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Uma simples mancha esbranquiçada ou avermelhada na pele pode se transformar num complicado problema de saúde. A doença em questão é a hanseníase, antigamente chamada de lepra e vista como incurável. Por ser contagiosa, as vítimas eram isoladas do convívio social e ainda precisavam enfrentar o preconceito. Hoje, a realidade é outra, pelo menos no que diz respeito ao isolamento. A hanseníase tem cura e pode ser tratada na própria Rede Básica de Saúde em até um ano, quando descoberta precocemente.
 
É justamente esse o foco dos órgãos de saúde quando a tarefa é erradicar a doença: identificar os casos ainda na sua fase inicial, para diminuir as chances de deformidades. E nesta semana, por conta do Dia Nacional de Combate à Hanseníase – 30 de janeiro -, as ações ganham fôlego, no sentido de alertar a sociedade para o diagnóstico precoce. “Esse trabalho envolve diretamente os profissionais que atuam nas unidades básicas, consideradas a principal porta de acesso do usuário ao SUS”, informa a responsável técnica pelo Programa Estadual de Hanseníase, Eliane Nascimento.
 
Segundo ela, já que são os municípios os responsáveis pelo atendimento à população na Rede Básica, ao Estado cabe desenvolver estratégias que qualifiquem a assistência prestada em cada localidade e, consequentemente, ampliem a capacidade de detecção dos casos de hanseníase. Uma das iniciativas da Secretaria de Estado da Saúde (SES) que se destaca nesse contexto é a realização de capacitações para os profissionais do Programa de Saúde da Família (PSF), a exemplo de médicos, enfermeiros e agentes comunitários.
 
“No ano passado, conseguimos voltar esses treinamentos para os municípios prioritários e, com isso, trabalhar de forma mais específica a situação de cada um”, diz Eliane. A responsável técnica explica que, conforme orientação do Ministério da Saúde, as localidades prioritárias são aquelas que apresentam mais de um caso por 10 mil habitantes na faixa etária menor de 15 anos. “Encaixam-se, por exemplo, nesse perfil os municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro”, citou.

De acordo com Eliane Nascimento, o diagnóstico de casos em menores de 15 anos merece atenção especial visto que essa situação demonstra que há transmissão ativa na comunidade. “É necessário controlar essa transmissão, através da análise de todos os contatos do paciente com hanseníase e da busca ativa de casos novos na área”. Em Aracaju, como uma das ações do Estado para intensificar esse trabalho, a SES promoveu em outubro do ano passado uma oficina de fantoche para agentes comunitários de saúde.

Ao ensinar esses profissionais a produzirem bonecos e roteiros de teatro, o objetivo do curso, realizado em parceria com a ONG holandesa NLR (Netherlands Leprosy Relief), consistiu em incentivar os agentes a desenvolver atividades lúdicas para passar adiante informações sobre a hanseníase e alertar as pessoas sobre os sintomas e a necessidade de tratamento. “Esses profissionais de saúde são peças chave no combate à doença, pois eles lidam diretamente com a população, visitando as casas e estabelecendo um contato mais próximo com os moradores da área onde atua”, ressaltou a técnica.

Dados

 
Conforme divulgou o Ministério da Saúde na última segunda-feira, 26, o número de casos novos de hanseníase no Brasil caiu 23% entre 2003 e 2007. Em 2003, o total de notificações foi de 51.941. Já em 2007, o valor foi de 40.126 pessoas diagnosticadas. Em Sergipe, os dados de detecção podem ser verificados de 2004 para cá: foram 518 em 2004; 630 em 2005; 470 em 2006; 530 em 2007; e 418 em 2008. Os dados do ano passado, no entanto, ainda não estão fechados, o que só deve ocorrer em março por se tratarem de notificações tardias encaminhadas pelos municípios.

“Percebe-se uma instabilidade nos números, que pode ser interpretada como o reflexo de ações de rotina, ou seja, o aumento ou a redução estão ligados à implementação das ações de busca de casos novos, de descoberta de fonte de infecção precoce”, explica Eliane. Segundo ela, os casos já registrados, mesmo com o crescimento de um ano para o outro, caracterizam uma situação operacional e não epidemiológica.
 
Além das capacitações, o Programa Estadual incentiva os municípios a fazerem uma campanha anual de divulgação dos sinais e sintomas para a população, através das equipes de PSF. “Apoiamos esse tipo de atividade com a distribuição de cartazes e panfletos para serem utilizados nessa época”, informa.

Tratamento
 
A hanseníase é uma doença causada por um micróbio chamado bacilo de Hansen, que atinge a pele e alguns nervos do corpo humano. A transmissão ocorre através da respiração de pessoas que tenham contato íntimo e prolongado. Por esse motivo é que o ambiente familiar propicia o contágio, mas existem pessoas que apresentam resistência ao micróbio e, mesmo morando com um portador da doença, não a adquirem.

É necessário estar atento às manchas esbranquiçadas ou avermelhadas que aparecem na pele. A perda de sensibilidade, formigamentos, áreas dormentes, caroços ou inchaço na pele, principalmente no rosto e nas orelhas, também são motivos para que as pessoas procurem uma unidade básica de saúde. “Quanto mais cedo o caso for diagnosticado, mais eficácia tem o tratamento, que é feito de forma ambulatorial”, lembrou Eliane Nascimento.
 
Quando há a confirmação do caso, o paciente já toma a primeira medicação supervisionada na própria unidade de saúde e depois leva os remédios para tomar em casa durante um mês. No mês seguinte, busca uma nova quantidade até finalizar o tratamento, que dura de seis meses a um ano. “Quando o diagnóstico é tardio, o tratamento pode durar mais e acometer os nervos periféricos como dedos e mãos, causar cegueira e incapacidade física”, informou a técnica, acrescentando que os casos mais complexos são encaminhados para os centros de referência localizados em Aracaju e Itabaiana.

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