Samu Sergipe alerta para aumento de trotes durante férias escolares

Dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) mostram que nos meses em que as crianças e adolescentes não estão na sala de aula, o número de trotes passados ao Serviço aumenta. Em janeiro deste ano, por exemplo, das 33.617 ligações recebidas na Central do Samu 192 Sergipe, 20.476 não eram verdadeiras, gerando uma demanda falsa de 61%. Já no mês de maio, das 26.409 chamadas, 49% eram trotes, ou seja, 13.018 chamados. Uma queda sensível, que influencia diretamente na prestação de socorro.

A maior parte das ligações é originada a partir de orelhões e telefones móveis. E o que mais chama a atenção dos profissionais é a insistência do chamado ‘falso alarma’. No relatório elaborado pelo Samu 192, dois celulares aparecem em destaque. Um, realizou 54 tentativas somente no dia 16 de abril. O outro repetiu o mesmo gesto 33 vezes no último dia 30 de junho.

Somente no mês de julho de 2007, os dados da unidade apontaram que das 42.806 chamadas recebidas pelo Samu 192, 29.376 eram falsas, resultando num percentual de 68% de trotes. De acordo com a coordenadora de Enfermagem do Samu Sergipe, Conceição Mendonça, este é um índice bastante alto que chega a comprometer o trabalho dos profissionais e prejudicar a saúde daquele que está sofrendo, à espera do serviço.

"Precisamos nos somar nesta luta. Por isso, a importância da colaboração de todos, principalmente dos meios de comunicação que se transformam em parceiros. Nossa expectativa é diminuir os números desta estatística. E para transformar essa meta em realidade, os sergipanos devem estar conscientes de que o 192 é um número criado para salvar vidas", alerta Conceição.

Desperdício

Os trotes têm várias características, que passam pelas formas mais comuns, como o silêncio na linha e o sopro durante a ligação, até xingamentos e comunicações fantasiosas, onde são inventados nomes de pessoas acidentadas e/ou endereços inexistentes. Neste último caso, a equipe de Telefonistas Auxiliares de Regulação Móvel (TARM) consegue identificar a improcedência da ligação, o que em certas situações não impede alguns deslocamentos.

Apesar de treinadas para identificar ligações falsas, as equipes do Samu não conseguem evitar a saída da ambulância em 100% dos casos de trote. Entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram registradas 195 saídas que não geraram atendimento. Uma prática perigosa porque pode impedir o salvamento de verdadeiras vítimas e gera desperdício do dinheiro público.

De acordo com a planilha de custos do Samu 192 Sergipe, a saída de cada viatura de Suporte Avançado (USA), com média de 30 minutos até a chegada num município próximo, representa para a Secretaria de Estado da Saúde (SES) um investimento de aproximadamente R$ 250. Se a cidade for ainda mais distante, com localização superior a uma hora de distância, esse valor chega a triplicar. As cifras em reais correspondem à soma de gastos com combustível, condutor da ambulância, médico, enfermeiro e transporte de equipamentos.

Medidas

O Samu 192 Sergipe adota medidas que visam a punição daqueles que inistem em burlar a lei realizando trotes. A prática é uma contravenção penal prevista no artigo 41 da Lei 3.688, de 3 de outubro de 1941. O coordenador médico do Samu, Clóvis França, informa que vários encaminhamentos através de ofício já foram feitos para a delegacia de defraudações. O Ministério Público do Estado também já tem conhecimento dos relatórios onde aparecem os números de telefones mais freqüentes.

"Estamos fazendo a nossa parte. O próximo passo é a concretização de um projeto pioneiro que vai levar para as escolas, principalmente nos bairros de onde partem muitos registros, um trabalho de conscientização com linguagem própria para as crianças. Sabemos que dentro de casa, os filhos são verdadeiros formadores de opinião. Por isso, é importante começar desde cedo", completa.