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Coroa de espinhos na cabeça, túnica roxa no corpo, pés descalços no chão, o pequeno Eduardo, 2, nem fala ainda o próprio nome direito mas já começa a pronunciar, na prática, a palavra fé, mãos dadas ao avô Washington dos Santos, 41. Os dois eram quatro dos milhares de pés descalços e túnicas roxas que tomaram as ruas pelas antigas ladeiras e casarios coloniais de São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do país, na tarde deste domingo, 17, durante a tradicional Procissão do Senhor dos Passos.

Prestigiada pelo governador Marcelo Déda, a maior romaria de Sergipe reuniu fiéis de diversos municípios sergipanos que dão, todos os anos, uma das maiores manifestações de devoção católica durante a cerimônia de encontro das imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, em frente à Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

“A Festa do Senhor dos Passos de São Cristóvão é uma das mais belas celebrações religiosas do Estado de Sergipe. O cenário de devoção, os setes passos de Cristo percorridos pelas ruas da cidade, a fé dos penitentes que vem para pagar promessas ou pedir graças, tudo isso carrega um significado religioso e cultural imenso.  São quatro séculos da história de Sergipe lembrados e preservados pela procissão”, afirmou o governador.

Passos de Fé

Realizada desde o século XIX, no segundo fim de semana da quaresma, a procissão do Senhor dos Passos abrange o percurso entre as igrejas do Carmo Pequeno e de Nossa Senhora da Vitória. Na procissão do encontro, penitentes e devotos acompanharam a saída da imagem do Senhor dos Passos da Igreja Matriz e de Nossa Senhora das Dores do Convento do Carmo. Durante a trilha de fé, percorreram com cantos de louvores os sete passos de Jesus Cristo pelas ruas da cidade tombada como patrimônio nacional e participaram da missa de encerramento, ao dobrar dos sinos da Ordem Terceira do Carmo.

Devoção sagrada humanizada nas janelas-altares de rendas brancas, flores roxas e imagens do padroeiro preparadas por moradoras como a aposentada Maria Nivalda Santos, 57, família toda no alpendre, ao ver, emocionada, a imagem do santo carregado pela rua estreita onde vive. “Essa é a nossa fé no Divino Senhor dos Passos. Ele prova que tudo o que a gente pede com fé, acreditando, a gente recebe”, diz dona Nivalda, numa tradução popular do rito secular.

Durante a procissão, fitas, fotografias, velas, e principalmente, objetos representando partes do corpo humano, materializam-se em ex-votos como forma de agradecimento ao Senhor dos Passos pela promessa cumprida. Fé que também serve de fôlego para a dona de casa Tereza Santos, 73,  percorrer por mais de três horas os passos da celebração e entregar seu ex-voto no museu instalado no claustro da Ordem Terceira. “Desde os meus 17 anos venho aqui para pagar a promessa alcançada. E todo ano minha crença no Senhor dos Passos se renova”, afirma a devota, ao revelar um dos ingredientes que fazem da procissão um dos mais ricos patrimônios culturais imateriais do Estado.  

Patrimônio da Humanidade

A Festa do Senhor dos Passos é uma das manifestações religiosas e culturais mais importantes da cidade fundada em 1590 e primeira capital de Sergipe. É também um dos marcos que ajudaram a tombar São Cristóvão oficialmente como patrimônio histórico nacional em 1945. Agora,  a quarta cidade mais antiga do Brasil pode se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade.

A candidatura é baseada na expressão do Conjunto Arquitetônico da Praça São Francisco, composto pelo Convento de São Francisco, com sua Ordem III, o antigo Palácio Provincial e a antiga Casa do Ouvidor, além das edificações no entorno da Praça. O resultado final da candidatura será dado por um comitê da Unesco, no mês de junho.

Presenças

Também participaram da procissão o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Artêmio Barreto, o deputado federal Valadares Filho, os deputados estaduais Armando Batalha e Professor Wanderlê, além dos secretários de Estado da Saúde, Rogério Carvalho, da Fazenda, Nilson Lima e o secretário adjunto da Comunicação, Maurício Pimentel.

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