Portadores de transtornos psíquicos recebem tratamento especial em Aracaju
Até o ano de 2001, os usuários com transtornos mentais eram tratados com total exclusão social, tendo à disposição para auxiliá-los no tratamento apenas um manicômio, o Adauto Botelho. Existia também um Caps, mas era privado, e mais duas clínicas psiquiátricas, que também eram particulares.
Com a implementação do projeto Saúde Todo Dia, a partir do ano de 2001, não apenas foi consolidada uma rede de saúde mental no município, como também toda uma filosofia voltada para as necessidades de saúde dessa parcela da população, que de acordo com os números não era tão pequena quanto se imagina. Hoje, a Rede de Atenção Psicossocial é uma das que mais cresce no município e a explicação está no aumento da cobertura, no acompanhamento de pessoas que necessitavam e que não tinham acesso aos serviços, até por que tais serviços nem sequer existiam.
O primeiro passo adotado pela Prefeitura de Aracaju para resolver o problema foi a implementação de cinco Caps no município. Mas além de efetivar os Caps, era necessário ainda um segundo passo para que a Saúde Municipal criasse mecanismos para identificar os usuários que necessitavam do serviço. Como resultado, a Rede de Atenção Psicossocial passou a atuar intimamente ligada à Rede de Atenção à Saúde da Família, identificando os usuários mediante os acolhimentos nas unidades de saúde e com o importante trabalho dos agentes comunitários, em seu trabalho cotidiano de visitas domiciliares.
“A meta principal do Caps é a integração social, o direito à liberdade e cidadania. Esses serviços oferecem acolhimento, vínculo, responsabilização e produção de autonomia”, detalha a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial, Ana Raquel Santiago.
Atualmente, a rede de Saúde Mental de Aracaju é composta por cinco Caps, sendo que dois deles funcionam 24 horas, três ambulatórios de referência dentro do Programa Saúde da Família (PSF), que estão preparados para atender usuários com esse tipo de transtorno, e mais uma Urgência Psiquiátrica, primeira no estado, que funciona no Hospital São José.
Nova concepção
A meta principal do Caps é a integração social, o direito à liberdade e cidadania. Situando-se fora do manicômio, os Caps oferecem acolhimento, vínculo, responsabilização e produção de autonomia. Por meio de atividades terapêuticas, individual e em grupo, atividades externas, como passeios e outros eventos, e oficinas de reabilitação, com atividades culturais e esportivas, os Caps se constituem como importantes centros para inclusão social de indivíduos com transtornos mentais.
A Rede conta ainda com quatro residências terapêuticas em Aracaju, destinadas a receber usuários com internações de longa permanência, que fazem parte do programa de desospitalização do município de Aracaju, realizado junto ao Hospital Garcia Moreno. A proposta do programa é de investir na possibilidade de inserção social do portador de transtornos psíquicos. Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contam com suporte familiar e social suficiente para garantir espaço de moradia.
“O mais importante neste processo é a concepção ampliada de saúde que ele proporciona. É quebrando preconceitos e paradigmas que nós ampliamos o cuidado dentro do território e produzimos autonomia para o usuário”, avalia a supervisora da Rede, Suelly Matos.
Luta Antimanicomial
Os transtornos mentais, diferentemente das outras doenças que atingem o corpo, não conseguem ser devidamente tratados no isolamento dos manicômios e dos hospícios. A atitude de internar o portador de transtorno mental aumenta a intensidade do problema ou faz com que se torne mais crônico, mais resistente às intervenções terapêuticas.
Em Aracaju, a luta para a diminuição de internamento através dos Caps se tornou caso de saúde pública com a atual gestão da Prefeitura Municipal. Nesse sentido, a SMS abraçou a causa e investe cada vez mais no programa de Saúde Mental com o objetivo de resgatar a cidadania do usuário com distúrbio psíquico.
Desde o ano de 2001, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem investindo na diminuição dos internamentos desses pacientes, chegando a uma redução de 30%. Também foi criada no município a primeira urgência psiquiátrica, que conta com 16 leitos no Hospital São José. Além da implementação de leitos de psiquiatria em hospitais gerais, como também aconteceu no Hospital Universitário.[/vc_column_text][/vc_column] [vc_column width=”1/3″][vc_column_text]
- Portadores de transtornos psíquicos recebem tratamento especial em Aracaju – Fotos: Ascom/SMS