Assentados assistidos pela Emdagro debatem segurança alimentar
Trinta assentados do Assentamento Vitória da União , do município de Santa Luzia do Itanhi, se reuniram nesta sexta-feira, 15, para uma conversa com técnicos da Emdagro sobre segurança alimentar e nutricional. A ocasião representa o início do trabalho de implantação de 24 hortas domésticas e 4 comunitárias em 13 comunidades rurais assistidas pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) naquele município.
“É importante que os agricultores saibam o porquê de estarmos implantando essas hortas, a importância do envolvimento deles nesse trabalho e os benefícios do consumo de hortaliças produzidas de forma orgânica”, destacou a nutricionista da Emdagro, Angélica Freitas.
No início da reunião, os assentados participaram de uma dinâmica, que teve como objetivo integrar e envolver o grupo. Na atividade, os participantes representaram através de mímica ditados populares relacionados ao tema e fizeram reflexões: ‘quem não chora, não mama’ (chorar para baixar os preços, reivindicar os direitos); ‘saco vazio não fica em pé’ (tem que se alimentar bem para ter força – com fome não dá pra fazer nada); ‘onde come um, come dois’ (compartilhar, dividir com as outras pessoas); ‘não só de pão vive o homem’ (o ser humano precisa de comida, de saúde, de educação, de lazer, de segurança, de participação).
Palestra
Após a apresentação dos grupos, os participantes assistiram a uma palestra da nutricionista Angélica Freitas, onde os assentados puderam ouvir informações e tirar dúvidas, sobre alimentação. A primeira informação passada foi a que comer é um direito, ou seja toda pessoa tem o direito a uma alimentação saudável, livre de bactérias, pragas ou agrotóxicos e preparada com higiene e carinho. Foi enfatizada a importância deles consumirem o que produzem e não trocar esses alimentos por produtos industrializados.
Outro ponto abordado foi que uma alimentação nutritiva tem que ser variada, equilibrada e adequada, respeitando as diferenças de cada região. Angélica abordou ainda sobre a importância do apoio e o fomento a agricultores familiares e cooperativas para a produção e a comercialização de alimentos saudáveis como legumes, verduras e frutas, importantes alternativas para que além da melhoria da qualidade da alimentação, estimule a geração de renda para as comunidades.
Encerrando a sua apresentação, Angélica apresentou o que os agricultores podem fazer para ter uma alimentação saudável: implantar uma horta comunitária ou um canteiro no quintal para cultivar frutas, verduras, legumes, cereais da região, temperos e ervas medicinais; criar animais com galinhas, patos, porcos, ovelhas, etc.; aproveitar melhor os alimentos da região, evitando desperdício; preparar conservas para aproveitar os alimentos da safra para consumo da família e também gerar renda; guardar sementes para plantar no ano seguinte e armazenar alimentos para consumir na entressafra; participar dos Conselhos de Saúde e de Segurança Alimentar do município, para decidir ações a realizar para melhorar o acesso a alimentos seguros e nutritivos.
Na oportunidade os agricultores também apresentaram experiências vivenciadas por eles, a exemplo da exibida por seu Joel, Presidente da associação da Comunidade Mocambo, que falou sobre a produção de vinagre caseiro com o suco da cana de açúcar. O grupo achou tão interessante que marcou uma reunião para Sr. Joel ensinar a fazer.
Depoimentos
A assentada e representante do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Verônica de Santana, alertou para o desperdício no meio rural, onde as pessoas jogam no lixo partes dos frutos que são ricos nutricionalmente, a exemplo das cascas, talos e outros.
Já a agricultora Anete ressaltou que antigamente, ao contrário do que ocorre hoje, não via as pessoas no médico por causa dos alimentos. “Precisamos voltar a essa época, pois o alimento é muito importante”. A lavradora Madalena Santana, por sua vez, fez um alerta sobre a situação que observa. “As pessoas na região estão comendo o que vem da feira. E cadê a sua produção? Precisamos refletir: A gente quer essa terra pra quê? Qual a função dela? Precisamos refletir para mudar. Voltar a produzir dentro da nossa terra”.
Ao final da reunião, Verônica Santana lembrou as políticas públicas que estão sendo colocadas à disposição dos agricultores familiares, a exemplo do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Ela também lembrou experiências no próprio assentamento de produção de hortaliças com a comercialização do excedente e conclamou a todos para começar a produzir nos seus quintais.
Na oportunidade foi marcada uma reunião com a Emdagro e assentados, no próximo dia 28, para a instalação de uma horta em um quintal da comunidade. O objetivo é capacitar os agricultores para que cada um organize a sua horta. A Emdagro irá disponibilizar as sementes e acompanhar a instalação das hortas.
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