Filme ‘O Senhor do Labirinto’ é premiado no Festival de Cinema do Rio
A fascinante história do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário foi coroada no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, com o filme ‘O Senhor do Labirinto’ que recebeu o prêmio de Melhor Longa Metragem de Ficção pelo Júri Popular. A premiação do longa protagonizado pelo ator Flávio Bauraqui aconteceu na noite de terça-feira, 4 de outubro, durante o encerramento do festival. Dias antes da premiação, a Fundação Aperipê (Fundap) marcou presença no Cine Odeon para prestigiar a pré-estreia. Além disso, a equipe do programa ‘Olha aí’ registrou todos os acontecimentos que serão exibidos em um programa especial na Aperipê TV.
“É sempre muito gratificante receber o reconhecimento por um trabalho de muita dedicação que envolveu tantas pessoas e histórias. O Senhor do Labirinto é um filme dirigido por um pernambucano, com produção carioca, mas é, sobretudo, uma obra sergipana, pois foi filmado e produzido em Sergipe”, declara Geraldo Motta, diretor do filme que contou com a co-direção de Gisella de Mello. A produção do filme é assinada pela Tibet Filme, produtora carioca, em parceria com os Estúdios Mega.
‘O Senhor do Labirinto’ foi praticamente todo filmado em território sergipano, com exceção de duas cenas que foram feitas no Rio de Janeiro. As filmagens começaram em julho de 2008, no município de Nossa Senhora do Socorro, mais especificamente no antigo Hospital Psiquiátrico Garcia Moreno, onde foi feito um trabalho de cenografia para reconstituir o manicômio em que Bispo do Rosário vivia no Rio de Janeiro. Além da atuação da atriz sergipana Diana Veloso, que interpretou a médica que coordena o hospital psiquiátrico, o filme envolveu muitos outros profissionais sergipanos nas áreas de arte, produção, fotografia, iluminação, entre outras.
O diretor do longa explica que o projeto começou em 2003, quando o pré-roteiro foi aprovado para um edital do Ministério da Cultura e a partir de então foram várias etapas até a premiação. “Um momento decisivo para o projeto foi o contato com Indira Amaral, que em 2007 era coordenadora do Núcleo Orlando Vieira. Ela foi a grande madrinha que nos apresentou a Sergipe e nos ajudou a articular a realização do filme no Estado. Era essencial para nós fazer o filme na terra natal de Bispo do Rosário”, afirma Geraldo Motta.
“Esse é um marco para o audiovisual sergipano por ser o Bispo o personagem, pelo filme ter deixado frutos significativos para nossos profissionais, pela relação respeitosa que a produção teve com nosso Estado. Por tudo isso, somos muito gratos ao Geraldo e toda a produção, principalmente aos sergipanos, que brilharam em suas atuações, desde o elenco a produção”, ressalta a presidente da Fundação Aperipê, Indira Amaral.
Arthur Bispo do Rosário para o mundo
Arthur Bispo do Rosário nasceu no município sergipano de Japaratuba e em 1911 mudou-se para o Rio de Janeiro em 1925, onde trabalhou na Marinha Brasileira e na companhia de eletricidade Light. Após ter sofrido um delírio místico, foi diagnosticado como esquizofrênico-paranóico e internado na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio. Foram 50 anos de confinamento até a sua morte em 1989.
Nesse período ele criou, com sucata e materiais rudimentares, as mais diversas peças que tomavam o formato de navios de guerra, automóveis, bordados entre tantas outras formas. Em 1992, a sua obra foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Rio de Janeiro e, em 1995, é exposta na Bienal de Veneza, na Itália. A partir disso, a obra de Arthur Bispo passou a circular no mundo em inúmeras exposições. “O Senhor do Labirinto é como se fosse, realmente, mais uma obra de Bispo e eu espero não decepcioná-lo. Toda a dedicação dele era para tornar a sua obra majestosa para o dia do grande encontro com Deus. Ele queria que todos ficassem sabendo disso e eu acho que o filme traz essa dimensão”, relata o ator Flávio Bauraqui que interpretou Arthur Bispo no longa.
De fato, o trabalho do artista sergipano ganha uma dimensão maior ao ser retratado para a tela do cinema. Grande parte de sua obra está bem guardada em conceituados museus espalhados pelo mundo, ao alcance de um público seleto das artes plásticas. “O grande público e até mesmo muitos críticos desconhecem ou não compreendem a obra de Arthur Bispo”, ressalta a atriz Diane Veloso, que se diz orgulhosa, não só pelo papel que interpretou no filme, mas principalmente por ser sergipana e fazer parte de um Estado tão rico culturalmente que é berço de grandes nomes como Arthur Bispo do Rosário, por exemplo. “É muita emoção poder ter atuado nesse longa que tão bem retrata a minha terra e vai projetar a nossa cultura para o mundo”, afirma.
De acordo com uma das produtoras do filme, Thaís Mello da Tibet Filme, a previsão é que o ‘Senhor do Labirinto’ deverá chegar às telonas de todo o Brasil no início de 2011. “Ainda não fechamos a distribuidora para o filme, mas quando tudo estiver certo a nossa ideia é fazer uma estreia especial em Sergipe”, adianta. Enquanto o filme não chega ao grande público, o telespectador pode ficar atento à programação da Aperipê TV. A equipe do programa ‘Olha aí’, que cobriu a pré-estreia no Rio de Janeiro, está preparando uma edição especial sobre ‘O Senhor do Labirinto’. Em breve o telespectador poderá conferir o especial e saber dos bastidores desse filme tão aguardado pelos sergipanos.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Filme ‘O Senhor do Labirinto’ é premiado no Festival de Cinema do Rio – Fotos: Ascom/Aperipê