudo isso nos fez crescer bastante, porque nessas situações somos muito desafiadas a compartilhar a dor com a outra, a superar os seus ‘achismos’ e absorver as experiências como elas são de fato. Essa experiência de lidar com a dor do outro é um processo que nos faz crescer enquanto pessoa”, esclarece Raquel, que é pedagoga e participou em 2004 de experiência semelhante em um hospital da rede privada de São Paulo.

Aprendizado multidisciplinar

O Projeto Doulas foi iniciado em dezembro de 2010, quando as voluntárias passaram por um curso teórico com duração de 30 horas. De janeiro a agosto deste ano, elas passaram pelo processo de estágio na própria maternidade, com duração de 40h, segundo informou Fagner de Souza Pereira, responsável técnico pelo Núcleo de Educação Permanente, da Nossa Senhora de Lourdes. A primeira turma é formada por 38 Doulas – 15 já certificadas. “As demais permanecem em estágio até atingirem a carga horária junto com a próxima turma, que deve começar ainda este ano”, explicou.

De acordo com Fagner de Souza, o objetivo básico do Projeto Doulas é formar mulheres em boas experiências de parto, desde a admissão até o pós-parto, para que possam auxiliar e dar suporte emocional às gestantes assistidas na maternidade. “Elas passam por um aprendizado multidisciplinar, que envolve as áreas médicas, de enfermagem, além de fisioterapia, psicologia, serviço social, Banco de Leite e Centro Cirúrgico”, explica, acrescentando que a capacitação foi toda ela ministrada por profissionais da própria Nossa Senhora de Lourdes.