Artigo – Evolução do Emprego em Sergipe no Primeiro Semestre de 2011
Magaiver Correia*
Os dados divulgados pelo MTE sobre o desempenho do mercado de trabalho brasileiro, neste 1º semestre de 2011, demonstram que a economia do país permanece aquecida e que os esforços do governo em medidas contracionistas para domar o alarde inflacionário ainda deverão tomar algum tempo para que seus efeitos sejam perceptíveis e computáveis. De janeiro a junho, foram criados no país 1.414.660 novos postos de trabalho, significando uma variação de 3,94% do estoque. Além das novas admissões, o valor do salário médio admissional que apresentou um aumento real de 3,04% (com descontos da inflação), passando de R$ 874,14, no 1º semestre de 2010, para R$ 900,70, nos primeiros seis meses de 2011.
Em Sergipe, os dados divulgados foram igualmente positivos, seguindo a tendência nacional. Até junho, neste ano, foram contratadas 5.443 pessoas em regime celetista, representando um crescimento de 2,09% do estoque de emprego, fazendo deste o segundo melhor 1ºsemestre do mercado de trabalho em Sergipe desde 2003, primeiro ano com dados disponíveis no portal de Evolução do Emprego do CAGED – EEC, conforme o gráfico abaixo:
(GRÁFICO 01)
Em confronto com os dados de 2010, para o mesmo período, quando foram admitidos 6.167 novos profissionais, no ano de 2011 a evolução do trabalho formal em Sergipe tem apresentado um ritmo menos pujante, porém que indica que o ciclo virtuoso do aumento do empregotende a se manter ao longo do ano.
(GRÁFICO 02)
Dados regionais e estaduais
Na comparação regional, os postos de trabalho criados no Sudeste correspondem a 61,1% do total nacional, seguido pelas regiões Sul (17,5%), Centro-Oeste (11,2%), Nordeste (5,7%) e Norte (4,5%). Dentre as unidades federativas destacam-se os estados de: São Paulo (521.746), Minas Gerais (214.783), Rio de Janeiro (99.175), Paraná (98.874), Rio Grande do Sul (90.278), Goiás (75.604), Bahia (60.472) e Santa Catarina (57.895), na quantidade de empregos gerados, enquanto que Goiás (7,53%), Amazonas (7,24%), Mato Grosso (6,88%), Mato Grosso do Sul (6,41%) e Minas Gerais (5,64%) apresentaram as maiores variações de estoque de emprego formal.
No contexto do Nordeste, que registrou a admissão de 80.801 novos trabalhadores com carteira assinada, em 2011, a Bahia, já mencionada, com o saldo positivo de 60.472 novas admissões respondeu por 54,1% dos empregos criados na região, seguida por Ceará (20.352, 18,2%), Pernambuco (13.485, 12,1%), Maranhão (6.279, 5,6%), Piauí (5.770, 5,2%) e Sergipe (5.443, 4,9%). Os estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte e de Alagoas apresentaram números negativos decorrentes da sazonalidade da contratação de mão-de-obra ocupada nas lavouras permanentes e n produção de cana-de-açúcar e sua cadeia produtiva (incluindo as usinas de etanol e açúcar). Importante destacar que Sergipe apresentou a 3ª melhor tava de variação de emprego da região, com 2,09%, atrás somente da Bahia e do Piauí, e na frente de importantes economias nordestinas como Ceará e Pernambuco.
(GRÁFICO 03)
Sergipe: Desempenho por setor
Agropecuária
O setor agropecuário (que inclui também pesca, aqüicultura, extrativismo vegetal e animal) em Sergipe possui uma forte característica de sazonalidade. Desta forma, as atividades agrícolas, pecuárias, de extrativismo vegetal, de pesca e de aquicultura fecharam o semestre com um decréscimo de -1.920 postos de trabalho. Na análise dos dados, mês a mês, este resultado se deve ao desempenho do mercado de trabalho do setor nos primeiros quatro meses que registraram um saldo negativo acumulado de -3.123 empregos. Porém, entre maio e junho houve uma recuperação significante de 1.299 novos postos de trabalhos. Dentre as culturas do estado, a da cana-de-açúcar, que tem crescido consideravelmente nos últimos anos no estado, tem sido a principal influência no comportamento do emprego formal no Setor em 2011.
