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No início do século XVII, surgiu um novo gênero artístico na Itália, que elencava teatro e música de uma maneira grandiosa. Para denominar este novo gênero, escolheu-se o nome ‘ópera’, que em latim e italiano significa ‘obras’. Após três séculos do seu surgimento, eis que a ópera chega a Sergipe, de uma maneira tão grandiosa quanto a sua criação.

A Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse), sob a direção artística do maestro Guilherme Mannis, com o apoio do Governo do Estado – através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) – e o patrocínio do Instituto Banese, montou, pela primeira vez no estado, uma das mais famosas óperas de todos os tempos: Aída, do italiano Giuseppe Verdi.

O marco na cultura sergipana aconteceu na noite desta quinta-feira, 20, no Teatro Tobias Barreto. Para a realização da Ópera Aída em Sergipe, diversos agrupamentos musicais foram integrados, tais como a Lira Sancristovense João Batista Prado, sob a regência do maestro Furtunato Silva, o Coro Sinfônico da Orsse, e o Coro Masculino da Primeira Igreja Batista.

Para a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, a integração desses grupos tem um papel importante para a música sergipana, que é o de intercâmbio de experiência e conhecimento. “O espetáculo Aída é uma prova da maturidade da orquestra sinfônica, e do esforço de todo o grupo, sobretudo do maestro Guilherme Mannis, em trazer e montar em Sergipe, uma ópera que é um dos grandes clássicos de Verdi. Essa montagem tem alguns aspectos que precisam ser considerados, como o exercício de pesquisa que foi feito ao selecionar o elenco para esta noite, e o diálogo e intercâmbio que a nossa orquestra realiza com grupos tradicionais, a exemplo da Lira Sancristovense, detalhes esses que contribuíram para a realização e o sucesso da ópera  Essa foi, definitivamente, uma noite marcante dentro da temporada 2010”, ressaltou Eloísa.

Segundo o maestro Guilherme Mannis, a realização da Ópera é apenas mais um projeto conquistado pela Orsse, e que outros grandes projetos ainda estão por vir. “A ópera é a semente para outras produções desse tipo. A quantidade de pessoas presentes nesse evento só demonstra que o estado tem todo o potencial para receber não só produções em forma de concerto, como também produções encenadas. A temporada 2010 ainda guarda muitos outros momentos de sucesso como esst”, declarou o maestro.

A Ópera

Aída é uma ópera em quatro atos com música de Giuseppe Verdi e libreto de Antonio Ghislazoni. Sua estreia mundial aconteceu na Casa da Ópera do Cairo, em dezembro de 1871. Esta obra foi encomendada a pedido do vice-rei do Egito, Ismail Pashá, para a comemoração da abertura do canal de Suez, e conta uma bela e sofrida história de amor.

A narrativa relata a saga de um jovem comandante egípcio, Radamés, que liderou as tropas do faraó numa guerra contra a Etiópia, e de duas mulheres: Aída e Amneris. Aída é filha de Amonasro, rei da Etiópia, e vive como escrava na corte egípcia. Amneris é a princesa egípcia, que vive rodeada de luxo e de escravas, entre elas, Aída. Em comum, sentem amor pelo jovem Radamés.

O faraó egípcio oferece a mão da sua filha ao jovem, como reconhecimento pela sua vitória. Contudo, para surpresa de todos, ele prefere Aída. Esta escolha faz com que deixe de ser considerado herói e passe a traidor e, como tal, é condenado à morte. Ele é enviado para uma cripta fechada onde deverá esperar sua execução. Lá encontra Aída, que decide partilhar desses momentos junto a ele.

Toda ópera segue uma programação padrão – que consiste em duas partes principais – e na realização de Aída em Sergipe não foi diferente. Na primeira parte, ou abertura, a orquestra tocou uma música do repertório de Verdi. Em seguida, houve o recitativo, onde os músicos (e atores) dialogaram de maneira cantada.

