Produtores assistidos pela Cohidro reduzem uso de agrotóxicos mais agressivos
Atenta aos riscos dos agrotóxicos para a saúde do homem quer seja produtor ou consumidor, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (Seagri), tem realizado um intensivo trabalho de orientação e assistência técnica entre os produtores dos perímetros irrigados visando à racionalização do uso do defensivo agrícola nas lavouras.
Em apenas um ano foi constatada a redução de 5% no consumo dos agrotóxicos mais agressivos, aqueles com maior nível de toxidade e que causam mais prejuízos à saúde e ao meio ambiente.
Por meio de uma análise realizada com dados obtidos dos receituários agronômicos emitidos pelos técnicos da empresa, é possível observar a redução de 32% para 27% do consumo de agrotóxicos da classe toxicológica mais forte e perigosa. Em contrapartida houve um aumento de 30% para 43% no uso das substâncias mais fracas e menos prejudiciais à saúde e à natureza. O gráfico apresenta um comparativo entre os anos de 2009 e 2010 e mostra claramente a mudança de pensamento do pequeno produtor rural assistido pela companhia.
“Esse resultado representa um trabalho educativo que vem sendo realizado nos perímetros irrigados. Se alguns produtores precisam utilizar o veneno para combater as pragas e doenças, que dêem prioridade àqueles produtos menos tóxicos e prejudiciais e que resolvem o problema do mesmo jeito”, explica Remi Bastos, engenheiro agrônomo da Cohidro responsável pela área de fitossanidade, estudo dos inimigos das plantas e do conjunto das técnicas utilizadas para evitá-los e combatê-los.
O trabalho educativo está dentro do ‘Projeto de Racionalização do Uso de Agrotóxicos’, que teve início em 2007 com a formalização de uma equipe técnica composta por engenheiros agrônomos da Cohidro. Liderados pela gerente de Desenvolvimento Agropecuário, Sônia Loureiro, o projeto segue como uma das prioridades da atual gestão. Paralelamente a ele, é realizado um trabalho voltado para o estímulo à produção orgânica, ou seja, livre de agrotóxicos.
Ações desenvolvidas
As ações da Cohidro tiveram início após um acordo firmado com o Ministério Público Federal em Sergipe e demais órgãos parceiros. Desde então, são desenvolvidas atividades de conscientização sobre o uso do defensivo agrícola. “Realizamos diversas reuniões de sensibilização, capacitações de técnicos e produtores, dias de campo, palestras educativas em escolas municipais, formação de Organizações de Controle Social, elaboração de duas cartilhas explicativas que serão impressas ainda este ano, e em 2011 estamos implantando 99 unidades do sistema PAIS em parceria com o Sebrae nos nossos perímetros, uma importante tecnologia social que estimula a produção livre agrotóxicos”, pontua Loureiro.
Além das ações citadas, a Cohidro, montou unidades demonstrativas para divulgar o uso correto de defensivos no cultivo de hortaliças, capacitou os aplicadores de agrotóxicos sobre os cuidados na aplicação, e promoveu testes de sangue que revelam o nível de contaminação dos trabalhadores rurais por substancias tóxicas, em parceria com a Emdagro e Vigilância Sanitária Estadual.
Para garantir um destino correto aos vasilhames de agrotóxicos, a companhia estimula o descarte dos recipientes na Central de Recebimento de Embalagens Vazias, mantida pela Associação de Revendedores de Defensivos Agrícolas de Sergipe (Ardase) no município de Ribeirópolis. Essas embalagens, que não devem ser reutilizadas após o consumo do produto, são coletadas pela Cohidro nos lotes dos agricultores e encaminhadas à central. Após sofrerem processamento, seguem para São Paulo, onde são recicladas. Desde o início desta ação já foram devolvidas cerca de 4 toneladas de embalagens vazias por meio da Companhia.
Dentre todas as ações, ganha destaque o fortalecimento da emissão de receituários agronômicos, necessários para a compra legal do produto em lojas especializadas. Além de promover a legalidade da compra, os receituários possibilitam calcular estatísticas com as informações contidas neles.
“Os técnicos da Cohidro participaram de uma capacitação em parceria com o Crea/SE, sobre aplicação da receita agronômica. No documento, preenchido por um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola, consta qual praga ou doença está afetando a plantação, qual o produto indicado para fazer o controle e a dosagem correta. Das três vias, uma permanece com a Companhia, outra com o produtor e uma terceira com a loja. Essa ação é importante pois coíbe a venda ilegal do produto, o uso indiscriminado do agrotóxico, e nos permite colher dados precisos sobre os problemas que afetam as lavouras”, afirma João Quintiliano, diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro.
