Sergipe lança Comitê da Verdade em duas etapas
Um importante passo foi dado em Sergipe nesta quinta-feira, 15, na investigação às violações aos direitos humanos praticados no período da ditadura militar. A secretaria de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania (Sedhuc) realizou, no auditório da Assembleia Legislativo, o encontro do coordenador do Projeto ‘Direito à Memória e à Verdade’ (SDH I Presidência da República), Gilney Viana, com estudantes, professores, militantes perseguidos na época da ditadura, representantes de diversos órgãos do Estado e sociedade civil.
A reunião possibilitou o conhecimento mais aprofundado dos trabalhos que serão desenvolvidos pela Comissão Nacional da Verdade. Além disso, foi destacada a importância da instalação de um Comitê no Estado para subsidiar os trabalhos da Comissão. Foi enfatizada, ainda, a importância de investigar os casos de tortura, assassinatos e desaparecimentos e abrir os arquivos da época do regime militar para que a verdade venha à tona e a democracia avance, dando aos familiares das famílias a possibilidade de fazer a justiça esperada há anos.
Para o secretário de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania, Luiz Eduardo Oliva, a criação de um Comitê possibilitará o avanço da democracia. “Ainda há muitas famílias que vivem o tormento de não saber o que foi feito com os corpos de seus familiares. Esse Comitê servirá para promover um recomeço e proporcionar que a nação acabe com esses fantasmas”, revelou Oliva.
Milton Coelho de Carvalho era militante sindical do Partido Comunista Brasileiro(PCB), e ainda guarda squelas dos tempos da ditadura militar. “Eu fui seqüestrado, preso, torturado. Ainda tenho as marcas das algemas em meus braços e perdi a visão. Apoio esta tentativa do Estado em criar o Comitê, porque os países que o fizeram, avançaram e muito nesta questão”, revela.
O advogado Wellington Mangueira também foi vítima de tortura quando militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Eu fui perseguido e torturado muitas vezes. Não podemos viver como esses atos de crueldade não tivessem acontecido, precisamos fazer justiça. Não o revanchismo que tentam rotular, mas fazer justiça”, conta o advogado.
Implantação do Comitê
A implantação do Comitê da Verdade em Sergipe deverá seguir duas etapas. Na primeira, será feito um relatório geral, com conteúdos que relacionem a época desde a prisão de Seixas Dória até o ano de 1988. Já na segunda, ocorrerá uma investigação envolvendo todos os crimes de tortura.
Gilney Viana ressalta que anteriormente já foram realizadas comissões com o intuito de fazer alguns levantamentos e por isso já existe um acervo muito grande de informações e arquivos com dados sobre perseguições políticas. “A comissão Nacional não vai começar do zero e Sergipe será mais um aliado nosso. Não podemos viver com as seqüelas da ditadura, as famílias não podem conviver com uma dor que não tem fim. A verdade já existe, cada um sabe o que aconteceu, nosso trabalho será de fazer vir à tona esta verdade”, explica o coordenador.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Sergipe lança Comitê da Verdade em duas etapas – Fotos: Marcelle Cristinne/ASN