Secretário participa de debate sobre cadeia produtiva do leite
O Jornal Cinform promoveu na noite da última terça-feira, 3, em seu auditório, um debate voltado à Bacia Leiteira e sua cadeia produtiva. Reuniu desde o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Sergipe, José Macêdo Sobral e dirigentes das vinculadas à sua pasta, a técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Médicos Veterinários das áreas pública e privada, pesquisadores, presidente de associações de criadores, representantes de instituições financeiras como Banco do Brasil, e Banco do Nordeste, estudantes e jornalistas.
Estabelecidas as regras para o debate pelo mediador Jozailto Lima, diretor de jornalismo do semanário, foram lançados questionamentos, oportunizando a que, cada segmento da cadeia do leite se manifestasse, expondo os pontos de estrangulamento do setor, o processo de crescimento, as questões que envolvem a melhoria do rebanho através da inseminação artificial, como também as preocupações com a alimentação do rebanho e a dependência dos pequenos produtores quanto aos problemas climáticos e alimentar.
Destaque para a interatividade que se estabeleceu entre alguns dos convidados que se manifestaram durante todo o evento e o restante do público, notadamente quando foi colocada a primeira questão, no que tange ao que pode e deve fazer o Estado de Sergipe para ultrapassar os 800 mil litros de leite que produz por dia.
Para o médico veterinário e especialista em inseminação artificial, Ranilson Cavalcante, Sergipe precisa promover um forte trabalho em cima do melhoramento dos animais, assim como um trabalho técnico a nível de produtores, ampliando-se o que já vem acontecendo nas indústrias de laticínios, que naturalmente motiva o processo produtivo. Além do foco na nutrição dos rebanhos e na aplicação de biotecnologia, que deve se estabelecer nas prioridades.
O secretário José Sobral agradeceu ao Cinform por promover um debate aberto e envolvendo os componentes da cadeia produtiva à uma manifestação pública, afirmando que a produção representa apenas um dos elementos da cadeia, e que o governo está plenamente consciente dos desafios, até mesmo por ter contribuído com políticas voltadas ao setor, para que Sergipe, que produzia apenas cinquenta por cento do total do Estado de Alagoas, desse uma forte guinada e conseguisse a quinta colocação na região Nordeste.
Sobral relatou ainda a caminhada para ampliar a produção, através do melhoramento genético, inseminação artificial, manejos de pastagem e adensado, a exemplo do projeto Balde Cheio, com rotação de pasto, cuja ampliação já se efetiva e vem sendo disseminada. “O governo tem investido na massificação da comercialização, focando a produção em parceria com mercado, estímulo prático para quem produz, orientando os produtores a que proponham quando convidados a novos investimentos, que provoquem a assinatura de contratos com o estabelecimento de preços mínimos que garantam o retorno desejado para quem produz”.
O gerente da Empresa Sabe, em implantação em Sergipe, Albésio Gomes, foi enfático ao afirmar que o aumento e sustentabilidade da cadeia produtiva passa necessariamente por uma política comercial. Ele disse que o trabalho da empresa que gerencia é voltado a uma fidelização do criador, passando por uma valorização de quem produz, oportunizando capacitação, uma vez que a empresa objetiva sempre trabalhar com um produto diferenciado, com certas especificações, incidindo, portanto, numa valorização diferenciada, o que torna o produtor parceiro, promovendo cursos de capacitação, instalação de tanques de resfriamento e fornecendo o transporte do leite em veículos dotados de condições. Albésio elogiou a forma de trabalho do secretário José Sobral, dizendo “que ele estava afiado, mostrando ser conhecedor do setor e do mercado local e nacional”.
A pesquisadora Cristiane Sá, da Embrapa, ressaltou a participação daquela empresa pelo conhecimento do setor. Falou dos gargalos da Bacia no Sertão sergipano. Para ela, não basta aumentar somente a quantidade do leite, mas que seja assegurado o retorno ao criador, devendo-se ser levado em conta questões que envolvem a compra de ração durante o estio devendo, assim, agregar outras alternativas que venham ajudar o produtor, representando um retorno econômico, social e ambiental.
Guido Michel, da Cooperativa União da Barra da Onça, localizada em Poço Redondo, falou daquele empreendimento que ajuda 40 pequenos criadores a produzem oito mil litros de leite por dia, comercializado em Canindé do São Francisco, Monte Alegre e Nossa Senhora da Glória. Ele informou que ali se fabrica queijos e lamentou que as prefeituras daqueles municípios próximos não tenham uma política que possibilite fornecer nas escolas o iogurte, excelente alimento que não foi inserido na merenda escolar. “É uma pena, pois seria mais um produto produzido no sertão para o pessoal dos municípios sertanejos, que estimularia desenvolver cada vez melhor o produto, permitindo assim aumentar-se a produção para colocar no mercado em todo o Estado.
O debate prosseguiu entre as partes e o público, incluindo alunos do Instituto Luciano barreto Junior, representado por José Everton Santos Silva, que inquiriu a indústria sobre o acondicionamento do leite, em razão dos variados locais e regiões que o leite é adquirido dos produtores. O gerente Albésio Gomes afirmou que, no caso daquela indústria, o leite a ser colocado no mercado será pasteurizado, num nível de mais elevada do que é comumente é realizado. “Trata-se de uma ultra-pasteurização, cujos resultados permitirão o acondicionamento em caixa, que poderá permanecer por 120 dias na prateleira”, argumentou.
Ainda foi discutida a perspectiva de como se ampliada a produção de leite em Sergipe, tendo em vista a procura pela matéria prima para atender a área industrial, levando-se em conta o volume que passa a ser necessário, centrando as questões e os debatedores no que concerne ultrapassar 800 mil litros diários.
O secretário José Sobral foi prático e assegurou que é possível a ampliação da produção em Sergipe, sinalizando, inclusive, com políticas públicas que maximizem o processo de capacitação dos pequenos criadores, alem de estimulá-los a treinamentos sobre inseminação artificial, disponibilizado pela Emdagro no município de Riachão do Dantas. Ele destacou que o crescimento de uma atividade é determinado pelo mercado, pois este movimenta toda a cadeia produtiva. Mais uma vez elogiou a iniciativa do jornal Cinform, por promover o debate, algo que poderá ser estendido às mais variadas atividades da agropecuária sergipana, fato referendado pelos demais debatedores.
Presenças
Também presentes ao debate estiveram os diretores da Emdagro: Jeferson Feitoza, Salete Dezen e Antonio Bernardo Lima; o diretor de Irrigação da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca; o empresário Arnaldo Dantas, da Associação Sergipana de Criadores de Caprinos e Ovinos (Assco); o pecuarista Geraldo Soares Barreto; o deputado estadual Zézinho Guimarães; e o consultor da Seagri sobre Bacia Leiteira, Orlando Monteiro.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Secretário participa de debate sobre cadeia produtiva do leite – Fotos: Luiz Carlos Lopes Moreira/Seagri