Marcelo Déda prestigia posse do poeta Amaral Cavalcante na ASL
Literatura e jornalismo marcaram a posse do poeta Antônio Amaral Cavalcante na Academia Sergipana de Letras (ASL), na noite desta segunda-feira, 11. A solenidade, prestigiada pelo governador Marcelo Déda, reuniu artistas sergipanos e autoridades políticas no Centro de Convenções de Sergipe (CCS).
Amaral Cavalcante chega à Academia para ocupar a cadeira de número 39, que tem como patrono o poeta Joaquim Martins Fontes da Silva e era ocupada pela professora e historiadora Maria Thétis Nunes, falecida em 2009. Para o governador Marcelo Déda, Amaral simboliza a cultura sergipana dos anos 70 e 80. “Antonio Amaral chega a essa Academia trazendo a contribuição da geração de 68. Uma geração que renovou a cultura, os costumes, que construiu uma arte engajada e vinculada à busca pela democracia e pela liberdade. A presença de Amaral é uma contribuição à Academia que essa geração oferece. Creio que a instituição se enriquece com a participação de Amaral, com sua obra e com sua militância cultural. É um belo momento para a cultura sergipana”, pontuou.
“Quando Amaral assume a cadeira da Academia Sergipana de Letras, ele reivindica fazê-lo não apenas em nome pessoal, mas em nome de uma geração de artistas, poetas, de militantes culturais que viveram um dos momentos mais significativos da vida literária do nosso estado. Em seu discurso, Amaral resgatou o trabalho daqueles que nos anos 70 e 80 fizeram da literatura, da poesia,da dança, da música, do teatro instrumentos de resistência política. Fizeram de sua arte um instrumento de questionamento político e uma ferramenta de questionamento dos valores estético daquela época. A chegada de Amaral Cavalcante não poderia ser diferente, tinha que ser um momento marcado pela emoção e marcado, sobretudo, pela capacidade que Amaral tem de traduzir toda uma geração. Foi um momento muito bonito e fico muito feliz em estar aqui”, declarou Déda.
Natural de Simão Dias, Amaral Cavalcante soma as atividades de cronista, jornalista, poeta e agente cultural à edição da Folha da Praia, periódico alternativo que circula em Aracaju há 30 anos. O novo imortal considera seu ingresso na Academia Sergipana de Letras como um reconhecimento. “É uma emoção muito grande porque não deixa de ser o reconhecimento de uma vida inteira dedicada à cultura, às artes e à alegria dessa cidade. Recebo isso como um reconhecimento pelo que fiz, mas também, como o reconhecimento a toda uma geração que propôs uma nova forma de relacionamento entre as pessoas. Ficamos honrados com a homenagem de uma instituição como a Academia Sergipana de Letras. Sou de uma geração que contestou, apresentou novos princípios. A Academia é um repositório de intelectuais e eu trago à instituição a novidade da minha geração”, declarou.
A inquietude profissional está presente em sua obra literária. De acordo com o professor e jornalista Gilfrancisco, a poesia de Amaral é sagaz, contemporânea e delimita a literatura sergipana. “Antonio Amaral é autor de um único livro de poesia. Um livro de poucas páginas, mas de grande importância porque marca a geração que ele participou, a geração em que ele esteve à frente de vários movimentos literários em Aracaju. O livro ‘Instantes Amarelos’ retrata o cotidiano, trabalha a palavra cotidianamente e marca um período da literatura sergipana. Amaral Cavalcante escreve poesia como fatalidade do existir, com emoção, técnica e conhecimento, musicalidade e ritmo; é um poeta que busca as raízes, intenso. Sua obra é tudo que vem depois da modernidade. Está tudo dentro do que chamamos de contemporaneidades, é o atual. Ingressar na Academia é um reconhecimento de sua participação no processo de desenvolvimento cultural de Aracaju e de Sergipe”, disse.
Presidente da Academia Sergipana de Letras, José Anderson Nascimento acredita que Cavalcante irá renovar o sodalício. “Ele é um agente cultural, tem uma contribuição muito grande para o jornalismo local. A Academia não é só para os que fazem poesia, ela se fortalece com intelectuais de outros portes, de outros segmentos”, destaca.
