Governo investe em aparato tecnológico para dinamizar pesquisas
Os investimentos que o Governo do Estado tem realizado no Instituto Tecnológico e de Pesquisa do Estado de Sergipe (ITPS), desde 2007, vêm paulatinamente contribuindo para os resultados de pesquisas de impacto. A política de desenvolvimento científico e tecnológico do estado desenvolvida pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e do Turismo (Sedetec), que tem o ITPS como órgão vinculado, leva em consideração a importância da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) como fator de elevação da competitividade da economia sergipana, destinando parte dos recursos de fomento para pesquisas e estudos de interesse do setor produtivo.
O reaparelhamento do Instituto Tecnológico e de Pesquisas de Sergipe (ITPS), autarquia estadual, permitiu que o número de análises químicas dobrasse (de 6 mil para 12 mil/ano), atendendo demandas que têm origem, predominantemente, em micro e pequenas empresas e produtores rurais. Os maiores investimentos foram feitos nos laboratórios de Solos, R$ 210 mil , e no laboratório de Química de Água, R$ 486 mil.
De acordo com o secretário da Sedetec, Jorge Santana, a política estadual de desenvolvimento científico e tecnológico tem como diretrizes a expansão e o fortalecimento do sistema estadual de CT&I. “O sistema visa a promoção da inovação tecnológica nas empresas; a priorização dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas estratégicas do Estado; e o apoio da CT&I para o desenvolvimento social”, explica.
Conforme destaca o diretor-presidente do ITPS, José Patrocínio, foram investidos mais de R$ 700 mil em infraestrutura para a recuperação de equipamentos básicos e aquisição de outros de grande porte, reforma e instalação de equipamentos de vídeo conferência no auditório, além da reforma que será realizada na estrutura física da área de metrologia. Os recursos vêm da Finep, através do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), do Inmetro e da contrapartida do Governo do Estado. “Recuperamos a infraestrutura dos laboratórios para capacitá-los a receber um maior volume de serviços e fornecer resultados com mais eficiência e rapidez”, sinaliza José do Patrocínio.
Prática
Um dos novos equipamentos que utilizam tecnologia de ponta recebidos pelo laboratório de Química de Água, o Cromatógrafo de Íons, vem possibilitando o trabalho de análise da água da chuva – que avalia a possível influência das ações do homem na composição química da água provinda de precipitações -, além de possibilitar ainda a pesquisa que analisa as propriedades da água bruta das seis bacias hidrográficas do estado através da aplicação do Índice de Qualidade (IQA).
O trabalho de análise da água da chuva, que foi o primeiro na área de química atmosférica do estado, começou em junho de 2008, e foi também o trabalho de estréia do Cromatógrafo de Íons do ITPS. O equipamento, que é capaz de analisar 15 elementos em 20 minutos, revolucionou o trabalho de análises de água no Instituto, e foi adquirido por R$ 186 mil. O potencial do Cromatógrafo de Íons possibilitou o crescimento da pesquisa, que foi idealizada pelo diretor presidente do Instituto, José Patrocínio, e hoje é coordenada pela professora pesquisadora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e colaboradora do ITPS, Elisângela de Andrade Passos.
Para Elisângela, o crescimento das cidades e a maior intervenção do homem nos espaços geográficos trazem desenvolvimento econômico e ampliam a dinâmica dos aglomerados urbanos, por isso, o aumento do consumo – com o maior poder aquisitivo da população -, e o maior potencial do agronegócio, deixam resíduos no ar. Pensando em medir os níveis de poluição do ar na grande Aracaju e em algumas cidades do interior, três pesquisadores e duas alunas da UFS firmaram uma parceria com o Instituto para a análise da composição iônica da água da chuva. “O Cromatógrafo de Íons foi fundamental para tornar possível a pesquisa, pois é capaz de detectar baixas concentrações de resíduos na água”, explica Elisângela.
Os íons indicam os tipos de poluição encontrados na água da chuva, a exemplo de resíduos deixados na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis e pela construção civil. Ainda segundo a coordenadora da pesquisa, em cidades como Rosário do Catete, Siriri e Capela, são encontradas substâncias provindas da mineração, com a extração do potássio. Já nos municípios que margeiam a BR 101, a exemplo de Laranjeiras, encontra-se na água da chuva substâncias provindas de fertilizantes utilizados nas grandes plantações.
Os resultados da pesquisa já foram apresentados em dois congressos, sendo um internacional, o Congresso Latino Americano de Cromatografia ( Santa Catarina / 2008), e um nacional, o da Sociedade Brasileira de Química (Ceará / 2009). Além disso, o público local também já teve a oportunidade de conhecer os resultados do trabalho em eventos científicos como o Seminário de Iniciação Científica do ITPS, e o Seminário de Iniciação Científica da UFS, ambos ocorridos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2009.
De acordo com Elisângela Passos, um relatório com as primeiras conclusões da pesquisa já foi apresentado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da UFS, e um artigo científico está sendo produzido para uma publicação internacional.
Água que nasce das fontes
O edital do programa de fixação de doutores, Desenvolvimento Científico Regional (DCR), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), adotado pelo Governo do Estado, trouxe a Sergipe a pesquisadora paulista, doutora em qualidade da água, Maria Nogueira Marques. Com o objetivo de analisar a qualidade das águas superficiais das seis bacias hidrográficas do estado, em junho de 2008 a pesquisadora iniciou o trabalho de coleta de amostras de água no rio São Francisco; rio Japaratuba; rio Sergipe; rio Vaza-Barris; rio Piauí; e rio Real.
De acordo com Maria Marques, o objetivo da pesquisa é montar um banco de dados com informações completas a respeito das águas brutas dos rios do estado, as quais, mediante avaliação e aprovação, servirão para captação, tratamento, e utilização nas residências. “Para a avaliação da água nós também utilizamos o Cromatógrafo de Íons, através do qual podemos analisar precisamente os níveis de salubridade e impurezas”, explica a pesquisadora. Além destes, parâmetros como Ph, cor e turbidez também são avaliados para definir a qualidade da água. Como resultados parciais da pesquisa, Maria Marques concluiu que 79% das amostras analisadas demonstravam água boa, 19% satisfatória, 1% péssima, e 1% ótima.
As coletas são trimestrais e feitas em 26 pontos distribuídos entre afluentes das seis bacias, e cada amostra passa por 42 análises. Ainda segundo Maria Marques, o Governo do Estado já colaborou com R$ 60 mil de contrapartida para a realização destas análises. Além disso, mais 30 mil reais já foram investidos na compra de materiais iniciais e transporte. “Fora o valor da bolsa, sem estes incentivos do estado, o trabalho não seria possível, pois é de alto custo”, destaca Maria Nogueira.
Novos investimentos
O ITPS e as pesquisas que envolvem análise da água ganharão mais um reforço, através de outro equipamento de alta tecnologia: o Plasma Ótico, que é capaz de analisar todos os elementos químicos de amostras sólidas e líquidas. Na aquisição do Plasma Ótico foram investidos R$ 255.500,00.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Governo investe em aparato tecnológico para dinamizar pesquisas – Fotos: Jairo Andrade