Perímetro Califórnia
Localizado no alto sertão sergipano, mais precisamente na cidade de Canindé do São Francisco, o perímetro Califórnia torna Sergipe um dos maiores produtores de quiabo e goiaba do Brasil. De um total de 2.528 hectares de área plantada com 16 culturas, 1.148 ha são destinados exclusivamente ao cultivo de quiabo e goiaba.
Só em 2010 foram produzidas aproximadamente 17,6 toneladas das duas culturas, mais da metade do total produzido no perímetro naquele ano: 34,5 t. A receita também é proporcional. De 23 milhões de reais que chegaram aos agricultores familiares através da venda dos produtos, R$ 12,3 milhões entraram por meio do quiabo e da goiaba.
No entanto as culturas, que representam mais da metade do faturamento do perímetro, são constantes alvos de pragas e doenças que afetam as plantações e põem em risco a produção, a lucratividade e o trabalho árduo dos produtores. Nestes casos, o uso do agrotóxico se torna indispensável, mas é preciso usá-lo com cautela.
Por isso a Cohidro tem intensificado as atividades educativas, bem como de assistência técnica, no perímetro Califórnia. A região passou por uma recente Fiscalização Preventiva Integrada em Defesa da Bacia Hidrográfica do São Francisco, importante ação do Ministério Público Estadual (MPE) que tem, dentre outros objetivos, o intuito de coibir o uso descontrolado do veneno.
“O perímetro Califórnia é onde se concentra grande parte das ações da Cohidro de controle do uso do agrotóxico. Em pouco mais de 3 anos foram emitidas cerca de 1.075 receituários agronômicos para os produtores daquele local. É um número expressivo e mostra que a companhia está empenhada nesta causa. As receitas garantem a legalidade da compra dos produtos, e que estes sejam adequados e indicados para resolver o problema”, declara Quintiliano.
Para o diretor, a fiscalização do MPE auxilia o trabalho desenvolvido pela Cohidro em Canindé. “É uma ação importante do MPE que vem ajudar o Estado a corrigir eventuais problemas que existam. Esse apoio é importantíssimo na prevenção do contrabando de agrotóxicos, um obstáculo que ainda enfrentamos. O MPE e seus parceiros vão ajudar a coibir esses abusos, além de acentuar a fiscalização junto às empresas autorizadas a vender o produto”, destaca o diretor.
Incentivo à agricultura orgânica
Delfino Batista do Nascimento, pequeno produtor rural do perímetro Piauí, em Lagarto, é exemplo do trabalho de incentivo à produção orgânica da Cohidro. Com o estímulo da companhia, há cerca de dois anos o agricultor destinou uma área de seu lote ao cultivo de alimentos sem agrotóxicos, e hoje se dedica ao plantio e à venda desses produtos em feiras populares e nas Feiras de Agricultura Familiar, promovidas pela Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social (Seides), em parceria com a Cohidro e demais órgãos.
Seu Delfino é bastante conhecido por aqueles que consomem este tipo de alimentação. Para ele, alimento orgânico é a melhor opção para se levar uma vida saudável. “Os produtos que o povo vê nos supermercados nem sempre são os melhores. Com os alimentos orgânicos, a saúde do agricultor e de quem consome fica bem”, destaca o consciente produtor.
“Trabalho de formiguinha”
Para o presidente da Cohidro, Mardoqueu Bodano, as ações da companhia e demais órgãos engajados nessa mesma causa tem levado à diminuição do uso indiscriminado de agrotóxico e ao fortalecimento da produção orgânica no Estado de Sergipe.
“É possível notar que os agricultores estão mais conscientes quanto aos perigos dessas substâncias. Quando existe uma praga ou doença na plantação, ao invés de agir por conta própria, eles procuram os engenheiros da Cohidro, que indicam o melhor tratamento e emitem o receituário para a compra do agrotóxico adequado, se for o caso. É também notável o crescimento da produção orgânica nos perímetros. O trabalho é de formiguinha, já que pretende uma mudança de comportamento e pensamento, mas temos conseguido bons resultados e continuamos otimistas”, declara Bodano.
[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]- Produtores assistidos pela Cohidro reduzem uso de agrotóxicos mais agressivos – Equipe da Cohidro visita produtores orgânicos / Fotos: Ascom/Cohidro