Lontra é encontrada por pesquisadores na Grota do Angico
A ocorrência da espécie Lontra longicaudis conhecida popularmente como lontra, foi encontrada nas margens do São Francisco, na zona de amortecimento do Monumento Natural Grota do Angico (Mona Angico), área protegida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh). A espécie, que é considerada como um mamífero carnívoro, pertence à família dos mustelídeos e vive associada em ambientes límnicos, fonte de seu principal alimento. A pesquisa sobre a espécie está sendo realizada pelo biólogo e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Emmanuel de Melo Nascimento.
Segundo o biólogo os mustelídeos são encontrados em praticamente todos os continentes do planeta, sendo que a presença da lontra ocorre desde o México até a Argentina. No estado de Sergipe já existem registros da espécie (lontra) em áreas de Mata Atlântica, que pela primeira vez foi encontrada em áreas de Caatinga.
“Em agosto do ano passado, percebeu-se no Angico a ocorrência da espécie, através dos relatos dos pescadores, pegadas e fezes que são características pelo seu formato, presença de escamas e odor característico, constituída principalmente de peixes, crustáceos, répteis, algumas aves e pequenos mamíferos”, informa, destacando que no Angico as fezes têm sido compostas por peixes e crustáceos.
Emmanuel salienta que hoje em dia é muito relativo falar sobre lontras, uma vez que seu estado de conservação é considerado como dados insuficientes pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). “Não existe muitos estudos sobre a espécie aqui no Nordeste, sendo que a maior parte das pesquisas são realizadas no sul e sudeste do país”, disse.
Já em relação aos benefícios da espécie para o ecossistema, o mestrando prioriza que a lontra é um indicativo do estado de conservação do ambiente por ser um carnívoro de topo de cadeia alimentar. Salienta ainda que por ser um animal de hábito crepuscular seu registro visual é muito difícil de registrar, uma vez que o animal “sente a presença de pessoas no ambiente muito facilmente”.
“Vale frisar que, o único predador da espécie na área de estudo é o homem, principalmente pescadores que não gostam do animal porque comem peixes nas redes armadas por eles nos rios”, pondera.
O biólogo destaca que até o momento foram realizadas nove coletas no Angico, sendo registradas, até agora, 21 pontos de ocorrências do animal, sendo que 156 fezes da espécie já foram coletadas. “A partir dessas fezes iremos identificar os itens alimentares consumidos pela espécie no rio São Francisco, para a realização da ecologia alimenta”, diz.
Para o coordenador técnico da unidade de conservação, Marcus Vinicius Noronha trabalhos como esses ajudarão a compreender melhor como está estruturado o hábitat desse animal na zona de amortecimento direto do Mona Angico e, consequentemente seu estado de conservação.
“Desde a sua criação em 2007, o Mona vem fomentando uma série de pesquisas científicas na região do alto sertão sergipano, em parceria com diversas universidades do país, em especial a Universidade Federal de Sergipe, as quais têm nos revelados aspectos muito interessantes e até então desconhecidos do bioma Caatinga”, prioriza.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Lontra é encontrada por pesquisadores na Grota do Angico – Fotos: Ascom/Semarh