Indústria, Extrativismo Mineral, Utilidade Pública e Construção Civil
O emprego industrial sergipano apresentou desempenho semelhante ao do mesmo período do ano anterior, quando registrou um saldo positivo de 691 novos postos de trabalho. Em 2011, até junho, houve um acréscimo de 677 novos empregados a uma taxa de crescimento de 1,59%. Os meses de março, abril e junho apresentaram números negativos decorrentes das demissões na indústria sucro-alcooleira.
As principais atividades industriais que contribuíram para o aumento do número de carteiras assinadas no setor a fabricação de produtos de minerais não-metálicos empregados na construção civil (654), com destaque para a fabricação de produtos de cerâmica vermelha (253); a fabricação de calçados de couro (214); a metalurgia (154), e a indústria mecânica (147). Outros importantes segmentos industriais também obtiveram aumento da força de trabalho, como a indústria têxtil e a indústria de celulose e editoração, a fabricação de móveis de madeira e a indústria de borracha, fumo e couros. Entretanto, merece um aparte especial o desempenho da atividade de fabricação de periféricos de informática que contratou 60 novos empregados no semestre.
(GRÁFICO 04)
Os setores da Indústria Extrativa Mineral e de Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) são setores que tradicionalmente não apresentam variação significante do nível de emprego. Desta forma, neste semestre, registrou-se para a indústria extrativa mineral um acréscimo de 46 novos empregos e uma variação de 1,5%, enquanto que para os SIUP foi obtido um resultado mais significativo com 184 novas contratações e um crescimento de 4,6%.
A Construção Civil tem permanecido como o segundo setor que mais gera empregos em Sergipe, atrás somente dos Serviços. No acumulado do ano, foram admitidos 2.059 trabalhadores, superando o total de empregos criados no 1º semestre de 2010, e a taxa de crescimento (6,9%) foi a maior dentre os setores da economia sergipana. Além disso, a demanda deste setor por cimento, blocos, tijolos e telhas, tem impulsionado a geração de empregos na atividade de fabricação de produtos minerais não-metálicos que apresentou a maior criação de postos de trabalho da Indústria de Transformação.
Comércio
O Comércio empregou, entre janeiro e junho de 2011, 1.378 profissionais com carteira assinada, dos quais 1.119 (81,2%) foram contratados pelo Comércio Varejista e 259 (18,8%) pelo Comércio por Atacado. O mês de abril registrou o melhor desempenho do setor com 563 empregos. Entre as atividades comerciais que mais criaram postos de trabalho estão: Comércio de veículos automotores (131); Comércio de ferragens, madeira e materiais de construção (121); Comércio de equipamentos de telefonia e comunicação (109); Comércio de artigos do vestuário e acessórios (89); Comércio de produtos farmacêuticos e veterinários (84); Comércio de peças e acessórios para veículos automotores (73); Comércio de combustíveis para veículos automotores (72); Minimercados, mercearias e armazéns, com predominância de alimentos (70); Comércio varejista de produtos em geral sem predominância de alimentos (65); e Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e produtos de higiene pessoal (59).
Serviços
O setor de Serviços foi o principal responsável pelos números positivos do mercado de trabalho sergipano neste 1º semestre. Foram gerados no setor 3.109 empregos formais, significando um crescimento de 3,13%. O subsetor de Serviços de Alojamento, Alimentação, Reparação e Manutenção foi o que mais admitiu, 1.054 trabalhadores, com destaque para os estabelecimentos que prestam serviços relacionado à alimentação (210). Os serviços de Saúde vêm logo em seguida com 581 admissões, e o subsetor de Ensino, impulsionado pelas contratações relacionadas ao Ensino Fundamental gerou 547 empregos. Já os serviços relacionados às atividades imobiliárias e à prestação de serviços técnico-profissionais geraram 471 empregos.
(GRÁFICO 05)
Desempenho por município
Analisando a evolução do emprego em Sergipe a partir dos municípios, 37 cidades sergipanas registraram comportamento positivo do emprego durante o ano, enquanto outras 37 cidades apresentaram diminuição dos postos de trabalho, e apenas Riachão do Dantas, no Centro-Sul sergipano, teve saldo zero na movimentação da mão-de-obra. Considerando apenas os municípios em que houve aumento do emprego, 62,2% destes estão na Região Metropolitana de Aracaju, em decorrência das admissões ocorridas no setor de Serviços que tem suas atividades concentradas na Grande Aracaju[i]. No interior se destacaram os municípios de Itabaiana, Simão Dias, Nossa Senhora Aparecida, Estância, Tobias Barreto, Nossa Senhora da Glória e Lagarto.
