Sergipe conta com rede monitorada para assistência a doenças cardíacas
Quando a tecnologia está a serviço da ciência, e esta a serviço da vida, muitos são os efeitos positivos para a sociedade. Em Sergipe, a execução de um projeto inovador na área da assistência pré-hospitalar, possibilitado graças às tecnologias de comunicação à distância, ganhou força e chegou até os 13 hospitais públicos geridos pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS). Trata-se da criação de uma rede integrada de monitoramento e assistência a pacientes com doenças cardiovasculares, possibilitada com a consolidação do serviço de Telemedicina.
Com esta rede, o estado tem diminuído significativamente as taxas de mortalidade e as sequelas provocadas por doenças cardíacas, sobretudo os casos de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). “Se levarmos em consideração que as doenças do coração estão entre as que mais matam, superando, inclusive, doenças como o câncer, podemos dizer que se trata de um avanço sem precedentes na área da assistência a doenças cardiovasculares em Sergipe”, avalia o diretor Operacional da FHS, Edvaldo Santos.
Com apenas dois meses de operacionalização, a rede já registrou um aumento de cerca de 800% no número de pacientes “trombolizados”, ou seja, pacientes que tiveram revertidos o diagnóstico de infarto. “Isso se deve ao fato de que agora passamos a operacionalizar uma busca ativa de pacientes que estejam com sintomas relacionados ao infarto. Quando o sistema era restrito ao Samu, conseguíamos, em média, reverter o quadro de um paciente por mês utilizando a medicação trombolítica. Agora, com a rede ativa, registramos só no mês de dezembro oito casos”, explica o diretor Operacional.
O serviço
O serviço funciona mediante a utilização de um kit composto por computador, telefone celular e um software específico para Telemedicina. Conectado à Internet, este sistema possibilita ao médico atendente diagnosticar com precisão os casos de IAM e reverter o quadro do paciente imediatamente, desde que o atendimento seja realizado dentro da “janela terapêutica”, que não deve ultrapassar as seis primeiras horas após surgirem as dores no tórax, consideradas o principal sintoma.
“Assim, independentemente do local onde esteja o paciente, em casa, na rua ou no próprio hospital, ele poderá ter o seu quadro clínico revertido imediatamente com o deslocamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) até o local ou, se ele já estiver no hospital, com a ação do médico emergencista, mediada pelo serviço de Telemedicina”, explica Edvaldo Santos.
Segundo ele, esta reversão é possibilitada graças à evolução farmacêutica das últimas décadas, que permitiu o surgimento de medicamentos como o trombolítico, usado na reversão dos casos de infarto. “Hoje, além das 14 Unidade de Suporte Avançado (USAs) do Samu 192 Sergipe, os 13 hospitais geridos pela rede também estão aptos a diagnosticar e reverter os casos de infarto no próprio local”, destaca Edvaldo, enfatizando ainda que para implantar o serviço em todas as portas de entrada da rede foi necessário capacitar as equipes de saúde de cada unidade.
Rede de monitoramento
Um dos benefícios imediatos proporcionado pela Telemedicina em Sergipe está na geração de uma rede integrada e online para o monitoramento das doenças do coração. No momento em que a Telemedicina é ativada pelo médico, as informações do paciente são enviadas para uma central em Salvador, onde cardiologistas examinam e emitem o diagnóstico preciso.
“Neste mesmo momento, ao retornar a resposta para o médico emergencista, a central também encaminha as informações para um grupo de e-mails. Assim, a superintendência da unidade para onde está sendo transferido o paciente, a superintendência do Samu 192 Sergipe e a Diretoria Operacional da FHS passam a monitorar em tempo real a assistência do paciente. Isso possibilita o acompanhamento de todos casos que surgem de infarto em qualquer parte de Sergipe”, explica Edvaldo.
Benefícios
O principal benefício proporcionado pela nova rede está na diminuição das taxas de mortalidade por infarto agudo do miocárdio. Outra tão importante está na diminuição de sequelas graves. “A insuficiência cardíaca é a principal sequela de casos de infarto. Ela é responsável, ao lado das demais sequelas, pela sobrecarga verificada hoje nos ambulatórios de cardiologia em todo país”, reforça Edvaldo Santos.
Outro aspecto destacado pelo diretor Operacional da FHS está na quantidade de pessoas aposentadas precocemente por conta da doença. “Ao diminuir o percentual de pessoas convivendo com alguma sequela, também diminuímos a quantidade de pessoas que acabam por se aposentar prematuramente, já que, a grande maioria das pessoas acometidas por doenças cardiovasculares estão ainda em sua fase produtiva, ou seja, entre os 40 e 50 anos de idade”.
Números*
Em 1930 as doenças cardiovasculares eram responsáveis por apenas 11,8 % das mortes nas capitais do país. Em 1996 este percentual era de 27,4%. Estudo do Ministério da Saúde aponta que estas doenças, que incluem o infarto e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), mataram cerca de 300 mil pessoas em 2006, quase 30% do total de óbitos registrados em todo país.
* Com informações do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br)
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Sergipe conta com rede monitorada para assistência a doenças cardíacas – Fotos: Bruno César/FHS