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Tomar do Geru, município sergipano a 131 km da capital Aracaju, tem sua economia baseada principalmente nos cultivos da laranja e do milho. Mas, seja nas grandes lavouras e pomares extensivos, ou nas pequenas plantações da agricultura familiar, o uso indiscriminado dos defensivos químicos alerta quanto ao risco à saúde da população. Por este motivo, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais (STTR) e a Secretaria Municipal de Agricultura realizaram, na última sexta-feira, 19, a segunda edição do Evento de Conscientização Sobre Uso de Agrotóxicos.
 
A Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) foi convidada ao Evento para demonstrar suas experiências no uso de meios alternativos à utilização dos defensivos químicos na agricultura. Representou a Empresa o técnico Agrícola José Raimundo Pereira de Matos, do Perímetro Irrigado Piauí (PIPIA) de Lagarto, unidade da Cohidro onde mais se destaca o cultivo de produtos agroecológicos. José Raimundo proferiu palestra onde explicou as vantagens do uso de produtos naturais na obtenção de alimentos mais saudáveis e sem danos à saúde do produtor.
 
“Vim propor o debate sobre a produção e sustentabilidade orgânica, usando como exemplo a experiência adquirida, por nós da Cohidro, em Lagarto. Há uma gama de produtos alternativos que podem substituir o uso de fertilizantes químicos e inseticidas. Todos estes produtos são listados na cartilha de ‘Produtos Alternativos’, que também trouxemos para distribuir entre os agricultores e demais pessoas presentes no evento”, explicou o técnico da Cohidro, que distribuiu a publicação redigida pela engenheira agrônoma Sônia Loureiro, Gerente de Desenvolvimento Agropecuário da Cohidro.
 
Saúde

Não só a pasta da agricultura e meio ambiente de Tomar do Geru, mostra preocupação com o uso dos defensivos químicos. A secretária Municipal de Saúde, Josefa Soares Diniz, participou do Evento, concordando com a urgência da discussão do tema.

“Aprovo tudo que foi dito aqui nas palestras, como cidadã, secretária do governo municipal e enfermeira graduada, reconheço a importância de combatermos o uso indiscriminado dos agrotóxicos”.

Mudas de nim

Além de distribuir as cartilhas “Produtos Alternativos” e “Racionalização do Uso de Agrotóxicos”, está última produzida também pela Cohidro e escrita pelo seu engenheiro agrônomo Remi Bastos, o técnico do PIPIA levou ao evento cinco mudas de nim.

Doadas ao STTR, as plantas são utilizadas como defensivo natural em cultivos orgânicos, apresentando ótimos resultados nas plantações livres de agrotóxicos dos irrigantes da Companhia.
 
“Seja a partir da semente ou das folhas, é produzido o extrato de nim, que borrifado nas folhas, funciona como repelente. Ele, ao contrário do inseticida, espanta os insetos que atacam a planta, sem risco contaminar aquilo que servirá de alimento para nós”, esclarece José Raimundo, que também falou do uso da manipueira, substrato obtido da fabricação da farinha de mandioca, que tanto serve como adubo orgânico como para o controle de pragas.
 
Entusiasmando com a explicação do técnico, o agricultor de Tomar do Geru, Romualdo Francisco de Jesus, disse já ter testado a manipueira para combater formigas. “É muito importante essa explicação, principalmente para o uso dos inseticidas orgânicos. Usei a manipueira e quero usar outros produtos agora, com a orientação que vou ter com a cartilha”, conta Romualdo, que lida com o cultivo da laranja.
 
O uso sem orientação dos agrotóxicos no município foi o grande motivador do evento, como estabelece o vice-presidente do STTR e diretor de assalariados da Federação dos Trabalhadores Rurais de Sergipe (Fetase), co-realizadora do evento, Nunes dos Santos Alexandre.  “O evento é focado nos pequenos produtores, que usam os produtos químicos como se fossem remédio, aquilo que é veneno. Tivemos acesso à cartilha de ‘Produtos Alternativos’ da Cohidro e alguns de nós testamos as receitas. Vimos a boa eficácia desses defensivos naturais, por isso convidamos a Cohidro para dar a palestra”, conta.
 
Bons exemplos

O casal agricultores, José Roberto Correia Matos e Jaciara Oliveira Santos cultivam hortaliças em sua pequena propriedade e as vendem na feira da sede municipal de Tomar do Geru. José Roberto, depois de participar de cursos realizados pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), adotou técnicas de cultivo mais naturais em sua plantação, com o uso de restos de vegetais para compostagem, cinzas e a pasta de mamona para a adubação de fundação, atingindo a raiz das plantas.
 
“Já uso também defensivos naturais, como a urina de vaca, para borrifar as hortaliças. Tudo que vi aqui hoje será aproveitado, quero aplicar as orientações da cartilha e o que foi explicado pelo técnico da Cohidro, na produção de um biofertilizante totalmente natural”, relata José Roberto, que ainda passa o recado de que “é importante respeitar a cultura, tem que gostar da planta, tratar bem a plantação como se fosse uma pessoa próxima de nós, para que ela nos dê como retorno o alimento”.
 
Coordenadora da ala jovem do STTR, Maraisa Alves, tem organizado com seu grupo, atividades de conscientização quanto ao consumo de drogas, desmatamento e agora estão trabalhando com o uso indiscriminado dos agrotóxicos.“Por meio de reuniões com os jovens, do campo e da cidade, queremos ampliar o debate sobre este problema e o tema da palestra da Cohidro será uma ótima pauta. Achei interessante o tipo de produtos alternativos usados como defensivos. Coisas simples, que nem sabíamos que poderiam ser usados na agricultura como opção aos produtos químicos”.
 
Para o secretário Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Otacílio Leal, este é só o começo de uma série de ações que a administração municipal pretende adotar para minimizar os efeitos causados pelo uso indiscriminado do agrotóxico. “Estamos nos juntando a bons parceiros, como o STTR, a Fetase, Ministério Público do Trabalho, Embrapa, Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Banco do Brasil, Cohidro e Emdagro, para promover palestras, exibição de vídeos e eventos. Vamos inclusive agir nas escolas, levando essa programação às crianças”.
 
“Também estamos organizando os nossos agricultores, que sabemos que não usam agrotóxicos, para que sejam valorizados quanto a comercialização desse produto diferenciado”, acrescenta o secretário, sobre os passos que a Prefeitura inicia em busca de uma agricultura familiar menos nociva ao meio ambiente e à saúde da população.
 
Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, conta que a Secretaria de Estado de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), já combate o uso indiscriminado do agrotóxico em Sergipe. “Por um lado, as ações de fiscalização e obrigatoriedade do receituário agronômico, controlam a venda e utilização dos defensivos químicos no campo, trabalho realizado pela Cohidro e pela Emdagro. Nós inclusive produzimos uma cartilha, que explica o modo certo de utilizar esses insumos”. Além disso, ele revela que a Companhia desenvolve atividades oferecendo alternativas à agricultura convencional. 
 
“Paralelo a isso, trabalha a Cohidro, junto de parceiros como o Sebrae, incentivando a produção agroecológica, através da distribuição dos kits do PAIS, cursos, a nossa cartilha de “Produtos Alternativos” e orientação técnica aos irrigantes da Companhia. Também oferecemos meios de comercialização rentáveis a quem opta pela agricultura orgânica, por meio do PAA – Frutos da Terra ou então levando nosso agricultores para venderem seus produtos nas eco-feiras, promovidas pela Secretaria da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides) em todo Estado”, finaliza Mardoqueu.

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