Já entre os municípios que perderam emprego, Laranjeiras e Nossa Senhora das Dores registraram os piores números, efeito da diminuição sazonal do trabalho na lavoura da cana e nas usinas de etanol e açúcar.
A indústria foi entre os setores econômicos o que mais descentralizou o emprego na capital e região metropolitana, 80,8% dos novos trabalhadores admitidos na Indústria é mão-de-obra interiorana, com destaque para Simão Dias, Nossa Senhora Aparecida e Itabaiana, com 398, 253 e 203 empregos formais criados respectivamente.
(GRÁFICO 06)
Breve perfil da mão-de-obra empregada
Traçando um perfil da mão-de-obra sergipana empregada no 1º semestre de 2011, a partir do tipo de movimentação tem-se 79,4% destes trabalhadores admitidos por reemprego e uma parcela significativa de admitidos no primeiro emprego, 18,7%. Quanto ao grau de instrução, 47,8% dos novos contratados possuem até o Ensino Fundamental completo. Entretanto, o percentual de contratação de trabalhadores com Ensino Médio e Ensino Superior completos aumentou em relação ao ano de 2010, passando de 43,5% para 44,9% e de 6,0% para 6,2%, respectivamente.
Na classificação por gênero, enquanto que o 1º semestre de 2010 teve relativa predominância masculina na mão-de-obra contratada, 58%, a ampla maioria dos trabalhadores admitidos no 1º semestre de 2011 é feminina, 82%. Já quanto à faixa etária, o perfil desta mão-de-obra contratada em 2011, até junho, é predominantemente jovem, com 79% dos novos profissionais com idade entre 18 e 24 anos, seguidos pelos trabalhadores com faixa etária até os 17 anos, 16%, e os trabalhadores com idade entre 25 e 29 anos, 5%,em detrimento das faixas de idades mais experientes que registraram queda do nível de emprego.
Apesar do ganho nominal de renda, em relação ao 1º semestre de 2010, os trabalhadores contratados em 2011, passando o salário admissional de R$703,50 para R$719,89, sofreram uma queda do nível de renda real de -3,64%, no mesmo período.
É importante o papel dos microempreendimentos na criação de empregos em Sergipe, pois 85,5% das novas admissões forma feitas por empresas com até 19 empregados, enquanto que as empresas de médio porte absorveram 14,5% desta mão-de-obra, e os pequenos e grandes empreendimentos registraram decréscimo dos postos de trabalho.
Considerações
Os números do mercado de trabalho sergipano para este 1º semestre de 2011 demonstram que a economia do estado permanece aquecida e deverá sê-lo até o final do ano, se for tomado como base o histórico dos últimos oito segundos semestres, que registraram maior número de empregos que a primeira etapa do ano. Foi computado o segundo melhor volume de novas admissões neste século. Se não foi superior ao desempenho de 2010, os dados semestrais do emprego sergipano merecem destaque pela manutenção da série de números positivos que tem caracterizado a economia do estado nos últimos anos. Entretanto, o salário real inicial necessita de incremento para que efetive a distribuição de renda e conceda de fato maior poder de compra ao trabalhador.
Nota-se também que os esforços para a descentralização do desenvolvimento a partir da instalação de indústrias nos municípios do interior tem se mostrado exitosa haja vista a volume de empregos gerados nos municípios que tem sediado estes novos empreendimentos em comparação com o montante de empregos criados na Grande Aracaju. O emprego industrial além de proporcionar melhores salários e planos de carreira, não está sujeito às temporalidades que marcam o emprego agrícola, fazendo com que municípios com forte base agropecuária tenham um percentual mais significante de mão-de-obra ocupada permanentemente.
[i] A Região Metropolitana de Aracaju, chamada Grande Aracaju, criada pela Lei Complementar Estadual n.º 25, de 29 de dezembro de 1995, compreende os munícipios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros, e faz parte do Território de Planejamento da Grande Aracaju, junto com outros cinco municípios: Itaporanga d’Ajuda, Laranjeiras, Santo Amaro das Brotas, Riachuelo e Maruim. Para efeito deste cálculo considerou-se como Grande Aracaju apenas os limites estabelecidos pela lei estadual supracitada.
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