Prefeitura mantém abrigo especial para menores de rua em Aracaju
A casa, cedida pela Sociedade Sergipana de Cultura, entidade filantrópica que auxilia o setor social da Arquidiocese de Aracaju, passou a funcionar em dezembro do ano passado. No espaço, as crianças e os adolescentes que moram ou trabalham nas ruas recebem atendimento psicossocial e orientação pedagógica. “Assim que a criança chega aqui, é feito o seu cadastramento e aí nós desenvolvemos o trabalho específico, de acordo com a necessidade”, diz a responsável pela casa, a assistente social Selma Cavalcanti.
O sistema de atendimento é rotativo, trabalha-se uma turma das 08 às 12 horas e outra das 13h30 às 17h30. Em cada turno, é servido um lanche para a meninada. Os grupos não são fixos, pois algumas crianças vão um dia, depois desistem e retornam semanas depois. O que reflete a falta de disciplina, tão comum no ambiente da rua.
O trabalho com esse público é um processo delicado. Primeiramente, os educadores precisam conquistar sua confiança nas abordagens de rua. Depois disso, começa o processo de orientação, no qual envolvem-se psicólogos, assistentes sociais e pedagogos.
Segundo a secretária de Assistência Social e Cidadania do município, Maria da Conceição Vasconcelos, a Casa de Passagem tem a função de articular e mediar o encaminhamento dos jovens para os diversos programas da prefeitura, assim como para outras instituições que trabalham com crianças e adolescentes. “Os meninos e meninas de rua são prioridade na gestão Marcelo Déda e estamos nos articulando para isso”, afirma a secretária.
A articulação e o intercâmbio com outras instituições são facilitados através da Rede Cidade Criança. Na rede, fica disponível um cadastro de entidades voltadas para o público infanto-juvenil, com o papel de cada organização. O que facilita não apenas trabalhos similares ao do Projeto Meu Caminho, como também esclarece para a população em geral o que pode ser feito em prol das crianças e dos adolescentes.
Direito de ser criança
Vivem nas ruas de Aracaju, cerca de 200 meninos e meninas. O que foi diagnosticado no mapeamento de rua, realizado pela SMASC em agosto do ano passado. São menores que buscam abrigo e, na maioria das vezes, um meio de sobrevivência. O contexto é totalmente adverso ao que se prevê, por lei, para a infância e a juventude.
“Nós tentamos resgatar a infância desses meninos, desenvolvendo atividades pedagógicas de cunho lúdico, sem esquecer da disciplina”, diz a pedagoga do Projeto Meu Caminho, Carmem Góis, que atende na Casa de Passagem.
Todas as quartas-feiras, as crianças que freqüentam a casa vão praticar esportes na quadra do Centro de Apoio integrado à Criança, no bairro Getúlio Vargas. “É o dia que eles mais gostam, fazem a maior festa”, disse o educador social Marcos Antônio Neves, durante a partida de futebol que rolava solta com a garotada. O educador ressaltou a importância da prática de esportes que, além do benefício físico e emocional, desenvolve a disciplina.
Ação continuada
O Projeto Meu Caminho continua com as etapas em que se faz a observação e abordagem dos meninos no ambiente da rua. Nesse trabalho integrado, a Casa de Passagem está sempre atendendo novos casos.
“O problema dos meninos e meninas de rua não tem como ser resolvido de uma hora para outra, como geralmente é cobrado. O processo é desenvolvido em longo prazo e envolve várias etapas”, enfatiza a secretária Maria da Conceição.
Em 2002, a prefeitura, através da SMASC, intensificará a campanha para retirada dos menores das ruas. Para isso já foi definida a parceria com o Ministério Público, Juizado da Infância e da Juventude, conselhos tutelares e a Guarda Municipal. “Foi constatada a exploração do trabalho de crianças e adolescentes, principalmente nos semáforos. Em breve, começaremos a agir nos locais de maior incidência, sem esquecer da lógica de todo o processo de atuação”, adianta Conceição Vasconcelos. Segundo ela, a lógica utilizada é a de muita conversa para conquistar a confiança dos meninos e meninas de rua e de orientação. A meta é encaminhá-los para programas da prefeitura e de outras instituições, demonstrando-lhes que existem outros caminhos.[/vc_column_text][/vc_column]
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- Prefeitura mantém abrigo especial para menores de rua em Aracaju – Agência Aracaju de Notícias fotos: Márcio Dantas