[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]Depois de três meses de inaugurada, a Unidade de Qualificação Profissional do Bairro Santa Maria, da Fundat – Fundação Municipal do Trabalho, inserida no Projeto Cidade Viva – Plano de Ação Integrada da Prefeitura de Aracaju, está profissionalizando cerca de 275 mães do programa Bolsa-escola Cidade Criança, com cursos de corte e costura, bijuteria, depilação, manicure e pedicure e tapeçaria. São parceiros da Prefeitura a ONG Missão Criança e o Unicef. A intenção das alunas é formar uma cooperativa de trabalho, angariar recursos e contribuir para a renda familiar. Para tanto, vem recebendo apoio da fundação. O tempo ocioso dessas mulheres está preenchido, sem contar com a auto-estima elevada.
As mulheres que estão freqüentando os cursos, na sua maioria, são empregadas domésticas e faxineiras desempregadas. Algumas são separadas dos maridos com a responsabilidade de alimentar os filhos e outras necessidades. Outras têm os seus companheiros, mas também se encontram sem trabalho. Em pesquisa realizada pelos técnicos da fundação, diagnosticou-se que, a maior parte das famílias sobrevive dos recursos angariados através de “bicos”, como a catação de papéis e latinhas, limpezas em residências que surgem de vez em quando e outras atividades pouco rentáveis. A ajuda básica está sendo advinda do Bolsa-escola Cidade Criança.
Depoimentos – A comunidade do bairro Santa Maria está sentindo as mudanças. Não acreditava ser possível a Prefeitura de Aracaju oferecer cursos profissionalizantes, principalmente porque é um local com um número elevado de famílias de baixa renda. “Ave-Maria, estou muito satisfeita. Ouvi dizer que teremos cursos até pela noite. Pretendo aprender outras coisas”, disse Ivaneide Santos Santana, 32 anos e residente na rua Contorno Um, 265, Conjunto Maria do Carmo, aprendiz do curso de corte e costura. “Quero entrar para o mercado de trabalho e ser uma costureira profissional”, acrescentou, lembrando que atualmente cata latinhas para sustentar os quatro filhos.
Marido desempregado, apesar de ser pedreiro. A base da sobrevivência vem sendo R$ 90,00 percebidos do bolsa-escola Missão Criança. Esta é a situação de Dulcineia Moura dos Santos, 45 anos, moradora da rua R-3, nº 118, Conjunto Maria do Carmo. Ela está aprendendo a arte da tapeçaria. A sua intenção é aperfeiçoar-se e, dentro de quatro meses no máximo, produzir e comercializar tapetes e outros produtos. “Acho que trabalhar sozinha será difícil. Estou propensa a integra-me as demais companheiras e participar de uma cooperativa de trabalho”.
A doméstica Lucélia Correia dos Santos, 33 anos, reside na rua Rosa Azul, 17, Ponta da Asa. Mãe de dois filhos, também pretende fazer parte de uma cooperativa. Explicou que trabalha em casa de família durante três dias na semana e que, nas folgas está aprendendo tapeçaria. “Fiquei encantada. Depois que comecei a fazer o curso, sinto-me mais tranqüila e serena.
Separada do marido e com oito filhos menores, Lucilia de Jesus dos Santos, 42 anos, resolveu participar do curso de tapeçaria, voltada para o bolsa-escola. Após algumas aulas, o seu pensamento mudou. “Está sendo uma oportunidade maravilhosa e quero, através dessa arte, ganhar dinheiro e melhorar a situação de meus filhos”.
Os R$ 90,00 que Lucilia dos Santos recebe, não são suficientes para suprir as necessidades da família. O complemento é adquirido através da confecção de peças em crochê e faxinas que faz quando aparecem.
Izabel Dias dos Santos, 38 anos é responsável pela sobrevivência de 10 crianças, já que o marido encontra-se desempregado. Atualmente mora na rua Contorno Um, 221, Conjunto Valadares. De acordo com sua explanação, em breve estará escoando sua produção de tapetes. “Querer é poder. Não vou desistir. Daqui a pouco serei uma verdadeira profissional e, o que é melhor, ganhando dinheiro”.
