Edvaldo Nogueira exalta contribuição de J. Inácio para a divulgação do Estado
“Não estar presente a esta despedida de Inácio é mesmo uma grande tristeza, menor somente do que a perda deste cidadão querido, amigo e visitante que nos deu o privilégio de sermos contemporâneos de um pedaço de sua passagem pela vida”, comenta Edvaldo, ressaltando que decretou três dias de luto em Aracaju. O prefeito não foi ao sepultamento por conta de sua participação, juntamente com o secretário de Governo, Sílvio Santos, na reunião da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).
J. Inácio ficou marcado por seu estilo único. Entre suas maiores fontes de inspiração estavam as garças, jaqueiras e casas de farinha. Segundo Edvaldo Nogueira, Sergipe acaba de perder um grande ser humano e grande divulgador do Estado no cenário cultural brasileiro.
“Sem dúvida é uma perda irreparável. J. Inácio é um ícone das artes plásticas em Sergipe. Um homem humilde, desapegado de bens materiais, que reproduzia na pintura seu modo simples de ver o cotidiano”, lamenta Edvaldo.
José Inácio de Oliveira nasceu no povoado de Bolandeira, município de Arauá, em 1911. Ainda jovem foi estudar na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, de onde, segundo os amigos, fugiu pouco depois e voltou a pé para a capital sergipana.
Homenagem
Senhores familiares de Inácio,
Amigos,
Conheci Inácio na casa de Bosco Rolemberg, quando ele ali pousava para dar tratos a uma coleção de idéias que iam ganhando forma em telas e cores vivas. Vivo ele, entre os meninos, Marquinhos, Joana e Dudu, sob os cuidados de Noélia e Ana Côrtes e o olhar cúmplice do próprio Bosco.
Depois, na casa de seu Adelaido e dona Lourdes, pais de Tânia Soares, pude rever o ritual do pintor, do homem que pintava descuidado.
Quando nasceu Maurício, meu filho, encontrei Inácio e ele me deu as boas vindas ao menino. Três dias depois bate a minha porta e me traz de presente uma lata de leite. Explica: Eu sei que você não tem dinheiro e os amigos devem ajudar.
Era esse o Inácio. Um homem que viveu a vida como quis, do seu jeito, sem deixar que nada, nem ninguém se interpusesse entre o seu sonho e a sua realidade. Como vivem os gênios, que guardam em si a carta de suas condutas e deixa que o mundo se esforce para decifrá-los. Nunca
decifraremos totalmente Inácio. Porque os artistas só se revelam no que fazem. É a arte quem os conta.
E Inácio nos contou de cores, de paisagens, de luz, da vertigem do sol numa folha verde, da displicência de uma garça inventando o dia, e do retorcido das árvores compondo sinfonias para os olhos.
E se há dor nessa despedida a qual não compareço em corpo, também há uma alegria de saber que, já agora, de onde estiver, ele já começa um novo croqui com a cena que nós aqui desenhamos para ele. Rindo, do seu jeito, fazendo a alegoria de outras cores e de outras luzes.
Vai Inácio e nós ficamos tristes e menores sem a sua presença.
De hoje em diante, nenhuma bananeira dessa terra nascerá como antes.
Adeus Inácio.
Edvaldo Nogueira
Prefeito de Aracaju[/vc_column_text][/vc_column]
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