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Eram milhares por todos os cantos da Praça Fausto Cardoso, símbolo da resistência sergipana. Homens, mulheres, idosos e jovens, vindos de todos os cantos do estado, gerações que reconheciam a grandeza daquele homem para o seu povo. Centenas desses saíram em caminhada do Centro da cidade até o aeroporto, acompanhando o seu corpo, num dos gestos mais mágicos que já presenciei.
Naquele dia, lágrimas eram comuns nos rostos em que ele, enquanto gestor, cultivou sorrisos. Sorrisos que eram uma das suas marcas mais expressivas. “Semeador de sorrisos” era um dos seus adjetivos. Aquele 2 de dezembro, que jamais será esquecido, completa três anos.
Poucas capitais brasileiras devem ter visto uma despedida tão bonita e emocionante quanto a do povo sergipano com o maior líder da sua democracia. À época, escrevi um texto em que, dentre outras coisas, disse que “depois de Marcelo Déda, Sergipe só permanece pequeno em extensão territorial”. Eu que escrevi, mas as palavras não eram minhas. Apenas ecoei as vozes de cidadãos e cidadãs que conferiam a Déda o título de melhor Governador da história de Sergipe.
E o sentimento do povo com Déda era também o sentimento de Déda com o seu povo. Tanto que certa vez ele disse: “eu sou o resultado da luta política do meu povo. Sei que sem ele nenhum poder se sustenta, nenhuma legitimidade se constrói, nem o sucesso se edifica”.
Amanhã, no dia em que completam-se três anos da sua partida, impossível não lembrar de Marcelo Déda.  Democrata que era, Déda – e não tenho dúvidas disso – seria uma das principais vozes na denúncia das arbitrariedades dos dias em que vivemos. Percebam como a frase de sua autoria parece ter sido feita para esses tempos: “A democracia não tem donos. Os governadores, presidentes e prefeitos não são monarcas nem déspotas cuja vontade é indiscutível e os objetivos incontestáveis. Somos todos servidores do povo, dele recebemos os votos, dele precisamos para legitimar o exercício do nosso poder”.
Sergipe desejava ver Marcelo Déda ocupando uma cadeira no Senado Federal. E ele não nos causaria arrependimento: seria voz firme na reação ao golpe contra a Presidenta Dilma, nos orgulharia com belos discursos a favor da Democracia, repudiaria o congelamento de investimentos públicos em saúde e educação e expressaria sua capacidade de liderança e articulação política no Congresso Nacional.
Foi-se o ser, mas ficaram as suas ideias e o seu legado. Aracaju, capital do estado, provou isso: a recente eleição do seu companheiro político, Edvaldo Nogueira, e da sua companheira de vida, Eliane Aquino, foi também uma vitória da memória e da história de Marcelo Déda.
Impossível não reconhecer: Déda faz uma falta danada. Não apenas a Sergipe, mas ao Brasil.
Paulo Victor Melo, jornalista. 1 de dezembro de 2016.
*A equipe do Instituto Marcelo Déda agradece ao jornalista Paulo Victor (foto) pelo brilhante texto, ao tempo em que estende o agradecimento a todas as manifestações de carinho e respeito à memória de Marcelo Déda. 
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