‘Forró no Asfalto’ valoriza tradição musical há mais de 30 anos
O programa Forró no Asfalto mostra a cultura nordestina e fala para o homem do campo na Aperipê AM, de segunda a sexta-feira, a partir das 9h, e na Aperipê TV aos domingos, às 8h45min. Apresentado por Clemilda, em parceria com Meloso, o programa que possui grande repercussão no interior de Sergipe dá visibilidade a artistas da terra e valoriza o tradicional forró pé-de-serra.
No ar há 33 anos na rádio e há 22 na TV, o Forró no Asfalto era transmitido pela antiga Rádio Difusora, que deu origem às rádios Aperipê AM e FM. Assim que a antiga TV Aperipê foi inaugurada, o programa passou a ter uma versão televisiva, sempre apresentado pela rainha do forró junto com seu parceiro Meloso.
"De lá pra cá o forró mudou muito. Se antes o autêntico forró era tocado basicamente com sanfona, zabumba e triângulo, hoje as músicas têm o acompanhamento de instrumentos como guitarra, baixo e bateria. O programa busca mostrar o estilo pé-de-serra, só que mesmo os artistas mais tradicionais hoje em dia já apresentam algumas influências do forró eletrônico", observa Idalvo Dias de Oliveira, o Meloso.
O programa traz artistas sergipanos como Erivaldo de Carira, Passarada do Ritmo e Zé Américo, além de músicos de outros estados, a exemplo do paraibano Genival Lacerda e do baiano Adelmário Coelho. Forró no Asfalto apresenta ainda diversas manifestações folclóricas do interior sergipano, como o samba de pareia entoado por Dona Nadir em Laranjeiras e as toadas cantadas originalmente para conduzir o gado.
Para lembrar a vida no campo, o cenário é ambientado com chaleiras, cercas de bambu, esteiras. No roteiro, os chamados “contadores de casos”, que fazem encenações com elementos teatrais e mesclam fatos concretos com ficção em seus relatos. O produtor do programa, Moisés Teles, freqüenta celebrações em diversos municípios do estado e é quem descobre artistas para apresentar no Forró do Asfalto.
Clemilda e Meloso, antiga parceria
Clemilda e Meloso apresentam o Forró no Asfalto desde a estréia do programa. Durante todos esses anos, Clemilda já lançou 40 discos e participou de programas como Discoteca do Chacrinha, Os Trapalhões e Show da Xuxa, da TV Globo; Programa do Raul Gil, ainda na extinta TV Manchete; Viva a Noite e Domingo Legal, no SBT.
A aproximação com o forró e programas de rádio vem desde que a alagoana Clemilda foi para o Rio de Janeiro trabalhar como garçonete durante a década de 1960. A lanchonete onde trabalhava se localizava próximo à Rádio Mairynk Veiga, e Clemilda se dirigia à emissora todas as tardes para integrar a platéia que assistia a Crepúsculo do Forró, programa ao vivo de cantores nordestinos apresentado pelo diretor da rádio, Raimundo Nobre de Almeida.
Numa dessas tardes Clemilda conheceu Gerson Filho, sanfoneiro da Rádio Mayrink Veiga, e começou a cantar com o homem com quem passaria 28 anos casada, até a morte do sanfoneiro. A parceria com Gerson Filho lhe rendeu três faixas no disco ‘É pra valer’, lançado em 1964 com a participação de vários intérpretes.
O primeiro LP solo da cantora foi ‘Forró sem briga’, de 1965, sendo que a artista só obteve reconhecimento 20 anos mais tarde com o sucesso ‘Prenda o Tadeu’, lançado em disco homônimo, que a fez ter repercussão nacional em programas como o do Chacrinha. Já o parceiro de Clemilda, o baiano Meloso, trabalhou em diversas emissoras na sua trajetória no radialismo, como a Rádio Excelsior, em Salvador. “Eu gostava de ouvir rádio e queria ser locutor também”, conta.
No ano de 1982, ele lançou o disco Pastoril do Meloso, o mesmo nome do circo mambembe do qual era dono e onde se apresentava como palhaço em diversos estados do país. Depois de produzir álbuns com grandes gravadoras e conceder entrevistas a programas com ampla audiência, Clemilda e Meloso avaliam que é muito difícil para um artista sergipano conseguir ter projeção nacional.
"Vemos que há muita gente talentosa no Estado, mas é difícil ficar sendo conhecido fora de Sergipe. O artista que quiser fazer sucesso no Brasil tem que gravar em grandes gravadoras. No programa a gente apóia os artistas independentes", comenta Clemilda. De acordo com Meloso, muitos trios pé-de-serra não são devidamente valorizados, e o programa procura divulgar esse forró e manter a tradição.
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