Comissão elogia iniciativa do Edital de Apoio ao Audiovisual

[vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]A fase de avaliação dos projetos inscritos no Edital de Apoio à Produção Teatral, inseridos no programa ´Aracaju + Cultura´, foi encerrada na tarde da última segunda-feira. A comissão responsável pelo julgamento dos trabalhos propostos esteve reunida em Aracaju, durante o final de semana, para finalizar o processo seleção e apresentar uma avaliação crítica dos trabalhos que concorreram ao edital. Esta iniciativa da Prefeitura de Aracaju é executada pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju).

Para a presidente da Funcaju, Lucimara Passos, a experiência do lançamento da série de editais de apoio à produção cultural revela algumas deficiências e potencialidades do cenário audiovisual em Aracaju. “De modo geral, a comissão percebeu que alguns proponentes têm certa dificuldade para formatação do orçamento de um projeto, mas que outros apresentam impulso criativo com roteiros surpreendentes na área da ficção”, comentou.

A presidente da Fundação acredita que essa experiência contribuirá para o fortalecimento do audiovisual na cidade. “O edital surge como tentativa de estímulo à produção local, mas por si só não é suficiente para melhorar a qualidade da produção em Aracaju”, salientou. “É necessário investir na formação desse pessoal com a promoção de cursos e oficinas, assim como as ações que já estão sendo desenvolvidas pelo Núcleo de Produção Digital”, completou.

Cenário promissor

Para a avaliação dos 26 projetos inscritos no Edital de Apoio ao Audiovisual foi montada uma comissão de seleção composta por quatro avaliadores de notório saber em audiovisual de fora do cenário estadual, que foi orientada pela coordenadora do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPDOV) e presidente da Fundação Aperipê, Indira Amaral.

A coordenadora do NPDOV ressalta a importância deste edital para o cenário do audiovisual local. “O Edital de Apoio ao Audiovisual simboliza o início de uma efetiva política de estímulo e fomento à produção cultural da cidade. Essa iniciativa representa uma evolução em relação à experiência com a Lei de Incentivo à Cultura que apresentou problemas em sua execução”, explicou.

Indira Amaral também demonstrou estar animada com o número de projetos apresentados à comissão deste edital. “Se compararmos que o último Festival Curta-Se teve 14 curtas-metragens inscritos, os 26 proponentes inscritos neste primeiro edital já é um avanço”, disse. “A própria qualidade e a quantidade dos trabalhos propostos nos faz refletir sobre uma possível reedição do edital”, frisou.

O curador e jornalista cultural Israel do Vale (BH), destacou a relevância desta iniciativa. “O lançamento de editais de fomento à produção cultural representa a política mais madura, transparente e inclusiva no sentido de trazer outros agentes para a cadeia produtiva do audiovisual. É fundamental que esta seja uma prática permanente, para que possa cada vez mais refinar e ampliar os recursos”, disse.

Sobre a quantidade de inscritos, Israel do Vale acredita ser resultado da ambiência local. “O número de trabalhos inscritos reflete o histórico e a realidade do cenário do audiovisual local, que até então não tinha uma política voltada para o fomento da produção cultural que incentivasse as produções independentes”, ponderou.

Ele também comentou que alguns projetos demonstram forte influência da linguagem jornalística. “Muitos proponentes têm formação acadêmica em comunicação social e a maioria passou pelo NPDOV. Isso já uma demonstração dos resultados práticos das ações do Núcleo”, disse.

Para o crítico e diretor de cinema Eduardo Valente (RJ), a realização dos cinco trabalhos representa a possibilidade de projeção e circulação em nível nacional. “Cada vez mais os trabalhos em mídia digital aprovados em editais têm circulado amplamente pelos festivais nacionais. Muitos concorrem em pé de igualdade com filmes em película que são exibidos da mesma forma. Essa experiência é importante não só para a produção local, mas principalmente para os proponentes”, ressaltou.

Ele destacou ainda que participar do edital é uma oportunidade para a prática de formatação de projetos. “O edital contribui para despertar o interesse nos jovens aspirantes a realizadores do audiovisual em Aracaju a praticar esse exercício de elaboração e formatação de projetos de editais regionais de âmbito nacional, como editais do Ministério da Cultura e da Petrobrás”, comentou.

Sobre a difusão dos curtas-metragens contemplados pelo edital, a presidente da Fundação Aperipê, Indira Amaral, salienta a importância da parceria com a Prefeitura Municipal. “O edital direciona seus objetivos de forma clara quando explica que os curtas-metragens contemplados serão difundidos via rede pública em parceria com a TV Aperipê”, finaliza.

Investimento na formação

O diretor de Cinema e coordenador do Olhar Brasil no Acre, Maurice Capovila (RJ) apresentou algumas críticas em relação aos projetos apresentados. “Identificamos projetos muito bem elaborados na área da ficção e do documentário, mas que pecam com a ausência de informações sobre a viabilidade da execução ou são deficientes na pesquisa sobre a temática abordada e na formatação do roteiro”, frisou.

Ele defende a necessidade de investimento na formação dos proponentes. “O edital em si não é a solução para o desenvolvimento da produção local. Em uma experiência no Ceará, o edital foi formatado para ser acompanhado por um tripé que incluía a formação do proponente, a informação acerca do audiovisual e a difusão dos produtos por meio de festivais”, destacou. “É necessário não apenas lançar o edital, mas incentivar a participação dos interessados com a promoção de oficinas que trabalhem sobre linguagem, narrativa, dramaturgia e documentário”, completou .

Para o produtor de cinema, Mario Azen (RJ), o trabalho desenvolvido pelo NPDOV desde a sua fundação ainda está em estado germinal, mas que vai apresentar frutos a longo prazo. “O edital serve como demanda para a criação de novos cursos e para que o NPDOV não seja apenas fomentador da produção, mas da formação do audiovisual em Sergipe”, sugeriu.

Apesar das críticas sugeridas pela comissão, Mario Azen considera positiva mobilização dos proponentes. “É importante que haja essa demanda de pessoas dispostas a fazer ficção e documentário em locais mais distantes dos grandes centros produtores do audiovisual no Brasil. A política de editais regionais permite mostrar para fora do Estado as singularidades da cultura local”, disse. “Só teremos um cinema nacional de fato, se ele começar a falar das peculiaridades de cada ponto do Brasil, com a voz do produtor local”, finaliza.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text] [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]