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No final de 2011, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica (Fapitec/SE), criou o Núcleo de Apoio à Pesquisa para a Cultura (Napec/Secult), estabelecendo assim um projeto que beneficia, especificamente, a pesquisa acadêmica na área da cultura através de editais. Cada projeto recebeu R$ 30 mil para a execução do trabalho.

Passado alguns meses da divulgação do primeiro edital, que selecionou cinco projetos de pesquisa em diferentes áreas da cultura, os trabalhos começam a ganhar força. Por isso, a partir dessa quarta-feira, 28, será publicado no site oficial da Secult, semanalmente, uma série de reportagens sobre as pesquisas do Napec.

A primeira delas é a que trata sobre uma comunidade quilombola do interior do estado, executada pela pesquisadora Dinamara Feldens. Intitulado ‘Quilombola: aratu, história e cultura no interior de Sergipe’, o projeto atua em uma comunidade do município de Santa Luzia do Itanhi, chamada Rua da Palha.

Através de uma pesquisa qualitativa e de história oral, o projeto propõe fazer um estudo acerca de questões históricas e culturais da comunidade quilombola da Rua da Palha, compreendendo e estudando os processos de produção da identidade cultural e da história local. A pesquisa tem como foco o resgate da história deste quilombola e dos símbolos culturais e ritualísticos, tendo como foco a preservação da cultura imaterial. Ao final da pesquisa, o material será registrado através de um vídeo-documentário e da organização e publicação de um livro.

Segundo a pesquisadora Dinamara Feldens, a idéia do projeto surgiu a partir da necessidade de fazer com que aquela cultura, tão desconhecida e esquecida, passasse a ser reconhecida e assim preservada. Ela explica que conheceu a comunidade através de uma palestra, onde ficou sabendo que as catadoras de aratu daquela região cantavam para pegar o crustáceo. “Achei aquilo maravilhoso e fui lá conhecer”, contextualiza.

“Estou na comunidade da Rua da Palha há três anos, e quando cheguei lá percebi que eles nem sabiam que ali era uma comunidade quilombola, que eles tinham direitos, e muito como exercê-los. Foi quando pensei: ‘alguém precisa escrever alguma coisa sobre como historicamente e culturalmente essa comunidade se formou’”, lembra a pesquisadora.

Mais tarde, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) abriu um edital especial que juntava comunidade rural, negra e mulheres, que encaixava com o trabalho que a pesquisadora havia pensado para ser desenvolvido naquela comunidade.

“Foi a oportunidade que eu esperava para dar início ao projeto. Apresentei, fui aprovada e dei início a esse trabalho. Quando abriu esse edital da Fapitec, participei da seleção para assim focar mais a pesquisa na área cultural”, completa.

O andamento do trabalho

Dinamara conta que através do Edital do CNPq conseguiu contratar uma equipe grande para realizar o vídeo e escrever o livro, e ao ser selecionada pelo projeto da Fapitec, continuou dar andamento ao projeto podendo enriquecê-lo ainda mais.

“As filmagens acontecem há quase dois anos. Temos depoimentos, histórias de vida e imagens muito bacanas e que vão render um trabalho muito bom, de cerca de 30 a 40 minutos”, observa.

Porém, além do documentário, a pesquisadora publicará um livro ao fim do projeto, retratando de forma mais ampla, a vida quotidiana dessas pessoas e a importância dessa pequena comunidade na formação da identidade brasileira.

“Eu e mais duas pessoas que já trabalham com escrita de mulheres, já estamos escrevendo esse livro. O objetivo é finalizar o documentário até dezembro deste ano, e o livro até março de 2013”, esclarece.

A importância do Napec/Secult

O Núcleo de Apoio à Pesquisa para a Cultura (Napec/Secult), surgiu através de um termo de parceria entre as Secretarias de Estado da Cultura (Secult) e do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sedetec), através da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica (Fapitec/SE).

O termo consiste na implementação de ações conjuntas, inclusive através de editais, que assegurem a realização de estudos e pesquisas aplicadas ao Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais, Economia da Cultura, Cadeias Produtivas da Cultura e Economia Criativa, principalmente  a respeito de temas relacionados às políticas públicas de Cultura no estado de Sergipe. Através do termo, está sendo possível que pesquisadores e estudiosos tenham um incentivo a mais na hora de analisar temas relevantes à cultura sergipana.

Além do projeto da pesquisadora Dinamara Feldens, foram contemplados no primeiro edital os projetos ‘A musealização do patrimônio arqueológico em Sergipe: um estudo sobre endosso institucional e gestão de acervos coletados’, da pesquisadora Elizabete de Castro Mendonça; ‘Rede Integrada de Pontos de Cultura de Sergipe’, sob coordenação de Manuela Ramos da Silva; ‘Cooperação descentralizada na grande Aracaju’, de Tereza Cristina Nascimento França e ‘Economia Política da Música em Sergipe: trabalho, tecnologia e mercado’, de Verlane Aragão Santos.

“Estamos começando a colher os frutos dessa parceria. Os projetos contemplados pelo edital estão começando a ganhar forma e se concretizar. Ao final do tempo de execução do projeto, teremos dados mais concretos para a elaboração do Sistema Estadual de Informações e Indicadores Culturais”, argumenta a secretária de Estado da Cultura, Eloisa Galdino.

A pesquisadora Dinamara Feldens defende que, de maneira geral, a política de editais para pesquisa na área de cultura é muito importante e comemora que ela tenha se intensificado nos últimos oito anos, com o então Governo Lula e agora com o Governo Dilma.

“Sergipe é um dos estados mais antigos do país e que tem uma história riquíssima para ser pesquisada, mas é que ainda não foi contata, a não ser pelos poucos e históricos pesquisadores como Maria Thetis Nunes e Luiz Antônio Barreto, que se dedicavam a essas descobertas”, destaca.

Para ela, através desses editais,  a história tradicionalmente pensada via documento dá lugar a historia que é trazida pela memória e pela oralidade, uma história mais viva, que está ligada o tempo inteiro com a cultura.

“Essa história o documento não resgata. E é esse tipo de edital que vai oferecer as futuras gerações que essa historia venha a tona”, complementa.

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