Para encenar esta grande história, foram convidados grandes nomes do cenário lírico nacional, como Elayne Casehr, Davi Marcondes, Marcelo Vanucci, Regina Elena Mesquita, Saulo Javan e Martha Herr, além dos talentosos solistas sergipanos Cláudio Alexandre e Jônatas Matias.

Para Cláudio Alexandre, que representou o rei da Etiópia e pai de Aída, a oportunidade de representar um papel tão importante é única. “Eu estou muito feliz de ter sido convidado para um papel tão importante, pois essa foi uma grande experiência, uma oportunidade única na vida de um artista, principalmente por poder encenar um grande papel, no lugar em que vivo”, comemorou o solista.

A mezzo-soprano e solista, Regina Elena Mesquita, que representou Amneris, retornou a Sergipe para mais um trabalho em parceria com a Orsse. A cantora – que se apresentou com o grupo em novembro do ano passado – tem se destacado, ao longo sua brilhante carreira, em consistentes interpretações nos principais papéis dos repertórios sinfônico e operístico, bem como em importantes recitais de música de câmara. “Realizar uma ópera é algo muito difícil e trabalhoso. O que eu vi aqui foram pessoas talentosas, engajadas e determinadas a realizar um feito inédito no estado, que resultou em um sucesso de apresentação e de público”, afirmou a atual coordenadora do Estúdio Ópera da Escola Municipal de Música de São Paulo.

A personagem de Aída foi representada por outro grande nome do cenário lírico nacional, Elayne Casehr. Natural de Goiânia, a soprano atualmente integra o Coral Lírico do Teatro Municipal de São Paulo e esteve em Aracaju pela primeira vez. “É a primeira vez que canto na Orsse, e posso afirmar que esse é um grande grupo e foi um enorme prazer cantar num evento inédito, e tão grandioso que foi a ópera de hoje”, disse.

Plateia

A Orquestra Sinfônica de Sergipe tem consolidado seu trabalho a cada temporada realizada, prova disso foi a grande quantidade de pessoas, que ultrapassou a lotação do teatro para conferir de perto a apresentação inédita do grupo.

“Eu venho aos concertos da Orsse sempre que posso, mas a ópera de hoje foi singular. O elenco foi muito bem escolhido, e o mais importante é que a música erudita em Sergipe está sendo democratizada e levada à população de maneira extremamente acessível. A apresentação de hoje foi um ganho para o grupo, para a música, mas principalmente, foi um ganho para o público”, comentou a pedagoga Élida Braga.

Para o engenheiro elétrico Arnaldo Aragão de Oliveira, a proposta de democratizar o acesso à música erudita é um grande feito da Orsse e tem dado certo. “Assistir aos concertos da Orsse já faz parte da minha rotina há muito tempo. Eu gosto muito e venho sempre às apresentações do teatro, mas também assisto às apresentações fora dele, como as do parque da Sementeira e da Catedral, que são sempre bonitas. A apresentação de hoje foi surpreendente, e é mais um motivo para que o público sergipano continue valorizando aquilo que é da nossa terra, além disso, o acesso às apresentações é mais um ponto positivo para o grupo e para o público”, afirmou. 

Em meio à plateia, assistia atento, uma das maiores referências em regência no Brasil, o maestro paulistano Isaac Karabtchevsky. Diretor musical da Orchestre National des Pays de la Loire, na França, e diretor artístico e regente titular da Orquestra Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro, e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, no Brasil, Isaac Karabtchevsky regerá a Orsse hoje à noite, 21, na inauguração do Palácio-Museu Olímpio Campos, e foi conferir de perto a atuação surpreendente do grupo.

“O maestro Mannis está fazendo um trabalho excepcional, não só no sentido de resgatar a orquestra e torná-la um organismo importante que dá visibilidade ao estado, pois através da qualidade dessa orquestra, o nome de Sergipe ligado à música vai se fazer sentir em todos os rincões desse país. Esse é um trabalho pioneiro, e o teatro está lotado, o que prova que a orquestra tem uma relação mútua com a população, e o fato de a plateia estar presente demonstra o interesse e a sensibilidade que o sergipano possui em relação à música”, concluiu Isaac.

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