O prefeito Edvaldo Nogueira define a posse do intelectual como um momento importante para a sociedade. “Amaral é um intelectual que marcou época, é um divisor na cultura da nossa cidade. É um artista que expressa modernidade, contestação. Nos anos 70 e 80 ele conseguiu, junto com um grupo de intelectuais e artistas, imprimir um novo momento cultural em Sergipe. Ele representa essa geração libertária, comprometida com o social. Além disso, ele abriu espaço para uma nova geração de jornalistas com o jornal Folha da Praia. Ele vai contribuir para que a Academia seja um centro de discussão da cultura sergipana”, declarou.
Em seu discurso, Amaral relembrou suas primeiras leituras, citou poetas e autores que o influenciaram, descortinando, assim, sua formação cultural, cidadã e política. “Francino da Silveira, escrivão da comarca de Simão Dias, foi a mais impressionante figura que conheci até os 12 anos de idade. Ele estava sempre escrevendo, em páginas pautadas, algo que eu não compreendia. Ali, no cartório de Seu Cininho, o fascínio da escrita e o mistério dos livros me tomaram: escrever seria o meu destino. Trago nesse bornal desde o soluço de Antígona, às peripécias de Miguel de Cervantes, o fedor dos guetos parisienses, o existencialismo de Sartre e devo a busca pela elegância do texto, pela natureza musical das palavras à Marcel Proust. Chego aqui [na Academia] ainda tropeiro, afoito, querendo mais estradas, buscando o vilarejo que virá depois. Eu e a minha geração somos os inconformados que batalhamos pela diversidade de ideais, que defendemos posturas alternativas em nome do sagrado direito a liberdades individuais. Somos a juventude dourada distribuindo amor e contestação na Folha da Praia. Sou um veterano do sonho, um coletor de fragmentos, um poeta inquieto em constante transformação”, afirmou.
Perfil
Nascido em 11 de julho de 1946, filho de José Cavalcante Lima e Corina Hora Amaral, Antonio Amaral Cavalcante viveu em Itaporanga d’Ajuda até os dez anos, época em que conhece a obra dos poetas José Sampaio (1913-1956) e José Augusto Garcêz (1919-1993). Em Aracaju, Amaral fez política estudantil e participou ativamente do movimento de contracultura de Sergipe, com Mário Jorge e Ilma Fontes. Juntos, criaram o primeiro jornal alternativo de Aracaju, Margilino. Em 1968, foi finalista do Concurso José Sampaio, promovido pelo Clube Sergipano de Poesia e em 1970, conquistou o título de melhor poeta nordestino com o poema Romance da Aparição, no I Concurso de Poesia Falada do Nordeste. Exerceu as funções de Diretor de Promoções do Departamento de Turismo de Aracaju, da Galeria de Arte Álvaro Santos e da Fundação Estadual de Cultura (Fundesc).
Eleito em 2010 para a Academia Sergipana de Letras, Antonio Amaral tem poemas publicados nas antologias Poesia Sergipana, organizada por José Olyntho e Márcia Maria, publicada em 1988 e A Poesia Sergipana no Século XX, organizada por Assis Brasil, editada em 1998. Autor do livro ‘Intante Amarelo’, de 1971, ele tem dois títulos inéditos: Desvãos e De bar em bar.
Presenças
Diversas autoridades políticas e artistas sergipanos prestigiaram a solenidade de posse, entre eles os secretários de Estado de Comunicação Carlos Cauê; de Planejamento, Orçamento e Gestão, Oliveira Júnior; de Educação, Belivaldo Chagas; o secretário de Estado interino de Cultura, Marcelo Rangel; o vice-prefeito de Aracaju, Sílvio Santos; o presidente da Câmara de Vereadores de Aracaju, Emmanuel Nascimento; a deputada estadual Maria Mendonça; os deputados federais Márcio Macedo, André Moura e Valadares Filho; a superintendente Regional do Iphan, Terezinha Oliva; o presidente da Associação Sergipana de Imprensa, Cleiber Oliveira;os empresários José Carlos Teixeira e Albano Franco; o poeta Araripe Coutinho e a cantora Amorosa.
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