Clientes à vista – Albanete da Silva, 33 anos, sete filhos, residente na rua O-12, nº 11, Conjunto Padre Pedro, esclareceu que o seu maior desejo é tornar-se uma manicure profissional e está fazendo planos para montar um salão de beleza. Ela acredita que, na atual realidade em que vive, não dá para ficar em casa esperando que o alimento chegue. “Meu esposo tem uma carroça e recolhe papelões pelas ruas. Já comecei a fazer a minha propaganda. Vou atender em domicílio, bem como em minha residência”.
“Cassa aos clientes”. A ação vem sendo praticada por Lidijan Rocha Santos, 42 anos e aprendiz do curso de depilação. “Estou trazendo várias pessoas para fazerem depilação aqui na unidade. Muitos estão gostando. Estou pensando em fazer cartões e distribuí-los. Por enquanto, estou fazendo o boca-a-boca e já estou sentindo o resultado.
Lidijan afirmou que não tinha noção do seu potencial e que poderia ter uma profissão. “Na nossa idade, a gente não consegue emprego. É preciso se virar e montar o nosso próprio negócio. Tenho a certeza de que irei conseguir”.
Auto-estima elevada – Para fazer os cursos oferecidos pela Fundat, é preciso assistir aulas de relações humanas. As instrutoras passam para as mulheres informações importantes para o dia-a-dia de cada uma, que variam desde o banho até o retoque final do batom. As alunas aprendem primeiro a gostar de si mesmas, o que provoca a elevação da auto-estima. “No primeiro dia de aula, a gente percebe que elas só sabem ser mães e donas de casa”, declarou a instrutora Prazeres Nery, com mestrado em relações humanas.
Nery explicou que é trabalhado com o grupo pontos que levam a desinibição; o reconhecimento do papel que é desempenhado pela mulher na sociedade, despertando e valorizando os dias de cada uma. No total, são 10 horas aulas de instrução e acompanhamento. “As relações interpessoais são importantes na vida de qualquer ser humano”.
A instrutora em tapeçaria, Iana Caldeira, servidora da Fundat, frisou que o desempenho de suas alunas está atingindo os 100%. “O fabrico de tapetes, ajuda a extravasar as emoções e aliviar as tensões. O trabalho delicado e a mistura de cores, as tranqüiliza”.
“Para o bom desempenho em qualquer arte que se aprende é o amor e a dedicação”. A expressão é da instrutora Rosineire Santos que está ministrando aulas de depilação para um grupo de 40 mães. Conforme a instrutora, todos os seres humanos são capazes, basta aperfeiçoar a técnica.
Participação da comunidade – Diariamente integrantes da comunidade se fazem presentes na Unidade de Qualificação Profissional do Bairro Santa Maria. São pessoas que também estão dando parcelas de contribuição. Alguns procuram as alunas para fazer as unha, depilar sobrancelhas, pernas ou ainda, para matar a curiosidade – ver para crer.
Gilberto Santos, 46 anos, é militar e resolveu depilar a barba. Envolto pelas alunas, não demonstrou sequer receio para as “puxadas” dos pêlos. “A minha barba é muito espessa e, quando utilizo lâmina de barbear, a minha pele fica irritada”.
Santos disse que nunca foi preconceituoso e que a sua atitude, além de o estar beneficiando, também estava servindo como forma de colaboração e incentivo às aprendizes. “O resultado foi magnífico. Espero retornar dentro de um mês para depilar a barba outra vez”.
Emprego e renda – A proposta da Fundat é ampliar a oferta de cursos, visando sempre à profissionalização da população aracajuana. Inicialmente, naquela unidade, os cursos estão voltados para as mães que integram o bolsa-escola, mas dentro de alguns meses, o treinamento também estará voltado para a comunidade em geral, inclusive com curso de arteculinária. “Pretendemos expandir a nossa proposta com aulas no período noturno”, afirmou o presidente da fundação, Antônio Carlos Mota.
Uma das prioridades da administração do prefeito Marcelo Deda, é a ampliação da possibilidade da geração de emprego e renda, medida que a Fundat está seguindo à risca. “Se nós profissionalizados os cidadãos, eles terão uma melhor oportunidade para enfrentar o mercado de trabalho ou ainda, montar o seu próprio negócio”, esclareceu Antônio Mota.
O presidente da Fundat lembrou que muitos indivíduos que participaram dos cursos oferecidos pela fundação conseguiram iniciar uma micro ou pequena empresas. “A gente tem exemplos das áreas de corte e costura, arteculinária, cabeleireiro e vários outros. Isso para nós é uma satisfação porque estamos contribuindo para o aumento da renda familiar dos aracajuanos”.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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